sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Demorou, mas vendeu


por Fábio Rocha

A 97ª edição do Campeonato Mineiro começa neste final de semana com algumas novidades, dentre elas a volta de apenas quatro times se classificando para a próxima fase. A decisão mais sensata. No entanto, hoje a Federação Mineira de Futebol (FMF) anunciou mais uma novidade para a competição, mas que não afetará o regulamento. Trata-se da venda do nome ‘Campeonato Mineiro’ para o Banco BMG.

Assim como tem a Copa Kia do Brasil, Copa Santander Libertadores, Copa Nissan Sul-Americana, Gauchão Coca-Cola, Barclays Premier League (Campeonato Inglês patrocinado pelo banco Barclays), Serie A TIM (Campeonato Italiano que tem o nome vinculado à empresa de telefonia daquele país) e por aí vai, o Estadual de Minas Gerais se chamará ‘Campeonato Mineiro BMG’.

A FMF fez para esta temporada o que deveria ter feito há muito mais tempo. Antes, a entidade preferia tocar o futebol do Estado apenas com porcentagens das rendas dos jogos, principalmente do dinheiro proveniente do clássico no Mineirão entre Atlético e Cruzeiro que, segundo o próprio presidente Paulo Schettino, rendia em apenas uma partida R$ 150 mil para os cofres da federação. Observação: a FMF tem direito a 10% da renda nos clássicos, 8,5% nas partidas disputadas no interior e 5% em jogos da Sul-Americana e Libertadores.

De acordo com Schettino, o fechamento do principal estádio de Minas provocou uma perda de arrecadação e a FMF viu-se obrigada a angariar fundos de outra forma para honrar os compromissos com os funcionários. Schettino não confirma, por força de contrato, mas o valor pago pelo banco mineiro para ter o nome vinculado ao torneio é de R$ 2,5 milhões. Além disso, o banco estampará sua marca nos uniformes dos funcionários da federação e da arbitragem, nas placas de publicidade e nos ingressos.

Não sei quanto a FMF arrecadava por ano com as porcentagens das rendas dos jogos realizados em Minas Gerais. Não deve ser tudo isso. Mesmo porque, agora, além de receber parte da renda das partidas, a federação terá mais este dinheiro do banco. E com a arbitragem mineira cada vez menos prestigiada pelos clubes da capital, por conta dos erros cometidos num passado recente, não seria hora de investir um pouco deste dinheiro nos árbitros visando melhorar o nível do apito em Minas Gerais? Se não for agora não será nunca.

Na fase final do Mineiro, apitarão apenas árbitros de outros estados. (Foto: FFERJ)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Sobram atacantes. Falta qualidade

por Fábio Rocha

O futebol mineiro iniciou 2011 com uma situação curiosa: todas as três equipes da capital correndo atrás de atacantes. O que evidencia a falta de qualidade no setor de América, Atlético e Cruzeiro. A enorme quantidade de jogadores para a posição no Galo e na Raposa é de assustar. Mas se formos reparar, apenas um ou dois têm condições de vestir a camisa de titular. No Coelho há um número menor de atacantes, porém, apenas um tem a confiança da torcida.

Até o momento, o Coelho tem quatro jogadores para o ataque: Fábio Júnior, Thiago Silvy, Euller e Daniel Lovinho (a única contratação para o setor, mas de gosto duvidoso). Dos três times é o que mais precisa reforçar o ataque. Olha que o clube ainda dispensou, a pedido do técnico Mauro Fernandes, os avançados Jandson e Laécio. Pela Série B, o primeiro marcou apenas quatro gols em 18 jogos, enquanto o segundo entrou em campo em 10 partidas e não balançou as redes nenhuma vez. Números horríveis para um atacante.

O atacante Laécio foi dispensado após não marcar nenhum
gol no Brasileirão da Série B. (Foto: site América)

O único que salva no ataque americano é Fábio Júnior, vice-artilheiro da Série B em 2010 com 19 gols. Thiago Silvy segue apenas como opção para o banco de reservas, já que o time precisa de mais um atacante qualificado se quiser fazer muitos gols na Série A de 2011. A dor de cabeça para a ofensiva de Mauro Fernandes é tanta, que o técnico improvisou o armador Luciano no ataque nos amistosos deste ano. E, claro, ele não conseguiu render como no meio, prejudicando o esquema tático.

