segunda-feira, 30 de abril de 2012

Fim da Série D pode estar sendo forçada


Há duas semanas, presidentes de Federações de todo o país estiveram reunidos em uma assembleia geral com o presidente da CBF, José Maria Marin. Um dos assuntos em discussão foi a possibilidade de acabar com a Série D do Campeonato Brasileiro. A maioria dos mandatários estaduais pensa que o torneio é deficitário e os clubes não conseguem arcar com as despesas. Marin aceitou a proposta, dizendo que encomendou estudos de técnicos para avaliar o melhor a se fazer com a quarta divisão e pediu 30 dias para responder.

Pois bem, daqui a mais ou menos 15 dias saberemos se a Série D deixará de existir no calendário brasileiro a partir de 2014. Até agora alguns clubes como Guarani-MG, Veranópolis-RS e Novo Hamburgo-RS já anunciaram que não têm condições de disputar a quarta divisão, que começa no dia 30 de maio. Mas novas desistências vêm por aí. O Brusque-SC também está perto de desistir.

Assim, com a negativa dos clubes que conquistaram no campo o direito de participar da Série D, a vaga em aberto cai no colo de outros clubes que também alegam não ter condições financeiras para competir. Em Minas Gerais a situação é uma das piores, se não for a pior. Com a desistência do Guarani, de Divinópolis, sexto lugar no Campeonato Mineiro 2012, abriu vaga para a Caldense, 7º lugar, mas que também deve dizer não à Série D.

América, de Teófilo Otoni, 9º lugar, que já desistiu da competição no ano passado deve repetir a decisão caso seja escolhido. O 10º colocado Villa Nova seria o próximo, mas deve declinar pelo mesmo motivo: não tem dinheiro. E os rebaixados Democrata, de Governador Valadares, e Uberaba também dizem não ter condições. A saída encontrada pode ser conceder a vaga ao campeão do Módulo II, a segunda divisão Mineira.

Mas será que esse desinteresse de clubes mineiros, catarinenses e gaúchos em participar da Série D não tem a ver com a proposta feita à CBF pela maioria das Federações para acabar com a quarta divisão nacional? É apenas uma pergunta. Pode ser uma estratégia dos clubes para tentar convencer a opinião pública de que a Série D não é viável. Uma forma errônea, diga-se de passagem.

Mais um ato vergonhoso dos dirigentes do nosso futebol. Ao invés de propor mudanças na competição, se está dando prejuízo, eles acham melhor acabar e inchar a Série C novamente, que hoje conta com 20 clubes, mas que antes da criação da quarta divisão nacional tinha 64. Vale lembrar que a atual Série D tem 40 clubes, ou seja, juntando a quantidade de times das duas divisões não dá o que a antiga Série C possuía. Atualmente, a fórmula é mais enxuta.

No entanto, o maior problema para os clubes é a falta de investimento. Os presidentes das Federações insistem em dizer que a Série D não atrai investidores. O responsável pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, Rubens Lopes, alegou que “Para um clube da série D chegar a série A, são no mínimo três anos. Para um investidor, é um investimento de risco a muito longo prazo”.

Os tais “investimentos”, em sua maioria, são os custos que os clubes têm para jogar o torneio como passagens aéreas e hospedagem. Então, é mais fácil para os presidentes de clubes e federações cobrarem investimento por parte de empresas privadas do que para a CBF.

Por que a entidade não pode custear os itens citados assim como faz nas Séries A, B e C? Aliás, a entidade máxima do futebol não custeava passagens aéreas e hospedagem na Série C até 2008, quando ainda não existia a quarta divisão.

Só a partir da criação da Série D, em 2009, que a CBF passou a cobrir os custos com viagens e hotel. E por que clubes e federações não reclamavam antes? São questões que ficam no ar.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Impressões do Novo Independência


Quarta-feira, 25 de abril de 2012. Data que marcou a volta do futebol a Belo Horizonte após 22 meses. E lá estava este blogueiro incluído no meio do público de 9.250 presentes no novo Estádio Independência. América e Argentinos Juniors fizeram as honras da casa. O resultado da partida pouco importou. O mais relevante era como estariam as instalações dentro da nova construção que custou R$ 149 milhões aos cofres públicos.

Antes de relatar como foi minha experiência no novo estádio, digo que o local é muito bonito, quase impecável para o torcedor. Onde fiquei, no anel inferior, a visão do campo estava perfeita – a não ser quando as pessoas à frente se levantam para acompanhar algum lance. Já o anel superior, alvo da polêmica dos pontos cegos por conta dos guarda-corpos, estava interditado. O gramado é um tapete e a iluminação é muito boa.

