domingo, 27 de março de 2011

Esqueceram de Mim 2

Assim como Fábio, Henrique também foi "esquecido"
por Mano no jogo contra a Escócia (Foto: Vipcomm)

Sucesso do cinema, o filme lançado em 1992 retrata muito bem a situação de dois cruzeirenses na Seleção Brasileira do técnico Mano Menezes. Podemos dizer que o primeiro jogador celeste a estrelar o filme foi o goleiro Fábio, esquecido diversas vezes das listas de convocações.

Agora foi a vez de Henrique protagonizar a continuação do longa cruzeirense. Chamado para o amistoso contra a Escócia, o volante não saiu do banco de reservas na vitória brasileira por 2 a 0, neste domingo, em Londres.

Sinceramente, não entendi a postura do Mano. O treinador efetuou cinco substituições na partida, sendo quatro jogadores que atuam no meio-campo. Se Henrique foi convocado pela primeira vez, não seria justo que ele entrasse para ser observado? Ou o Mano se contentou em observar o volante apenas na partida do Cruzeiro contra o Tolima, pela Libertadores?

No meio entraram Sandro, Elias, Lucas (São Paulo) e Renato Augusto. O jovem meia do São Paulo foi chamado pela primeira vez para a Seleção principal e foi colocado em campo. Os outros três já tiveram outras oportunidades. Por que não Henrique? Elias foi comandado por Mano no Corinthians. Já o conhece o suficiente.

Se os amistosos servem para fazer testes e observações, Mano só os fazem com jogadores que lhe convém.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Duelo onde há apenas dois vencedores


A “guerra” em que se transformou a transmissão do Campeonato Brasileiro a partir do ano que vem continua acirrada. Clube dos 13 e a Rede TV! de um lado contra a TV Globo do outro. Esta celeuma criada no cenário do futebol brasileiro às vésperas de uma Copa do Mundo no país poderá transformar o torneio nacional dos próximos anos, com relação à desigualdade nas cotas de TV. O resultado desta luta nos bastidores todos já sabem: apenas Corinthians e Flamengo saem lucrando. E lucrando no sentido literal da palavra.

Muitos veículos e jornalistas, inclusive este blog, já falaram sobre o abismo que podia se criar entre os times do Brasileirão por causa da diferença nas receitas e da nova divisão proposta pela Rede Globo ao negociar separadamente.

Comparando o valor obtido por Atlético e Cruzeiro em 2011 e projetando-se o que ambos poderiam ganhar no próximo ano – com base no contrato firmado entre Globo e Cruzeiro – nota-se que o grupo de times formado por mineiros, gaúchos e dois cariocas vai conseguir menos da metade da grana alcançada pelo primeiro grupo, formado agora por Corinthians e Flamengo.

Se no contrato atual, Atlético e Cruzeiro (Grupo 3) ganham 28,6% menos que o Grupo 1 – conjunto que mais fatura da TV –, a partir de 2012, ambos receberão os mesmos 28,6% a menos, só que em relação ao Grupo 2. Se compararmos com o primeiro grupo, a diferença sobe para 52,4%. Eis o abismo, repito, que muitos diziam, inclusive este blogueiro.

Vasco e Palmeiras, que até este ano embolsavam o mesmo que Corinthians e Flamengo, irão receber 33,3% a menos. A discrepância entre o primeiro escalão e o quarto grupo é ainda maior. O Atlético-PR, que pelo contrato atual recebe 46,5% menos que Corinthians e Flamengo, ganhará 71,5% menos.

Vale lembrar que a conta foi feita baseando-se em números apurados e noticiados na imprensa nacional, já que, por contrato, os clubes não podem divulgar o valor do acordo assinado com a TV Globo.

Segue abaixo a conta que fiz.