Euller já não aguenta mais o ritmo do futebol atual. Com 39 anos, o jogador, que tem como característica principal a velocidade, não foi bem em 2010, sofreu com lesões e não rende mais para o clube. Claro que ele tem uma história no América, mas pelo bem da instituição penso que o “Filho do Vento” deveria ter se aposentado ao final do ano passado. Em tempo: Euller renovou seu contrato com o América até julho deste ano, quando pretende encerrar sua carreira em um jogo de reinauguração do Estádio Independência.

O Cruzeiro é outro que sente a falta de um goleador. O time pecou demais nas finalizações durante o Brasileiro e terminou o campeonato como o sétimo melhor ataque com 54 gols. O clube pagou com a perda do título nacional. Ter Thiago Ribeiro como artilheiro do time na temporada não é o suficiente. Ele arma as jogadas. Joga pelos lados. A função principal de Thiago não é marcar gols e nunca foi durante toda sua carreira.

Só para se ter uma ideia da ineficiência do ataque celeste no Brasileiro do ano passado, o Cruzeiro venceu por 1 a 0 em nove oportunidades. Seria jogar pelo resultado ou retrata a falta de qualidade dos atacantes celestes? Fico com a segunda opção. Ou derrotas para Ceará, Atlético-GO e Vitória, além de empates em casa contra Avaí e Prudente são justificáveis? O Cruzeiro sente falta de um camisa 9 desde a saída de Kléber, em junho do ano passado. Outro que deixa saudade na torcida celeste é Marcelo Moreno, vendido em maio de 2008.


Marcelo Moreno marcou 21 gols em 36 jogos
pelo Cruzeiro entre 2007 e 2008 (Foto: Reuters)

Para 2011, Zezé Perrella prometeu um atacante de peso para suprir a falta de gols. Até agora ele não chegou. Desembarcaram na Toca II: André Dias, Reis e Ortigoza. Nenhum deles resolverá o problema. Assim como o Atlético, o Cruzeiro está com excesso de jogadores para o ataque, mas com pouca qualidade. Além dos três contratados, o clube ainda tem mais seis: Thiago Ribeiro, Wellington Paulista, Ernesto Farías, Wallyson, Eliandro e Thiaguinho.

Em sua passagem pelo Palmeiras em 2009, o paraguaio Ortigoza marcou apenas oito gols em 42 partidas, enquanto o Palmeiras lutava pelo título Brasileiro!! André Dias foi bem quando atuou pelo Paraná, em 2005, e pelo Vasco, em 2007, ano que foi vendido para os Emirados Árabes. E foi só. Depois não podemos analisar mais. Jogar no Oriente Médio, ser campeão e artilheiro por lá não serve de referência. Além disso, há seis meses o jogador se recupera de uma lesão no joelho. E o Reis, que se chamava Deivid no Tupi e no América, chega como aposta. Marcou 11 gols pela Ponte Preta no Brasileiro da Série B do ano passado. Mas jogar pela Ponte é uma coisa e pelo Cruzeiro é outra totalmente diferente. Lembremos das “apostas” cruzeirenses nos últimos tempos para o ataque: Wanderley, Rômulo, Kieza e Anderson Lessa.

Saindo das contratações, o Cruzeiro já conta no elenco com o argentino Farías, que não mostra mais futebol desde quando saiu do River Plate, em 2007. No Cruzeiro, ele atuou em apenas dez jogos marcando quatro gols. Wallyson foi uma das “apostas” e acabou sendo pouco aproveitado em 2010. Eliandro pouco acrescentou ao time quando jogou e Thiaguinho é a promessa de 2011. O jogador foi bem na campanha do bicampeonato do Brasileiro sub-20 neste ano, mas ainda precisa ser mais bem trabalhado nos profissionais.

Se Wellington Paulista permanecer no clube, penso que ele continua sendo o melhor para atuar ao lado de Thiago Ribeiro (único titular absoluto no ataque), ou seja, nada de novo na ofensiva cruzeirense para 2011.