Luva de limpeza foi deixada nas
arquibancadas após rápida faxina
realizada minutos antes da partida
Mas como a maioria das pessoas só fará elogios ao estádio, vou partir para as ressalvas, assim como há nos laudos do Corpo de Bombeiros e Polícia Militar para a liberação do estádio para 23 mil pessoas.

Logo na chegada, às 21h – meia hora antes de a partida começar –, encontrei uma grande fila para entrar no estádio, mas que andava muito rápido e, assim, não houve problemas. Mas quando me aproximava das catracas, três sujeitos furaram a fila entrando justamente na minha frente. Os seguranças do local nada fizeram.

Dentro do Independência, a limpeza de última hora, feita às pressas pelos funcionários do consórcio que administra o local, foi visível. Debaixo de um dos assentos, no setor das cadeiras laterais, no anel inferior, encontrei uma luva de limpeza jogada no chão.

Durante a partida, notei alguns pontos que deixaram a desejar. O placar eletrônico de alta definição é muito bonito, porém ficou atrás de um dos gols com uma tela de proteção sustentada por canos de ferro que atrapalham na hora de se fazer alguma imagem do placar. Poderia ter ficado em um local mais alto. Entre as duas torres de camarote, sustentado pela estrutura de aço que cobre as arquibancadas, por exemplo.

Outra falha notada foi no sistema de som, que é baixo. Consegui enxergar apenas duas caixas de som atrás de um dos gols e ao lado do placar eletrônico. Mesmo com pouco menos de 10 mil pessoas no estádio, o barulho da torcida abafou o áudio da competente locutora Pollyanna Andrade. Imagine com a lotação máxima!

Não há lixeiras nos corredores entre as arquibancadas. Por isso, vários copos descartáveis, latas de refrigerante, de cerveja, pacotes de salgadinho e de pipoca consumidos pelo público ficou jogado debaixo das cadeiras ao fim da partida.

Por fim, reparei em um detalhe curioso. O estádio Independência é propriedade do América – e cedido ao Governo do Estado de Minas Gerais para realizar a reforma – e a identidade do local é inteiramente do Coelho, tanto que as cadeiras são verdes.

Escudo do América, ao lado do gol,
não foi gravado no gramado
No entanto, nesta partida inaugural contra o Argentinos Juniors, deu para perceber que havia escudos do América ao lado de cada um dos gols, assim como no Engenhão, do Botafogo, e no Camp Nou, do Barcelona. Porém os escudos não estavam gravados no gramado, mas colocados provisoriamente como um tapete.

Quer dizer: cada clube que jogar no Independência como mandante, seja Atlético ou Cruzeiro, poderá, se quiser, inserir seu distintivo ao lado de cada meta, personalizando o estádio. Uma furada da diretoria americana que ainda pode ser consertada, já que o Independência lhe pertence.



Veja outras fotos do Novo Independência:

O gramado é um verdadeiro tapete
Quando os torcedores se levantam das
cadeiras, a visibilidade fica prejudicada
Placar eletrônico
Anel superior com o guarda-corpo
que prejudica a visão do jogo
foi interditado
Visão do torcedor no anel inferior,
abaixo das cabines de imprensa
Anel superior com o guarda-corpo
que prejudica a visão do jogo
foi interditado

Ao centro, uma das duas torres onde
ficam os camarotes vip
Detalhe das cadeiras em diferentes
tons de verde


Atrás dos gols há uma tela de
proteção para os torcedores
A iluminação é muito boa


Vídeo que editei em homenagem à torcida do América que fez a festa no Independência:




Como a bola rola macia no gramado do Novo Independência:




Euller saindo de campo na sua despedida do futebol profissional:




quarta-feira, 25 de abril de 2012

O raio caiu duas vezes no mesmo lugar



Muitos dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, mas o ‘raio’ chamado Chelsea conseguiu anular o time do Barcelona nos dois jogos da semifinal da Liga dos Campeões da Europa e eliminou o atual vencedor do torneio. Confesso que eu não acreditava que os ingleses pudessem jogar da mesma forma contra os blaugranas em dois jogos seguidos.

Ainda mais atuando a maior parte da partida com um jogador a menos e sem os dois zagueiros, já que Cahill saiu machucado no início do jogo e foi substituído pelo lateral-direito Bosingwa (o Chelsea não tinha zagueiros no banco de reservas). E mais tarde, aos 37 do primeiro tempo, Terry foi expulso.

A verdade é que os Blues jogaram bem. O Barça atacou como o faz em todas as partidas, só não estava com a pontaria em dia. Messi e companhia perderam pelo menos uns quatro gols feitos na partida em Londres e na disputada no Camp Nou. Fato que antes não acontecia.