Contrato atual (cotas de TV Brasileirão 2009-2011):

Grupo 1: Corinthians, Flamengo, Vasco, Palmeiras e São Paulo – R$ 16,8 milhões

Grupo 2: Santos – R$ 14,4 milhões (14,3% a menos que o Grupo 1)

Grupo 3: Grêmio, Inter, Cruzeiro, Atlético-MG, Fluminense e Botafogo – R$ 12 milhões (16,7% a menos que o Grupo 2 e 28,6% a menos que o Grupo 1)

Grupo 4: Atlético-PR, Bahia, Coritiba, Goiás, Guarani, Portuguesa, Sport e Vitória – R$ 9 milhões (25% a menos que o Grupo 3; 37,5% menos que o Grupo 2 e 46,5% menos que o Grupo 1)

Contrato a partir de 2012 (valores estimados referentes aos acordos assinados diretamente entre os clubes e a TV Globo até o dia 25/03/2011):

Grupo 1: Corinthians e Flamengo – R$ 105 milhões

Grupo 2: Santos, Vasco e Palmeiras – R$ 70 milhões (33,3% a menos que o Grupo 1)

Grupo 3: Grêmio e Cruzeiro – R$ 50 milhões (28,6% a menos que o Grupo 2 e 52,4% menos que o Grupo 1)

Grupo 4: Bahia, Goiás, Coritiba, Sport e Vitória – R$ 30 milhões (40% a menos que o Grupo 3; 57,2% menos que o Grupo 2 e 71,5% menos que o Grupo 1)

sexta-feira, 18 de março de 2011

Tradição e algo a mais


Disputar uma Copa Libertadores requer tradição da equipe na competição e, muito mais do que isso, uma dose extra de vontade e inteligência, além da experiência dos jogadores. O que estamos vendo na edição 2011 é uma prova. Cruzeiro (com 12 participações), Internacional (com nove) e Grêmio (com 13) estão bem nos seus grupos e vão passar sem problemas para as oitavas-de-final.

Além do número de participações, os três clubes têm jogadores “rodados” na Libertadores e sabem atuar em jogos sul-americanos. A soma destes conjuntos faz o sucesso de um time na competição. A Raposa tem uma base montada desde 2008, quando chegou à final do torneio. O time mineiro disputa a quarta Libertadores seguida e tem atletas como Fábio e Marquinhos Paraná. Cada um já disputou 40 jogos pela competição internacional. Além de Victorino, Montillo e Thiago Ribeiro que também possuem experiência.

O Internacional aparece com Sorondo, Kléber, Bolatti, Guiñazu, Tinga, Rafael Sóbis e Cavenaghi que já disputaram muitas Libertadores e “seguram a onda” de jovens como o promissor Leandro Damião.

O Grêmio conta com menos atletas experientes em Libertadores, o que faz o time sofrer um pouco na fase de grupo. Os que mais jogaram a competição foram Gabriel e Borges, porém a tradição da camisa entra em campo e, mesmo com time mais fraco em relação a Cruzeiro e Internacional, o Tricolor Gaúcho surpreende, pois sabe jogar a Libertadores.

Com relação a Corinthians, Fluminense e Santos não podemos dizer o mesmo, apesar de o Peixe contabilizar 11 participações na Libertadores e o Timão oito, ambas as equipes não têm jogadores que saibam atuar na competição internacional.

Apesar de renomados, Ronaldo só jogou a Libertadores em 1994 pelo Cruzeiro, e Roberto Carlos apenas duas vezes, em 1994 e 1995 pelo Palmeiras. Foram para a Europa muito cedo e, pelas declarações recentes, parece que “desaprenderam” a jogar o torneio.

R9 e RC3 são tão inocentes quanto à Libertadores que, ao final do Brasileirão ano passado, declararam à imprensa que o Tolima não seria problema e que o Corinthians estaria na fase de grupos. Prepotência, salto alto ou desconhecimento do que é o futebol sul-americano?

O Santos tem Neymar e Paulo Henrique Ganso. Mas é a primeira Libertadores que os dois jogam e os mais velhos, como Elano, Edu Dracena e Jonathan, deveriam ajudá-los na forma de disputa que é totalmente diferente dos campeonatos do Brasil.

Os clubes devem aprender a jogar torneios sul-americanos para depois almejar alguma coisa.