Desde a saída de Kléber, o Cruzeiro não encontrou outro centroavante.
Pela Raposa, o Gladiador marcou 38 gols em 59 jogos. (Foto: Vipcomm)

No Atlético a situação do ataque é o melhor dos três, mas ainda sim é preocupante. Mesmo com a péssima campanha no Brasileiro de 2010, o Galo terminou a competição como o oitavo melhor ataque, com 52 gols. Mas com a saída de Obina para o Shandong Luneng, da China, o time perdeu um jogador-referência dentro da área. Afinal, Obina foi o artilheiro da equipe no ano passado com 27 gols em 39 partidas.

O que mais questiono é a qualidade dos atacantes alvinegros. Além disso, o clube conta com um inchaço na posição. São nove jogadores: Diego Tardelli, Jóbson, Neto Berola, Ricardo Bueno, Magno Alves, Pedro Paulo, Wesley, Wescley e Jheimy. Na minha modesta opinião, destes, apenas Tardelli e Jóbson têm qualidade para serem titulares. Mas e na reserva? Penso que Neto Berola e Magno Alves são bons reservas. Nada mais. Tirando o garoto Wescley, que veio da base – e ainda não se sabe qual será o rendimento dele no time profissional – não vejo qualidade nos outros atletas para a disputa de competições como Copa do Brasil, Brasileiro e Sul-Americana.


Após dois anos, Tardelli segue como referência no ataque atleticano.
Em 107 jogos ele marcou 67 gols. (Foto: Bruno Cantini/site Atlético)

Com a saída de Obina, Dorival Júnior aposta todas as suas fichas em Ricardo Bueno. Aquele mesmo que marcou apenas dois gols (contra o Atlético-GO) pelo Brasileiro do ano passado. Mas o técnico especialista em fazer milagres (fez o time do Vasco jogar bola, mesmo que na Série B, e salvou o Atlético do rebaixamento que parecia iminente), pode tentar praticar mais este feito no clube: fazer Ricardo Bueno jogar.

Apesar das contratações de América, Atlético e Cruzeiro, do jeito que as coisas vão, assim como em 2010, este ano os atacantes com poder de decisão no futebol mineiro continuarão sendo Fábio Júnior, Thiago Ribeiro e Diego Tardelli.
 

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Eu odeio esperar

por Adriana Ferreira

Não é por eu ser do sexo feminino que já venho com essa intolerância “de fábrica”. Mas, de fato, ficar esperando não é do meu agrado. No futebol, isso acontece com frequência. Aposto que os torcedores nem percebem os três minutinhos de atraso do seu time ao entrar em campo (tanto no início do jogo quanto na volta do intervalo). Porém o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) está de olho nos atrasadinhos.

O final de 2010 serviu para os clubes contabilizarem os prejuízos extra campo. O Santos foi condenado em dois julgamentos e absolvidos em outros dois. No entanto, o alvinegro praiano pagará várias multas que totalizadas somam R$ 8 mil.

Com um prejuízo de R$ 8.800,00 o Internacional foi o clube que deu o pontapé inicial nestas infrações. O Colorado começou o Campeonato Brasileiro de 2010 com atraso, e já na primeira rodada foi penalizado em R$ 2 mil. Bem diferente do ano anterior em que nenhuma multa foi computada nos cofres da equipe.

Já o Grêmio foi além: R$ 9.200,00 de atraso em competições nacionais. Além das equipes gaúchas e do Santos, Palmeiras, Ceará e Botafogo também foram penalizados, porém em valores menores.

De acordo com o Artigo 206 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (atualizado em 2010), o time que atrasar o início da realização de uma partida pagará por cada minuto, contabilizado um valor entre R$ 100 e R$ 1.000.