Em relação à atuação dos ingleses, discordo totalmente da matéria exibida no Jornal Nacional em que o repórter Pedro Bassan chamou o time do Chelsea de “seleção de brutamontes”. Assim como o Barcelona tem o seu modelo de jogar futebol, cada time deve encontrar a sua forma de atuar.

E os ingleses conseguiram derrubar a máquina espanhola jogando atrás da linha da bola e saindo nos contra-ataques. Não deixa de ser válido. Isso também é uma maneira de se jogar futebol. Concordo que seja mais feio. Prefiro o modelo barcelonista. Mas não tira o mérito do Chelsea.

Messi não jogou muito bem as duas partidas contra o Chelsea, e foi mal na derrota para o Real Madrid, pelo Espanhol. Mas isso não diminui a genialidade do craque argentino, assim como não reduz a capacidade da equipe catalã, que continua sendo soberana às outras, mas que, ao contrário de alguns anos atrás, já vê clubes ameaçarem seu posto.

Agora o Barcelona soma três jogos sem vencer, mas nada que abale o time que já tem três títulos conquistados na temporada: as Supercopas Europeia e da Espanha e o Mundial de Clubes da Fifa. E pode ainda faturar o quarto, pois está na final da Copa do Rei e jogará diante do Athletic Bilbao, sendo que o Campeonato Espanhol está praticamente nas mãos do arquirrival Real Madrid, sete pontos à frente faltando quatro rodadas para o término.

Não podemos dizer que é o fim de uma era, muito menos afirmar que a fórmula para anular o Barcelona foi descoberta, sendo que esse time já está marcado na história e continuará sendo temido pelas outras equipes. Apenas não é hora de se fazer como no Brasil: perde duas ou três partidas e o time já não presta ou o jogador tal é “pipoqueiro”. Ainda bem que não é desta forma que funciona na maioria dos clubes da Europa.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

É hora de mudar


Com o término da primeira fase do Campeonato Mineiro nos leva a uma pergunta: será que o torneio ainda é atraente para os clubes do interior? Em relação à parte financeira posso dizer que não. Villa Nova, Uberaba, América-TO, Caldense e Democrata-GV, que disputaram o Módulo I do Estadual deste ano, não irão atuar em nenhuma das quatro divisões do Campeonato Brasileiro. Portanto, estão sem o que fazer até o início da Taça Minas Gerais, que pode não acontecer por falta de clubes participantes.

Isso porque Atlético e Cruzeiro estão na Série A, América, Boa Esporte e Ipatinga na Série B, o Tupi subiu para a Série C. Já o Nacional, de Nova Serrana, e o Guarani, 5º e 6º colocados no Mineiro, conseguiram vaga para a Série D do Brasileirão. Além de poucos participantes, a falta de patrocínio é o principal motivo apontado pelos clubes para uma possível desistência na Taça Minas Gerais. Mas caso a competição seja realizada, deve começar em setembro, ou seja, os clubes ficarão inativos por quatro meses e meio.

Falta dinheiro e público diminui

Assim como para o Campeonato Brasileiro da Série A, a divisão da cota de televisão para as equipes que jogam o Módulo I do Mineiro é extremamente desigual. Para jogar as 15 partidas do Estadual, a dupla Atlético e Cruzeiro recebe pouco mais de R$ 5 milhões, o América ganha cerca de R$ 1,8 milhão e cada clube do interior embolsa R$ 300 mil.

Este ano, o Villa Nova, por exemplo, tinha a maior folha salarial entre os clubes fora de Belo Horizonte: aproximadamente R$ 300 mil por mês, justamente o que recebeu da TV para jogar o campeonato. Sem falar que o Leão do Bonfim levou um prejuízo de mais de 20 mil reais em cinco jogos disputados em casa nesta primeira fase do Mineiro, de acordo com o levantamento realizado pelo blog Tabelinha E.C (ver tabela abaixo). Enquanto isso, o rebaixado Democrata-GV corre o risco de fechar as portas para balanço e nem disputar o Módulo II no ano que vem.

Dos 66 jogos da primeira fase do Campeonato Mineiro deste ano, 32 apresentaram prejuízo e outros 32 tiveram lucro. Já duas partidas não tiveram o borderô divulgado: Tupi 0x0 Villa Nova e Villa Nova 0x0 Boa Esporte. No entanto, dos 32 confrontos que apresentaram lucro, 21 envolveram ou Atlético ou Cruzeiro. Então qual a vantagem que os clubes do interior tem se a maioria das partidas proporciona-lhes déficit?