O mesmo vale para o Fluminense. A pífia campanha pode ser resumida pela falta de traquejo em jogos de Libertadores. Em toda a história, o clube das Laranjeiras participou de quatro edições e ainda não aprendeu como atuar contra adversários de outros países.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Público no Campeonato Mineiro 2011

Sei que a sexta rodada está prestes a começar, mas farei uma breve análise de números sobre o público deste Campeonato Mineiro 2011. Até o momento, o público total no Estadual foi de 108.352 pagantes em 32 jogos e a média é de 3.386 pessoas por partida.

Número baixo? Não se compararmos com 2010, quando tínhamos o Mineirão à disposição de Atlético e Cruzeiro. No ano passado a média de torcedores por jogo foi de 5.876 torcedores por jogo.

O que chama mais atenção é o América-TO. O time do Vale do Mucuri jogou duas vezes em casa e esgotou a capacidade do estádio Nassri Mattar (5 mil pessoas) em ambas oportunidades, contra Caldense e Cruzeiro. Por isso, o clube tem a terceira melhor média de público do campeonato, ficando atrás apenas de Atlético e Cruzeiro.

O único time que também vendeu todos os ingressos para sua partida neste campeonato foi o Guarani de Divinópolis (4.050 entradas) contra o Atlético.


América-TO foi o único time que acabou com todos os
ingressos nas duas partidas que fez em casa. (foto: divulgação)

Já o América, atual líder da competição, tem apenas a oitava melhor média de público do Mineiro (2.522 pessoas por jogo). Uma decepção. A média do Coelho poderia ser a pior do torneio caso não fizesse a primeira partida no estádio do Melão, em Varginha, onde fez a pré-temporada.

Fica uma dica para a diretoria americana. Por que não aproveitar o público de Varginha - assim como vai ser no clássico contra o Cruzeiro - e mandar o restante dos jogos no estádio do Melão? Pelos números, os torcedores do Sul de Minas têm mais condições de apoiar o Coelho do que os da capital, que têm que se deslocar 80 km para assistir aos jogos em Sete Lagoas.

No jogo contra o Uberaba, o América levou 6.286 pessoas ao campo, enquanto nas duas partidas na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, apenas 701 pessoas acompanharam o primeiro jogo e 580 viram o segundo. Muito pouco para o líder da competição.

O Cruzeiro é o segundo na média de pessoas que assistem aos jogos em casa. Apenas 5.202 torcedores por jogo. Mas isso tem explicação pelo fato do time celeste disputar a Libertadores e o ingresso nesta competição ser muito mais caro, o que faz a maioria dos torcedores optar por ver os jogos da competição internacional.

Média de público por clube no Mineiro 2011 (até a 5ª rodada, incluindo o jogo antecipado da 10ª rodada entre Tupi e Cruzeiro):

1º Atlético: 12.153
2º Cruzeiro: 5.202
3º América-TO: 5.000
4º Villa Nova: 2.844
5º Guarani: 2.814
6º Democrata-GV: 2.717
7º Ipatinga: 2.698
8º América: 2.522
9º Tupi: 2.142
10º Funorte: 2.079*
11º Uberaba: 1.756
12º Caldense: 1.077

* Funorte 1 x 1 Caldense (5ª rodada): jogo com portões fechados porque o time da casa não apresentou o laudo de vistoria e certidão de conformidade do Crea-MG.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Concorrência: sobra entre TVs e pode faltar no futebol brasileiro


O futebol brasileiro poderá tomar um novo rumo a partir de amanhã. A abertura dos envelopes com as propostas de Record e Rede TV! na concorrência aberta pelo Clube dos 13 pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro 2012-2014 e a Globo comercializando por fora pode mudar o atual quadro do esporte no país.

A concorrência entre as TVs é boa e deve ocorrer, mas com a Globo negociando individualmente com 14 dos 20 clubes do C13, conforme informou o jornal Folha de S. Paulo, pode haver um abismo entre os times que faturam mais e os que ganham menos pelos direitos de TV. Ao negociar separadamente, o Bahia não terá a mesma força que o Flamengo. Isso é lógico. Com a negociação em conjunto os clubes ganhariam mais.

Mas não. Cada um pensa no seu e pronto. O resto que se dane. E que se lasque também o futebol brasileiro? Não pode ser assim. Na Espanha, Barcelona e Real Madrid negociam com a TV em separado. Primeiro resultado: 1200% é a diferença entre o que recebe os dois gigantes e o clube que ganha menos para ter os jogos transmitidos pela TV. Segundo resultado: o Campeonato Espanhol vive há anos em uma disputa chata e desinteressante pelo título apenas entre Barça e Real.

Não estou dizendo que o valor das cotas de TV deva ser igual para todos, mas que a diferença entre o recebido por cada clube seja a menor possível, mesmo porque alguns times têm mais exposição na mídia do que outros. Mas muito mais do que isso, é estimular a concorrência por títulos.

Há tempos que nos orgulhamos e enchemos o peito para falar que o Brasileirão é o campeonato mais disputado do mundo. Mas será que a partir do ano que vem continuará sendo? Com Flamengo e Corinthians levando uma fortuna da TV e os outros bem menos?

Na última negociação com a TV, a diferença na receita entre os clubes que receberam mais (Corinthians, Flamengo, Vasco, Palmeiras e São Paulo) e os que ganharam menos foi de 86,6%. De acordo com o edital de licitação do C13 para os próximos três anos, essa diferença será de 75%. Valor muito próximo da Premier League – considerada a mais forte do mundo – que é de 66%.

Não podemos negar que hoje as cotas de TV são responsáveis pelas maiores receitas dos clubes brasileiros, superando até as cotas de patrocínio em alguns clubes. Claro que apenas o dinheiro da TV não faz dirigentes montarem bons times, mas ajuda e muito. Senão não haveria clubes adiantando verba da televisão como tem acontecido nos últimos tempos.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Erro técnico?

O futebol brasileiro tem muito erro de arbitragem, isso ninguém nega. Porém, a maioria das falhas, para não dizer todas elas, é de interpretação das regras. Para quem não sabe, há dois tipos de infrações às leis do futebol.

O primeiro é o erro de interpretação, quando o árbitro interpreta o lance ocorrido. As 17 regras do esporte bretão dão ao árbitro o direito de interpretar se foi falta ou não, se foi pênalti ou não. Este tipo de infração não é motivo para se anular uma partida.

O segundo tipo de infração é o erro técnico, que é a falha que viola a regra do jogo. Um bom exemplo é do jogo pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2006, entre Bahrein e Uzbequistão. Foi marcado um pênalti para o Uzbequistão. Na cobrança, um jogador do time uzbeque invadiu a área. A bola entrou, mas o árbitro marcou tiro livre indireto para o Bahrein, ao invés de mandar repetir a cobrança. A decisão do comandante da partida é soberana, mas está sujeita a sansões. Por isso, a partida foi cancelada e remarcada pelo Comitê Organizador da Copa da Alemanha.

Dito isto, uma imagem que passou em vários telejornais do Brasil me chamou a atenção. Em um jogo entre Havant & Waterlooville e Dorchester Town, pela 5ª divisão do campeonato inglês, um torcedor invadiu o campo. Após “driblar” os seguranças, ele foi contido pelo jogador-treinador do Dorchester, Ashley Vickers que o agarrou pelo pescoço, derrubando-o no chão. Até aí tudo bem.

Mas agora vem o estranho. O árbitro não pensou duas vezes e aplicou o cartão vermelho em Vickers para a revolta do restante do time. Aí eu me perguntei: isso não seria um erro técnico do árbitro? Ou seja, a partida não deveria ser cancelada e remarcada?

A atitude de Vickers foi tomada quando a partida estava paralisada por conta de um ato extra-campo. Penso que o árbitro inventou uma regra de “não agressão a torcedor por parte de jogadores” para expulsá-lo. É de se pensar... no mínimo uma discussão sobre o assunto vale.