"Art. 206.  Dar causa ao atraso do início da realização de partida, prova ou equivalente, ou deixar de apresentar a sua equipe em campo até a hora marcada para o início ou reinício da partida, prova ou equivalente.
PENA: multa de R$ 100,00 (cem reais) até R$ 1.000,00 (mil reais) por minuto.
Parágrafo 1º - Se o atraso for superior ao tempo previsto no regulamento de competição da respectiva modalidade, o infrator responderá pelas penas previstas no art. 203.
Parágrafo 2º - Quando duas ou mais partidas forem disputadas no mesmo horário e verificar-se que o atraso da equipe permitiu ao infrator conhecer resultados de outras partidas antes que a sua estivesse encerrada, a multa ser de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais)."

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Ano novo, dívida nova

por Fábio Rocha

Essa é a realidade de muitos brasileiros após as festas de final de ano. No mundo do futebol não é diferente: a cada temporada as dívidas dos clubes do Brasil aumentam. Não somos nós do Tabelinha Esporte Clube que estamos dizendo, mas sim os números. Em oposição à melhora na economia do país, as finanças da maioria dos clubes estão no vermelho. E a situação vem de muito tempo.

A contratação de jogadores consagrados que atuam na Europa aumentou nos últimos dois anos e se intensificou no final de 2010. As voltas ao futebol brasileiro (em definitivo ou por empréstimo) de jogadores como Ronaldo, Adriano, Robinho, Vagner Love, Roberto Carlos, Deco, Fred e, agora, Ronaldinho Gaúcho podem significar para um leigo que os times estão mais “endinheirados”, o que não se reflete na realidade.


Em 2010, Fred renovou com o Fluminense por cerca de R$ 460 mil mensais.
Clube pagará R$ 150 mil e o restante ficará por conta do patrocinador

Como o balanço de 2010 dos clubes ainda não foi divulgado (os dirigentes têm até o mês de abril de 2011 para apresentá-lo), trabalharemos com os números de 2009. Detalhe: levando-se em conta que os estádios Mineirão e Maracanã estão fechados para reformas visando a Copa do Mundo de 2014, a receita de bilheteria dos clubes mineiros e cariocas ficará ainda menor nos próximos três anos. Dito isso, seria mesmo um bom negócio para os clubes repatriar jogadores da Europa, inflacionando ainda mais os salários no Brasil? Veja os números e tire suas próprias conclusões.

Números da empresa de consultoria Crowe e Howarts, levantados entre os anos de 2004 e 2009, mostram que, entre os 20 times com maiores receitas no Brasil, apenas quatro fecharam as contas no azul no acumulado durante o período: Atlético-PR (R$ 35,282 milhões), São Paulo (R$ 10,947 milhões), Internacional (R$ 7,713 milhões) e São Caetano (R$ 3,649 milhões).

Os outros só deram prejuízo. Os mais deficitários foram o Vasco (- R$ 344,505 milhões), o atual campeão brasileiro Fluminense (- R$ 238,314 milhões), o Atlético-MG (- R$ 166,227 milhões) e o Palmeiras (- R$ 108,382 milhões).

Apostar apenas em jogador-vitrine não resolve

Apesar dos péssimos números, ações de marketing, participação em competições internacionais e, claro, títulos podem ajudar a turbinar as receitas. Entre 2008 e 2009, apenas Corinthians (R$ 16,697 milhões) e São Paulo (R$ 2,670 milhões) fecharam suas contas com saldo positivo. O Corinthians conseguiu alavancar suas finanças após a contratação de Ronaldo, no final de 2008. Vários patrocínios chegaram a reboque e a marca Corinthians ficou valorizada superando a do Flamengo, antes a mais bem avaliada do país. Já o Tricolor do Morumbi aumentou sua receita com o título Brasileiro de 2008 e participações seguidas na Copa Libertadores (atraindo investidores e valorizando os atletas para negociações futuras).




Podemos afirmar também que a vinda de Ronaldo foi tão pontual para o superávit de quase R$ 17 milhões nas contas do Corinthians que, fazendo um comparativo com 2007, o clube paulista fechou aquele ano com prejuízo de mais de R$ 23 milhões, de acordo com a empresa Casual Auditores. Mas será que sempre vai funcionar assim? Toda vez que um craque desembarcar para jogar no Brasil, o clube que o contratou conseguirá reverter os gastos em vendas de camisas e outras formas de marketing? Não podemos dizer que o sucesso do Fenômeno nas finanças se repetiu no campo. Os sérios problemas com a balança e seguidas contusões atrapalharam o atacante no ano do centenário do Timão. O único título de expressão foi a Copa do Brasil, em 2009, e a tão sonhada Libertadores ficou pelo meio do caminho.

