sábado, 2 de abril de 2011

Tsunami atleticano

Não quero me passar por Mãe Dináh, mas a confusão instalada nas últimas semanas no Atlético já era prevista. Em 28 de fevereiro, um dia após o time sofrer a primeira derrota na temporada, 2 a 1 para o América, questionei no meu Twitter o por quê Dorival Júnior tomava certas decisões.

Jogadores demorando para entrar em forma; outros que não tinham condições de entrar jogando, mas entravam; e alegações de que atletas ainda estavam em recuperação física e por isso não podiam atuar, não eram desculpas plausíveis para se dar. O time teve muito tempo para se preparar fisicamente e, definitivamente, esta não poderia ser a melhor explicação para a não escalação de alguns jogadores.

Estava na cara que as atitudes de Dorival incomodariam alguns jogadores. Respeito o técnico e acho que é um grande profissional. Mas na minha humilde opinião, as atitudes de Dorival é que foram responsáveis pela crise instalada.



O técnico montou o time no início do ano e não contava com as saídas de Obina e Diego Souza. Mesmo assim montou o time e venceu as cinco primeiras partidas do ano. Veio a venda de Diego Tardelli e com ela o treinador também não contava. Ficou desorientado. Isso não foi culpa dele. Reconheço.

Mas colocar o Mancini durante os jogos para ganhar ritmo de jogo e preterir o Diego Souza não entrava na minha cabeça. Como é que o jogador vai conseguir entrar em forma se não atuar nem que sejam 30 minutos? Como explicar para os outros jogadores a insistência e tanta paciência com Renan Oliveira e Ricardo Bueno, enquanto não se tem o mesmo tratamento com Magno Alves, Jobson, Diego Souza e Daniel Carvalho?

Magno Alves foi sacado do time porque não obedecia às instruções do treinador. Mas “O Magnata” estava jogando bem e até fazendo gols, o que Ricardo Bueno não fazia e ainda atuava mal. Daniel Carvalho vive brigando com a balança, mas não tem oportunidade. Que Dorival coloque o meia-atacante para mostrar que ele não tem condições físicas ainda de jogar.



Hoje, Dorival tem pouco mais de 69% de aproveitamento dirigindo o Atlético. Este ano, venceu o clássico contra o Cruzeiro e em 11 jogos, ganhou sete, empatou dois e perdeu dois. São números bons. Porém um treinador não vive de resultados, como muitos dizem. Eles “sobrevivem” de atitudes. É o trabalho do dia a dia no relacionamento com imprensa e jogadores que é avaliado. E no trato com jogadores Dorival não se deu bem.

Após as saídas de Obina, Tardelli, Diego Souza, Jobson, Ricardinho e Zé Luís, e as chegadas de apenas dois reforços, os Guilhermes (o lateral-esquerdo e o atacante) o que irá fazer Dorival para remontar o elenco atleticano para o Campeonato Brasileiro? Contratações virão, mas serão de qualidade para suprir as saídas?

As inscrições para o Mineiro estão encerradas e eu não creio que o time esteja preparado para seguir longe na Copa do Brasil depois dos últimos acontecimentos. Será que Ricardinho e Zé Luís eram as “maçãs podres” e que agora tudo irá melhorar? Não acredito. Daniel Carvalho que fique esperto, pois poderá ser o próximo.



Penso que Dorival não soube lidar com as “estrelas” do elenco. Digo estrelas entre aspas porque muitos ali se consideram como tal, mas na verdade não são. Já foram ótimos atletas no passado, mas agora não são mais.

Aliás, este é um problema grave no Atlético: contratar jogadores que atuaram bem no passado, mas que no presente ostentam somente o nome e que, na verdade, passam por fase de recuperação técnica e física. Se quiser almejar títulos, o clube deve repensar os métodos de contratação e deixar de ser Casa de Recuperação.