segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Interesses por trás de títulos

Foto: Futebol para Meninas/Lance!
por Fábio Rocha

“Pra mim não muda nada, pois sempre me considerei Campeão Brasileiro”. A frase foi dita por dois mágicos da bola: Tostão e Zico. Além de terem sido grandes jogadores e ídolos nos times em que jogaram, ambos sabem agir e se expressar.

No final do ano passado, o ex-craque cruzeirense não estava nem aí para o reconhecimento da CBF para o título da Taça Brasil de 1966 e, inclusive, não compareceu à festa concedida pelo Cruzeiro aos jogadores da época.

Agora, com o “decreto de lei” do título Brasileiro de 1987 para Flamengo e Sport, o Galinho acompanhou o pensamento racional de Tostão e afirmou que a “canetada” de Ricardo Teixeira não mudará em nada sua vida. Zico e Tostão estão certos. Quem foi campeão sabe da importância do título independentemente do reconhecimento de alguém.

A consideração dos títulos antigos reflete a total falta de credibilidade do mandatário-mor da CBF. Há anos, RT (atenção tuiteiros: significa Ricardo Teixeira) negou reconhecer como Campeonato Brasileiro os títulos do torneio Roberto Gomes Pedrosa e da Taça Brasil, assim como o Flamengo ser, ao lado do Sport, o Campeão Brasileiro de 1987.

De um dia para o outro resolveu acatar os títulos de 1959 a 1970 como Brasileirão para abafar escândalos envolvendo seu nome na Fifa, mas insistia em negar o reconhecimento do Fla campeão da Taça (des)União de 87. Porém, novos interesses fizeram RT voltar atrás e dar o título ao Mengão. O interesse maior é rachar o Clube dos 13, que inclusive já tentou, sem sucesso, criar uma Liga de Futebol independente da entidade de Teixeira.

Esse é o sujeito que comanda a (des)organização da próxima Copa do Mundo. Se a CBF também fosse responsável pelo Mundial de 2014, correríamos o risco de a seleção campeã só ser reconhecida daqui a trinta anos... mas, claro, se fosse de interesse dela.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Semelhança entre artilheiros

por Fábio Rocha

Guilherme de Cássio Alves e Valdir de Moraes Filho, mais conhecido como Valdir "Bigode". Dois jogadores que marcaram época em um mesmo clube. Mas que história liga estes dois artilheiros que estão rumo a um novo caminho na carreira?

Ambos foram ídolos no Atlético, além de terem jogado por Vasco, São Paulo e Botafogo. Os dois tiveram como companheiro de ataque o "garçom" Marques que, para muitos, fez a fama deles no Galo. Um sucedeu o outro no Atlético. Valdir saiu em 1998 e, no segundo semestre de 1999, Guilherme chegou para suprir a lacuna no ataque alvinegro. Em 2003, eles foram ganhar dinheiro no Oriente Médio. Guilherme jogou no Al-Ittihad, da Arábia Saudita, e Valdir decidiu ir para o Al-Nasr, dos Emirados Árabes.

Já o ano de 2007 foi decisivo. Ambos encerraram a carreira de jogador profissional por causa de seguidas lesões. Logo em seguida, Guilherme foi convidado pelo Marília para ser auxiliar-técnico e Valdir decidiu estudar para ser treinador.


Juntos, Guilherme (esq.) e Valdir (dir.) marcaram 196 gols pelo Atlético

E vocês devem estar se perguntando: mas Guilherme e Valdir não chegaram a jogar juntos? Sim e pelo Atlético. Eles se encontraram nos anos 2000 e 2001, quando atuaram ao lado de Marques. Porém o trio não deu certo. Na sua segunda passagem, Valdir não conseguiu repetir a boa forma, marcando apenas um gol.

Agora os artilheiros decidiram seguir o mesmo caminho: ser técnico. Após realizar estágios com Adílson Batista e Vanderlei Luxemburgo, Guilherme iniciou este ano a nova carreira e foi anunciado como novo treinador do Ipatinga para a disputa do Campeonato Mineiro e da Série C do Brasileiro.