Se o Ronaldo se destacasse nos jogos, o Corinthians não poderia lucrar ainda mais? Acho que muitos disseram que sim. Por isso, trazer craques para jogar aqui pode se tornar arriscado. E se o jogador não render? O torcedor ficará desmotivado, as vendas de camisa cairão, o estádio ficará mais vazio e os patrocinadores se afastarão aos poucos.

Rombo quase dobrou em 4 anos

É preciso muito mais que as ações de marketing em cima de apenas um jogador visando o aumento nas receitas, assim como o Flamengo tentará fazer com Ronaldinho Gaúcho. Por isso mesmo, uma auditoria feita em junho de 2010 pela Casual Auditores em associação com a empresa Parker Randall mostrou que os clubes brasileiros profissionais acumulam R$ 2,4 bilhões em dívidas (57% do débito é com o Governo Federal). Só para se ter uma ideia, o relatório mostra que o valor cresce a cada ano e já é quase o dobro de 2006, quando os times deviam “apenas” R$ 1,3 bilhão.

Para não depender tanto de apenas um atleta, uma das saídas seria o investimento dos clubes em ações de marketing da instituição esportiva, ou seja, valorizar a marca sem atrelá-la a um determinado atleta. Assim, a venda de produtos do clube se manterá independentemente da presença do jogador consagrado. Desenvolver um projeto de sócio-torcedor; negociar melhores cotas de patrocínios; enxugar gastos desnecessários dentro do clube. Não precisa ser um expert em marketing para saber que todas essas medidas ajudam nas finanças ao final do ano.

“Investidores” endividam times mineiros

Diante de tantos números negativos, podemos nos perguntar por que alguns clubes iniciaram 2011 investindo em jogadores com salários astronômicos, chegando a competir com os europeus. Será culpa dos chamados “grupos de investidores”? Certo é que cada vez mais os clubes estão dependentes destas empresas e dos bancos – para pagar os altos salários ou para pagar parte dos direitos econômicos do atleta que será contratado.

Virando o foco para Minas Gerais, podemos ilustrar essa situação de empréstimos envolvendo investidores/clubes citando os casos de Atlético e Cruzeiro. O Galo tinha em 2007 uma dívida por Empréstimos em torno de R$ 94 milhões. No ano seguinte, saltou para quase R$ 106 milhões e, em 2009, o clube fechou com R$ 122,5 milhões em débito. É o clube que mais pegou empréstimos no Brasil, segundo o relatório da Casual Auditores.

Com a Raposa os números são bem menores que os do rival, mas a situação não é diferente. De 2007 para 2009, o clube pulou de R$ 10 milhões para R$ 26 milhões em dívidas por Empréstimos. Neste período, o que os dois clubes conquistaram? Absolutamente nada. A não ser que consideremos o Campeonato Mineiro. Mas pelo valor dos investimentos, os clubes não podem considerar campeonato estadual como título.

Números da empresa Casual Auditores mostram o quanto as dívidas de vários clubes cresceu de 2008 para 2009


Argentinos são exemplo negativo

Certo é que a situação tem que mudar, senão em um futuro bem próximo os times brasileiros ficarão quebrados como os argentinos. É só olharmos para os hermanos e perceber o por que Boca Juniors e River Plate não conseguiram se classificar para a Copa Libertadores da América pelo segundo ano consecutivo. E o atual campeão Brasileiro? O Fluminense. O clube carioca tem por trás uma empresa de plano de saúde que injetou dinheiro para formar um super time com contratações e pagamento de parte dos salários de Muricy Ramalho, Deco, Conca e Fred. Tudo bem, o título veio (R$ 8 milhões em caixa). Mas os dirigentes devem se lembrar que apenas esse dinheiro não conseguirá tapar o rombo financeiro no clube, que lidera o ranking dos maiores devedores do país.