Sem contar que o público só vem caindo a cada temporada. Neste ano, o público total dos 66 jogos da primeira fase foi de 188.701, média de 2.859 pagantes por partida. No ano passado, 236.094 pessoas assistiram aos jogos da fase classificatória. Média de 3.632 torcedores por confronto. Em 2010, com América, Atlético e Cruzeiro jogando no Mineirão, o público total dos 66 jogos da primeira fase foi de 343.308, média de 5.202 por partida.

Com a falta de estímulo do público a ir aos estádios e a falta de grana dos pequenos, a tendência é o campeonato ficar cada ano pior. Se já não chegou a hora de repensar o Campeonato Mineiro, assim como os outros Estaduais pelo Brasil, não sei quando as federações irão mudar.



* Observação sobre esta tabela: Não foram divulgados os Boletins Financeiros das partidasTupi 0x0 Villa Nova, da 5ª rodada, e Villa Nova 0x0 Boa Esporte, da 8ª rodada, por isso não foi computado o lucro ou prejuízo líquido destes confrontos.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Somando 2 Arenas do Jacaré não dá 1 Mineirão

Com proximidade da inauguração do novo estádio Independência – mesmo que parcial – América, Atlético e Cruzeiro voltarão a jogar na capital após quase dois anos. Desde o fechamento do Mineirão, em junho de 2010, as três equipes passaram 22 meses mandando a maior parte dos seus jogos em Sete Lagoas.

Pensando nisso, o blog Tabelinha E.C decidiu realizar um levantamento e constatou que, em dois anos jogando a 1ª fase do Estadual na Arena do Jacaré, os clubes da capital não conseguiram faturar o que atingiram com o último ano de Mineirão.

O clube que mais perdeu foi o Atlético. Somando o valor arrecadado na 1ª fase do Campeonato Mineiro’2011 e 2012, o saldo líquido* do Galo foi três vezes menor do que o alcançado na fase classificatória do Estadual de 2010, quando o time atuou no Mineirão.

Nos jogos em que foi o mandante em Sete Lagoas, no ano passado e neste ano, o alvinegro arrecadou R$ 326.770,83. Já no Gigante da Pampulha, em 2010, o Galo embolsou R$ 1.119.592,03. Ou seja, o valor auferido pelo Galo, apenas na fase classificatória do Mineiro no ano passado e nesta temporada, atingiu somente 29% do montante que o clube conseguiu em 2010.

Uma das explicações para o valor tão abaixo é o valor do ingresso que a diretoria diminuiu muito quando o Atlético jogou o Estadual na Arena pela primeira vez, em 2011. O preço médio cobrado foi de R$ 7,45, enquanto que no Mineirão, o valor médio era de R$ 17,89. Mas, na primeira fase deste ano, a direção atleticana voltou a cobrar ingressos no padrão antigo: R$ 17,59.


O América, por sua vez, também levou um grande prejuízo com a mudança para Sete Lagoas. Nos jogos em casa da 1ª fase do Campeonato Mineiro’2010, atuando no Estádio do Mineirão – pois o Independência já estava em obras –, o Coelho embolsou o valor líquido de R$ 200.211,68.

Somando o montante referente também à fase de classificação do Estadual de 2011 e 2012, o América arrecadou pouco mais da metade do valor da época em que jogou na capital: 59%, ou seja, R$ 118.754,35.

E a diretoria americana não aliviou no preço das entradas, como o Atlético. Em 2010, o valor médio do ingresso para assistir a um jogo do América na primeira fase do Mineiro foi de R$ 15,18. No ano passado, subiu para R$ 21. E nesta temporada foi elevado para R$ 22,58.

Apesar de também ter arrecadado menos, o Cruzeiro foi o que se deu melhor. Somando o saldo líquido referente à 1ª fase do Estadual de 2011 e deste ano, o clube celeste conseguiu 75% do montante recolhido quando jogou a 1ª fase do campeonato no Estádio do Mineirão, em 2010.

Jogando em Belo Horizonte, o Cruzeiro lucrou R$ 842.584,23. Enquanto que nos dois anos atuando na Arena do Jacaré, o valor chegou a R$ 633.809,26. Assim como o América, a Raposa não diminuiu o valor médio cobrado pelo ingresso, o que colaborou para o clube ter uma perda menor que o arquirrival. Em 2010, foi de R$ 19,96; no ano passado alcançou R$ 20,25; e nesta temporada foi de R$ 18,93.