Valdir começou como técnico em 2010, no Campo Grande (RJ), e este ano foi contratado pela Associação Desportiva Itaboraí, que irá disputar a 3ª divisão do Campeonato Carioca. Ex-atacantes não têm fama de serem bons treinadores no Brasil. Porém, toda regra tem sua exceção: Renato Gaúcho. Vamos ver se a carreira vitoriosa como goleadores se repetirá ali no banco de reservas, mais precisamente na área técnica.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Lá não é como cá

por Fábio Rocha

No próximo dia 22, o técnico campeão de tudo com o Barcelona na temporada 2008/2009, Josep Guardiola, irá renovar seu contrato, que terminaria em junho deste ano, por apenas mais uma temporada. Uma notícia interessante para nós brasileiros que assistimos a todo o momento treinadores "meia-boca" terem seus vínculos prolongados com clubes grandes por dois ou três anos. Mostra a visão de futuro dos espanhóis. Se a equipe começar a cair de rendimento, a rescisão com o treinador não irá custar tão caro para o clube. Vale lembrar que no meio de 2010, o Barcelona havia renovado com Guardiola pelo mesmo período.

O interessante é que três dias antes de acertar verbalmente a renovação com o time catalão, Guardiola recebeu uma proposta astronômica da Federação de Futebol do Qatar: 20 milhões de euros por ano, cerca de 45,5 milhões de reais, para dirigir a Seleção do país visando a Copa do Mundo de 2022. Só para se ter uma ideia da grana, o valor é, aproximadamente, quanto Messi e Cristiano Ronaldo ganham juntos por ano.


Guardiola optou por ficar no Barça e nem quis comentar proposta
milionária da Seleção do Qatar (Foto: Alessandra Tarantino/AP)

Pep Guardiola não quis trocar o certo pelo duvidoso – ou melhor, pelo o que iria dar errado mesmo – e nem quis comentar a sondagem dos xeques do Qatar. Fez certo, pois lá a sua carreira iria desaparecer dos holofotes da Europa e clubes como Manchester United e Chelsea – que ainda se interessam por ele – poderiam se esquecer da existência do técnico.

Atitude muito diferente dos técnicos brasileiros que aceitam “sumir do mapa” indo treinar equipes do Oriente Médio e países afins por um valor bem mais modesto que o oferecido a Guardiola. Os brasileiros alegam a independência financeira. Mas isso não é tudo.

Pra mim, técnico bom de serviço – o que não é enganador – assim também como o jogador, tem que pensar na carreira. Fazendo um bom trabalho em grandes equipes, o sucesso é maior e o dinheiro também, alcançando novos contratos e mais visibilidade. Ou será que um treinador hexacampeão nacional pelo Al Alhi, pentacampeão pelo Al Gharafa e bicampeão pelo Bunyodkor é visto com bons olhos pelo grande mercado do futebol na hora de contratá-los?

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Profissionais ensinam Estudantes


por Fábio Rocha

Um passeio. Uma aula dentro das quatro linhas. Na goleada por 5 a 0, pela abertura da fase de grupos da Copa Libertadores, os jogadores do Cruzeiro relegaram os argentinos à categoria de estudantes no futebol. O time celeste atuou com objetividade e a maior posse de bola do Estudiantes não refletia em nada.

Claro que a derrota no clássico contra o Atlético foi fundamental para as mudanças promovidas por Cuca, que armou o time com três significativas alterações: Gilberto na lateral-esquerda, Roger no meio e Wallyson no ataque no lugar do então insubstituível Thiago Ribeiro.

Deu certo. O time ficou leve e muito mais rápido nas armações das jogadas. Se a proposta dos “Estudantes” era segurar o jogo no início, não funcionou. O gol de Wallyson logo aos 50 segundos desmontou a estratégia argentina e o jogo fluiu mais fácil.

Lógico que o Cruzeiro irá se classificar no grupo 7. A equipe é a melhor da chave, porém os torcedores não podem se iludir com o resultado atípico. Nem sempre as jogadas vão se encaixar como no jogo de ontem. Mas, pelo menos, o Cruzeiro tirou o peso do algoz da final da Libertadores de 2009 da melhor forma possível: ensinando aos estudantes como jogar futebol.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Memória curta

por Fábio Rocha

Exatamente no dia de hoje faz quatro anos da partida entre Villa Nova e Cruzeiro no estádio Castor Cifuentes, pelo Campeonato Mineiro de 2007 em que o Leão vencia por 2 a 1 até os 49 minutos do segundo tempo quando a Raposa empatou com Nenê. Creio que boa parte dos leitores não se lembra disso, mas tem guardado na memória a pancadaria geral entre torcedores dos dois times e a Polícia Militar. Um despreparo total da PM que abusou da autoridade e machucou muita gente.