Nem 30% dos grandes clubes fecham no azul

Em 2009, de 15 grandes times do Brasil, apenas Atlético-PR, Corinthians e São Paulo ficaram com os cofres no azul. O resto só no prejuízo, de acordo com a Casual Auditores. Mesmo com a boa campanha no Brasileiro daquele ano, o Atlético terminou devendo R$ 23 milhões e 248 mil. E o Cruzeiro com saldo negativo de R$ 24 milhões e 459 mil. Não foi por acaso. Isso já vem acontecendo há algum tempo. Em 2008, dos 21 clubes analisados, apenas seis tiveram superávit (Corinthians, Barueri, São Paulo, Figueirense, Coritiba e Portuguesa), o que corresponde a 28% dos times. Em 2007, apenas cinco clubes não tiveram déficit (Atlético-PR, Juventude, Santos, São Paulo e Barueri), o que dá 23% dos clubes pesquisados. E como as bilheterias ajudam a aliviar as contas, com o fechamento do Mineirão os números de 2010 para Atlético e Cruzeiro tendem a ser ainda pior.

Europeus pisam no freio

Para piorar a situação dos clubes brasileiros, o presidente da Uefa, o francês Michel Platini publicou na terça-feira (11/01) uma espécie de “Fair Play” financeiro para os times europeus. Trata-se de um plano para impor um limite nos gastos dos clubes em contratações de jogadores. O objetivo é que nas próximas duas temporadas (2011/12 e 2012/13), o déficit não supere 45 milhões de euros. Ao longo dos anos, esse valor cairá aos poucos até chegar a zero, ou seja, nenhum clube do Velho Continente poderá dever sob pena de até ficar de fora de competições como Liga dos Campeões e Liga Europa.

Com isso, times comandados por multimilionários como Manchester City e Chelsea, além do Real Madrid, (que gostam de fazer loucuras em contratações) ficarão impedidos de fazer acordos absurdos para adquirir jogadores, ao menos que arrecadem valores aproximados para equilibrar o saldo financeiro (o que se torna praticamente impossível). Desta forma, os brasileiros também deixarão de vender seus craques por preços incrivelmente altos, como foi a negociação de R$ 70 milhões de Robinho, do Santos para o Real Madrid, em 2005.

No mínimo para se pensar, não é cartolagem brasileira.

Ranking dos devedores (números do 1º semestre de 2010):

1º Fluminense - R$ 319,7 milhões
2º Botafogo - R$ 301 milhões
3º Atlético-MG - R$ 293,4 milhões
4º Vasco - R$ 291 milhões
5º Flamengo - R$ 278 milhões
6º Santos - R$ 153,5 milhões
7º Internacional - R$ 142,9 milhões
8º Corinthians - R$ 128,6 milhões
9º Grêmio - R$ 126 milhões
10º São Paulo - R$ 114,1 milhões
11º Palmeiras - R$ 102,6 milhões
12º Cruzeiro - R$ 92,7 milhões
13º Coritiba - R$ 50,4 milhões
14º Atlético-PR - R$ 20,1 milhões

* Crédito foto Fred (pop.com.br)
** Crédito foto Ronado (Reuters)

Bem-vindos

Sejam bem-vindos ao Tabelinha Esporte Clube. Um blog voltado para informar e comentar o que acontece no esporte mineiro, brasileiro e mundial. Aqui, o internauta não ficará sabendo de resultados de jogos e/ou comentários sobre partidas ou competições. O objetivo deste blog é falar sobre assuntos que margeiam os diversos esportes - seja ele futebol, vôlei, basquete, natação ou tênis - levantando questionamentos sobre um determinado tema.

Chega de explicações. Vamos ao que interessa. Só mesmo com as postagens é que vocês vão entender o propósito deste espaço. Para começar, as dívidas dos clubes brasileiros misturada com grandes contratações. Será que os chamados "grupos de investidores" e suas injeções de dinheiro nos clubes ajudam a conquistar títulos? E o marketing esportivo? A contratação de um jogador de peso ajuda nas finanças de um clube? É o que abordamos no post "Ano novo, dívida nova".