Comparativo dos saldos líquidos arrecadados pelos clubes da capital na 1ª fase do Campeonato Mineiro de 2010, 2011 e 2012:

América
2010 = lucro de R$ 200.211,68

2011 = lucro de R$ 135.701,11

2012 = prejuízo de R$ 16.946,76

Atlético
2010 = lucro de R$ 1.119.592,03

2011 = lucro de R$ 37.817,44

2012 = lucro de R$ 288.953,39

Cruzeiro
2010 = lucro de R$ 842.584,23**

2011 = lucro de R$ 399.083,78

2012 = lucro de R$ 234.725,48

* Todos os números apresentados são referentes ao dinheiro que realmente entrou nos cofres dos clubes, onde eu chamo de Saldo Líquido, composto pela Arrecadação Líquida (renda bruta de bilheteria subtraída pelas despesas geradas para a realização da partida) menos o Prejuízo que o clube mandante teve em algum jogo (quando o dinheiro da bilheteria não cobriu as despesas). Já os valores para a realização desta conta foram retirados dos Boletins Financeiros de cada partida, divulgados no site da Federação Mineira de Futebol.

** O valor líquido gerado pelo jogo entre Cruzeiro e Uberaba, no Estádio Mineirão, válido pelo Estadual de 2010, foi calculado por aproximação tendo como base o público pagante e a renda informados no site oficial do Cruzeiro, na seção Fichas Técnicas. Isso porque a FMF não divulgou o Boletim Financeiro deste jogo.


quarta-feira, 18 de abril de 2012

Brechas para agressores

Mais uma vez o Tribunal de Justiça Desportiva deu prerrogativa a jogadores que agridem colegas de profissão dentro de campo. A punição mínima de quatro jogos aplicada ao armador Roger, do Cruzeiro, pela cotovelada nas costas do meia-atacante Danilinho, no clássico entre Atlético e Cruzeiro do último dia 8, válido pela penúltima rodada do Campeonato Mineiro, comprova que quando há leis bem feitas – fato raro no país – elas são descumpridas.

Roger foi denunciado no artigo 254-A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (agressão física), com pena de quatro a 12 jogos de suspensão. O jogador do Cruzeiro deveria ser punido com a pena máxima, para servir como exemplo para os outros. Mas o advogado do clube não foi ao julgamento alegando problemas pessoais e o Cruzeiro declarou que não foi notificado oficialmente do julgamento, e solicitou o adiamento da sessão, mas os auditores negaram.



Lamentável é ver que o TJD julga apenas lances alardeados pela imprensa. Os senhores que têm o dever de apreciar, julgar e punir TODOS os atletas envolvidos em lances mais ríspidos do Estadual se esqueceram da cotovelada do meia Escudero, do Atlético, em Henik, do Villa Nova. Será que passou despercebido dos olhos do tribunal porque foi uma agressão de jogador de um time grande contra um de uma equipe menor?

Pimenta nos olhos dos outros é refresco

Após receber a notícia da punição de quatro jogos, o advogado que deveria fazer a defesa de Roger nessa terça-feira, Dr. Sérgio Rodrigues, vai alegar que o atleta foi julgado à revelia, ou seja, não havia ninguém para defendê-lo das acusações. Já advogado do Atlético, Dr. João Avelar, pediu para que a punição seja mantida para a reta final do Mineiro.

Mas em um caso parecido, os jurídicos de Atlético e Cruzeiro agiram de maneira diferente. Vocês se lembram da entrada que o lateral-direito Coelho, do Atlético, deu em Kerlon, do Cruzeiro, no clássico válido pelo Campeonato Brasileiro de 2007?



Alguns colegas da imprensa também chegaram a citar este caso, mas afirmaram que Coelho recebeu uma pena de 120 dias pela agressão (porque naquela época a punição era em dias e não em partidas como é hoje). Coelho acabou pegando a pena mínima, assim como Roger.

Pois é, mas Coelho não cumpriu os quatro meses. Dias depois, a pena foi reduzida pelo Supremo Tribunal de Justiça Desportiva, a pedido do Atlético, e o atleta cumpriu apenas cinco jogos de suspensão no Brasileirão daquele ano. O motivo para a redução da pena aplicada a Coelho foi o mais hilário. “Na explicação de seu voto a favor da redução, o auditor do STJD José Mauro afirmou que o jogador teve azar por ter sido denunciado em um momento em que a imprensa estava sem assunto”, diz a notícia da época no site JusBrasil.com.br.

Assim como Roger deveria ser punido severamente com 12 jogos de suspensão, Coelho também deveria ter sofrido a mão pesada da justiça que não pode compactuar com agressão dentro de campo. Frisa-se agressão, pois, nos dois casos, não se trata de lance de jogo, mas de covardia, o que é totalmente inaceitável.


terça-feira, 17 de abril de 2012

América e Atlético registram queda no público da 1ª fase em relação ao Mineiro do ano passado

O público total da primeira fase do Campeonato Mineiro deste ano sofreu uma queda de 20% em relação à edição do ano passado. Mas se olharmos apenas para os clubes, América e Atlético tiveram menos torcedores no estádio, enquanto o Cruzeiro foi o único da capital a registrar alta no público.

O clube que mais sofreu com a redução no número de torcedores nos estádios, durante a fase de classificação do Estadual, da temporada 2011 para este ano foi o América: queda de 76%.

Nos seis jogos da fase classificatória do Estadual do ano passado, o Coelho levou 22.064 pessoas a campo. Em 2012, o público do América nas seis partidas disputadas em casa despencou para 5.242 torcedores. Média de 874 pagantes por jogo. Um recorde negativo, já que dentre os 12 clubes que disputam a competição, o América foi o que levou menos pessoas aos seus jogos. Assim, o Coelho conseguiu ainda a proeza de ser único clube da competição a ter média de público inferior a mil torcedores por jogo.

E este número inexpressivo inclui o jogo contra o Atlético, em que os americanos foram mandantes. Apenas o clássico levou 4.067 pessoas à Arena do Jacaré, porém a maioria foi de atleticanos. Se retirarmos esta partida, sobram 1.175 americanos em cinco jogos e a média cai para 235 testemunhas por confronto.

A torcida do Atlético também teve sua presença reduzida em Sete Lagoas, em relação ao ano passado. Na primeira fase da edição 2011 do Estadual, 44.655 atleticanos compareceram ao estádio em cinco oportunidades, enquanto neste ano, a contagem regrediu para 33.435 pessoas também em cinco jogos. A queda foi de 25%.

Apenas o Cruzeiro registrou aumento no número total de torcedores comparando-se com a primeira fase do Campeonato Mineiro 2011. Neste ano, 27.183 cruzeirenses estiveram nas arquibancadas durante os seis confrontos em casa. Na temporada anterior, 25.564 torcedores apoiaram o time no Mineiro. Aumento de 6%. Vale lembrar que, no ano passado, a Raposa disputou a Libertadores junto com o Estadual, o que dividia as atenções da torcida, fato que não acontece agora.

América
Público em 2011                Público em 2012         Redução
22.064 torcedores               5.242 torcedores            76%

Atlético
Público em 2011               Público em 2012         Redução
44.655 torcedores             33.435 torcedores            25%

Cruzeiro
Público em 2011               Público em 2012         Aumento
25.564 torcedores              27.183 torcedores            6%


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Público piora na 1ª fase do Campeonato Mineiro 2012

Que os campeonatos estaduais estão defasados, quase todo mundo concorda. Não que eles precisem acabar, mas uma reformulação no método de disputa necessita ser feita o mais rápido possível. A primeira fase do Campeonato Mineiro terminou nesse final de semana com público abaixo da edição do ano passado. Nas 66 partidas disputadas, 188.701 espectadores assistiram aos confrontos. A média foi de 2.859 pessoas em cada jogo. Em relação ao ano passado, o público total na fase classificatória caiu 20%.

A desculpa desta vez não pode ser a Arena do Jacaré, pois no ano passado, América, Atlético e Cruzeiro disputaram o Estadual em Sete Lagoas e o público total na primeira fase alcançou 236.094, uma média de 3.632 pagantes por partida. O anúncio da reinauguração do Independência para o dia 25 deste mês é o alento para Galo, Raposa e Coelho. Só falta confirmar se será uma reinauguração em definitivo.

O que pode ter desmotivado os torcedores, principalmente os da capital, a ir à Sete Lagoas este ano foi a campanha desastrosa das três equipes no Campeonato Brasileiro 2011. Como comparação, no Mineiro de 2010, disputado pelo trio de BH no estádio do Mineirão – sendo que o Independência já se encontrava em obras –, o público total na primeira fase foi de 343.308, uma média de 5.202 torcedores por jogo.

Mas aí eu pergunto: será mesmo que a queda na presença do público no Campeonato Mineiro, ano a ano, é pela falta de um estádio na capital? Ou seria por causa da falta de atrativos do Estadual?


domingo, 15 de abril de 2012

Atlético alcança o melhor aproveitamento da 1ª fase do Mineiro na atual fórmula de disputa

O empate por 0 a 0 com o Tupi fez com que o Atlético perdesse a incrível sequência de partidas marcando gol, porém a equipe alvinegra conquistou o melhor aproveitamento na 1ª fase do Campeonato Mineiro desde a edição 2004, quando o torneio passou a ser disputado no atual modelo com fase classificatória, semifinais e final.

Com 29 pontos em 11 jogos, o Atlético terminou a primeira fase com 87,8% de aproveitamento. No entanto, a marca poderia ter sido ainda maior. Se vencesse o Tupi, além de somar 21 partidas seguidas marcando gol, a equipe de Cuca conquistaria 93,9% dos pontos disputados.

Vale ressaltar que, em 2003, o Cruzeiro conquistou o Mineiro de forma invicta e com 88,8% de aproveitamento, mas, naquele ano, o campeonato foi disputado por pontos corridos em turno único e quem chegasse à frente seria o campeão.

Outro feito alcançado pela equipe atleticana foi ter concluído a primeira fase como líder e sem ter perdido nenhum jogo. Desde 2004, apenas o Ipatinga, em 2006, alcançou este patamar.

Em 2009, o Cruzeiro também ficou sem perder na fase classificatória, porém ficou em segundo lugar, atrás do Atlético. Mas nos jogos da semifinal e final, o time celeste conseguiu três vitórias e um empate, tornando-se a única equipe até hoje a conquistar de forma invicta o Campeonato Mineiro em sua fórmula atual, fato que pode ser igualado pelo Atlético neste ano.

Acompanhe o aproveitamento do líder da 1ª fase desde 2004:

Campeonato Mineiro 2011:
Cruzeiro - 28 pontos em 11 jogos (84,8%)

Campeonato Mineiro 2010:
Cruzeiro - 24 pontos em 11 jogos (72,7%)

Campeonato Mineiro 2009:
Atlético - 26 pontos em 11 jogos (78,7%)

Campeonato Mineiro 2008:
Cruzeiro - 26 pontos em 11 jogos (78,7%)

Campeonato Mineiro 2007:
Cruzeiro - 25 pontos em 11 jogos (75,7%)

Campeonato Mineiro 2006:
Ipatinga - 25 pontos em 11 jogos (75,7%)

Campeonato Mineiro 2005:
Cruzeiro - 26 pontos em 11 jogos (78,7%)

Campeonato Mineiro 2004:
Atlético - 28 pontos em 13 jogos (71,7%)


Ataque atleticano passa em branco após 6 meses

O empate por 0 a 0 com o Tupi, neste domingo, garantiu ao Atlético o primeiro lugar na fase de classificação e a vantagem de jogar por dois resultados iguais na fase semifinal contra o próprio Tupi, que também acabou se beneficiando com o empate. Porém, o “jogo de compadres” quebrou um recorde que a equipe atleticana vinha sustentando desde o ano passado.

Antes do jogo deste domingo, o Galo defendia uma sequência de 20 jogos seguidos marcando pelo menos um gol. A última partida em que o Atlético não balançou as redes do adversário foi na derrota por 2 a 0 para o Vasco, no Rio de Janeiro, no dia 16 de outubro de 2011, pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Veja a sequência dos 20 jogos do Atlético marcando gol:

PENAROL 0 x 5 ATLÉTICO
jogo de ida da 2ª fase da Copa do Brasil 2012

ATLÉTICO 2 x 2 CRUZEIRO
Campeonato Mineiro 2012 – 10ª rodada

UBERABA 0 x 3 ATLÉTICO
Campeonato Mineiro 2012 - 9ª rodada

ATLÉTICO 3 x 0 DEMOCRATA
Campeonato Mineiro  2012 – 8ª rodada

VILLA NOVA 1 x 2 ATLÉTICO
Campeonato Mineiro 2012 – 7ª rodada

CENE 1 x 3 ATLÉTICO
jogo de ida da 1ª fase da Copa do Brasil 2012

ATLÉTICO 4 x 2 NACIONAL
Campeonato Mineiro 2012 - 6ª rodada

AMÉRICA 1 x 2 ATLÉTICO
Campeonato Mineiro 2012 - 5ª rodada

GUARANI 0 x 4 ATLÉTICO
Campeonato Mineiro 2012 – 4ª rodada

ATLÉTICO 2 x 0 CALDENSE
Campeonato Mineiro 2012 – 3ª rodada

AMÉRICA-TO 1 x 2 ATLÉTICO
Campeonato Mineiro 2012 – 2ª rodada

ATLÉTICO 2 x 0 BOA ESPORTE
Campeonato Mineiro 2012 – 1ª rodada

CRUZEIRO 6 x 1 ATLÉTICO
38ª rodada do Campeonato Brasileiro 2011

ATLÉTICO 4 x 0 BOTAFOGO
37ª rodada do Campeonato Brasileiro 2011

CORINTHIANS 2 x 1 ATLÉTICO
36ª rodada do Campeonato Brasileiro 2011

ATLÉTICO 2 x 1 CORITIBA
35ª rodada do Campeonato Brasileiro 2011

FIGUEIRENSE 2 x 1 ATLÉTICO
34ª rodada do Campeonato Brasileiro 2011

ATLÉTICO 2 x 0 GRÊMIO
33ª rodada do Campeonato Brasileiro 2011

ATLÉTICO 2 x 1 PALMEIRAS
32ª rodada do Campeonato Brasileiro 2011

FLUMINENSE 0 x 2 ATLÉTICO
31ª rodada do Campeonato Brasileiro 2011


sexta-feira, 13 de abril de 2012

A bola também pune

Muitas vezes o futebol é generoso com atletas que não possuem tanto talento, mas mesmo assim conseguem um contrato aqui, outro ali e, com isso, vão fazendo o “pé de meia”, e se dando bem na profissão. Mas, outras vezes, a bola pune quem não se dedica 100% ao trabalho que escolheu para exercer.

Um exemplo claro aconteceu ontem com o time do Flamengo, eliminado precocemente da Copa Libertadores. Ainda na fase preliminar da competição, a equipe rubro-negra enfrentou o Real Potosí, da Bolívia. Perdeu o primeiro jogo na altitude, com o adversário jogando mal. Sob a batuta de Ronaldinho Gaúcho, a equipe carioca também teve uma atuação ruim.

Jogar bem não é obrigação de todo atleta, mesmo porque há dias que nada dá certo, mas tem que se dedicar. Na partida da volta no Rio de Janeiro, Ronaldinho Gaúcho, que até então não havia jogado nada na temporada e estava sendo muito cobrado, resolveu desencantar com uma grande atuação e inclusive fez um gol.

Mas essa "melhora repentina" do Gaúcho se deu por dois motivos: primeiro, se não vencesse, o clube estaria fora da competição e cabeças rolariam. Segundo, Ronaldinho estava muito feliz porque conseguiu vencer a queda de braço com Vanderlei Luxemburgo, com quem teve problemas dentro do clube, e, portanto, aquela seria a última partida sob o comando do treinador.

Abraçado por Bottinelli, Ronaldinho Gaúcho lamenta
eliminação do Flamengo (foto: Maurício Val/Vipcomm)

Na fase de grupos, a apatia voltou a tomar conta do elenco flamenguista. Fracas exibições comprometeram a vida do time na competição. No jogo contra o Emelec, em Quito, o Flamengo esteve na frente do placar por duas vezes e ainda conseguiu perder. No Engenhão, vencia o Olimpia por 3 a 0, mas permitiu a reação dos paraguaios e empatou por 3 a 3.

E após a eliminação, o volante Luiz Antonio disse que “Hoje (ontem) fizemos a nossa parte e até o finalzinho do jogo entre Olimpia e Emelec estávamos classificados. No fim de tudo dá para concluir que perdemos a classificação para nós mesmos”.

Por que o Flamengo não jogou assim as outras partidas? Ainda bem que o Luiz Antonio sabe que o Flamengo perdeu para ele mesmo. Mas será que outros atletas conseguem pensar assim? Hein, Ronaldinho?

Roger admitiu ser "desligado em certas partidas"

A falta de vontade em atuar em várias partidas e “comer a bola” em algumas acontece com muitos jogadores no Brasil, por isso Ronaldinho Gaúcho não está sozinho. O meia Roger, do Cruzeiro, admitiu que se sente desestimulado a jogar a maioria dos jogos.

“Às vezes, estou desligado em certas partidas, mas clássico é muito bom. Eu jogo mais nestas partidas, porque dá mais visibilidade. Jogar bem contra as equipes menores não tem a mesma visibilidade”, confessou o jogador após ter entrado muito bem no segundo tempo do clássico contra o Atlético, pelo Campeonato Mineiro, no último domingo.

É mesmo Roger. Deu para perceber, já que você não jogou nada no empate contra a Chapecoense, no jogo de ida pela 2ª fase da Copa do Brasil. Para você, fica o conselho de que o Cruzeiro também precisou do seu futebol nesta partida para eliminar o segundo jogo, o que seria fundamental para amenizar o calendário da equipe.

O jogador tem que aprender que todo jogo vale os mesmos três pontos, seja ele contra o maior rival, em um jogo decisivo ou contra um time menor. Por isso, o empenho tem que ser o mesmo. Os clubes pagam altos salários para atletas de alto rendimento e não para “atletas que rendem quando querem”. E o exemplo tem que vir justamente dos ditos “craques”, o que não vem acontecendo.

É por essas e outras que o futebol brasileiro vem perdendo espaço para Espanha, Holanda e Alemanha no cenário mundial. A bola dá benesses, mas também pune!!!