PMs invadiram as arquibancadas para contornar o tumulto
dos torcedores (foto: Carlos Roberto - Jornal Hoje em Dia)

Em 2009, a violência se repetiu nos arredores do estádio no encontro das duas equipes pelo Estadual. Desta vez, duas facções da Máfia Azul se enfrentaram nas ruas com pedaços de madeira e pedras obrigando os comerciantes a fecharem as portas dos estabelecimentos.

No primeiro episódio, o Alçapão do Bonfim foi interditado por falta de segurança e lembro-me muito bem que a toda a imprensa criticou bastante as condições do estádio (tanto para a torcida quanto para os profissionais que trabalham nos jogos). Ficaram de dois a três dias falando dos acontecimentos (só não se falou a semana inteira porque tinha clássico Atlético x Cruzeiro no final de semana seguinte).

No meio de tantos assuntos, recordo também que foi levantada a possibilidade de demolição do atual estádio do Villa para a construção de outro mais moderno. Vários jornalistas deram apoio total e condenaram o velho Alçapão, dizendo que o acesso ao estádio era precário, não oferecia estacionamento, que Nova Lima já merecia uma Arena à altura do time da cidade e o local não favorecia o trabalho da imprensa porque era tudo muito apertado etc, etc, etc.

O terreno para a construção do novo estádio já estava definido e seria no bairro Cabeceiras, à esquerda de quem chega a Nova Lima pelo primeiro trevo de acesso. Com 80 mil metros quadrados, o terreno foi doado pela mineradora AngloGold Ashanti. A prefeitura da cidade seria a responsável pela construção da nova Arena que foi orçada em R$ 15 milhões: R$ 10 milhões viriam do Governo Federal e R$ 5 milhões do município. Olhando o projeto creio que o valor não seria suficiente, mas os números divulgados foram estes.


Novo estádio teria capacidade para 20 mil pessoas assentadas

Os anos se passaram e a construção do estádio ficou apenas na promessa. Em entrevista ao site do Villa Nova, em junho de 2007, o então presidente do clube João Bosco Pessoa cravou: “o processo de licitação deve sair provavelmente em agosto, a partir desse período vem as chuvas podendo atrasar as obras um pouco. Mas acredito que em meados de setembro e outubro estreiamos em nosso estádio disputando a série B do Brasileiro que é nosso objetivo”.

Um pouco antes, em abril de 2007, Carlos Roberto Rodrigues, prefeito de Nova Lima e que ainda está no cargo, previa o término da construção para comemorar o centenário do Leão, em 2008. “Estamos prevendo a finalização das obras no meio do ano que vem. Ano em que o Villa Nova completa 100 anos. Será um belo presente para a torcida villanovense”, prometeu o prefeito.

Com design moderno, o estádio contaria com restaurantes e estacionamentos

Este ano a história mudou. No final de janeiro a prefeitura da cidade e a diretoria do Villa projetam algo menos ousado: uma reforma e ampliação do Castor Cifuentes. Entre as mudanças, a principal será a elevação do gramado em cinco metros e a ampliação de seu dimensionamento (104m x 66m). Também está prevista a construção de um novo lance de arquibancadas próximo às cabines de imprensa.

Segundo a assessoria do Villa, o município será responsável pelas obras e o prefeito Carlos Rodrigues elogiou o projeto. (É... assim como também havia elogiado o projeto do novo estádio). E segundo o diretor de futebol, Nélio Aurélio, a obra deve custar em torno de R$ 10 milhões, em uma avaliação inicial.

Pois bem. Mais um jogo se aproxima e no mesmo estádio, envolvendo Villa Nova e Cruzeiro. A diretoria do Villa e as PMs de Belo Horizonte e Nova Lima aumentaram o esquema de segurança e o efetivo de policiais.

No entanto, não ouvi ninguém da imprensa reclamando das condições do estádio e cobrando a nova Arena do Leão, prometida desde 2007, quando aconteceu a confusão entre PM e torcidas. Resta-nos aguardar essa reforma do velho Alçapão. Para quando? Não sei. Talvez seja o mesmo prazo para a conclusão do novo (?) estádio.

Esse é o Brasil... país de memória curta.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Só mesmo o Brasileiro

por Fábio Rocha

Quando se fala em futebol arte, logo pensamos no Brasil. O pioneiro deste estilo de jogo no país foi Garrincha. Os dribles desconcertantes do craque do Botafogo e da Seleção Brasileira bicampeã mundial eram e ainda são até hoje um espetáculo à parte de se ver na TV. No futebol atual, claro que "o anjo de pernas tortas” não conseguiria parar em pé. Seria uma pancada só. Imaginem o Garrincha tentando passar pelo Felipe Melo? Bom, nem vamos imaginar, senão teremos que sair do esporte para as páginas policiais.

O futebol atual mudou muito. Agora, além da habilidade de cada atleta, conta também a preparação física e a obediência tática. Muitos treinadores abdicam da técnica do jogador e buscam por indivíduos fortes e rápidos (um erro enorme). Mas ainda sim há jogadores que se destacam pela grande técnica que possuem. Separei dois vídeos de dois craques brasileiros no futebol. Um atua no futebol de campo e o outro já tentou jogar na grama por duas vezes e não foi feliz, mas joga muito no futsal. Trata-se de Ronaldinho Gaúcho e Falcão.

Ronaldinho não vem atuando bem há algum tempo (desde quando saiu do Barcelona). Porém, não podemos negar que sua técnica é bastante apurada. Falcão é outro que dispensa apresentações. Tem muita habilidade e sabe se virar num pequeno espaço de quadra. Já marcou diversos gols que se transformam em verdadeiras obras de arte quando vistas e revistas na televisão.

Recentemente, Ronaldinho Gaúcho foi flagrado no treino do Flamengo tentando marcar um “gol ao contrário”. O jogador queria fazer um gol chutando por trás da trave... e conseguiu. Parece fácil, mas não é.





Falcão viu e repetiu o feito também durante um treino no Santos. Não satisfeito, o eterno camisa 12 da Seleção de Futsal refez o lance só que de letra!! Isso mesmo. Ele aumentou o grau de dificuldade e ainda desafiou R10 para repeti-lo!! É mole?!

São lances que apenas jogadores brasileiros conseguem fazer. A habilidade dos nossos atletas é única no mundo. Pena que alguns não sabem aproveitar o dom que tem e, por má influência ou falta de orientação familiar, atrapalham a carreira com escândalos desnecessários.


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O show da melhor

por Adriana Ferreira

Nunca gostei de jogos preliminares. Nada contra, mas chegar ao meio-dia de domingo no Mineirão, com um sol absurdo na “mulera” não era nada agradável. Não dava, minha preguiça falava mais alto. Mesmo assim, de mau humor, partia rumo ao estádio cumprir com minhas obrigações.

Mesmo que o jogo fosse bonzinho e rendesse boas jogadas, não dava importância e mal prestava atenção. Acho que a torcida concordava comigo e meia dúzia de gatos pingados aparecia para assistir à partida. Mas essa semana passei a dar valor aos jogos preliminares e principalmente a sua divulgação.

Como pode a imprensa ficar quieta e não divulgar que Marta, eleita pela quinta vez a melhor jogadora de futebol do mundo, iria atuar antes do clássico Santos e São Paulo. A diretoria santista não se manifestou e a equipe da cidade de Barueri também não. Eles se esqueceram que ter Marta entrando em campo e atuando no estádio de Barueri é um orgulho para a cidade. Afinal, era a melhor jogando ali. Quando a preliminar começou, a Arena estava vazia... poucos eram os torcedores e estes são-paulinos.

Agora o pior de tudo. Que papelão da torcida do São Paulo! Além das vaias, que se “justificaram” por Marta atuar pelo Santos, os torcedores deram um banho de preconceito quando entraram no assunto da sexualidade da atleta. Se ela é ou não homossexual não diz respeito a ninguém, o que nos interessa é o quanto joga bola essa mulher. Que partida, que gol... e ainda tirou onda!

Concordo com o site globoesporte.com quando estamparam em manchete: “Sorte de quem viu: Marta compõe obra-prima na Arena Barueri”. Se eu a encontrasse um dia, a reverenciaria. Tem alguns atletas que ganham milhões, vivem no Departamento Médico e não jogam o futebol que essa baixinha apresenta. Sou fã de futebol, sou fã de mulher guerreira, sou fã da Marta...

Veja aqui o golaço de Marta na goleada por 5 a 1 contra o Juventus: