domingo, 30 de outubro de 2011

Times que mais ficaram na zona rebaixamento nunca caíram juntos para Série B

Com as derrotas no final de semana, Cruzeiro e Ceará continuam correndo sério risco de rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro, mesmo não tendo frequentado muitas vezes a zona de desconforto. E o Atlético-MG vem se recuperando e distanciando do Z-4, depois de duas vitórias consecutivas sobre Fluminense e Palmeiras.

Após 32 rodadas, os clubes que ficaram mais vezes entre os quatro últimos do Campeonato Brasileiro são: Avaí (32), Atlético-PR (31), América (27) e Atlético-MG (15). Dos clubes que lutam contra o descenso, além dos citados, o Ceará figurou por cinco rodadas na zona de rebaixamento, enquanto Bahia e Cruzeiro estiveram por três rodadas.

Um levantamento realizado pelo Blog Tabelinha E.C mostra que, na Era dos Pontos Corridos, nunca aconteceu de os quatro times mais assíduos do Z-4 serem rebaixados. O registro é de que pelo menos um clube conseguiu se salvar. E acabou caindo outros times que haviam ficado poucas vezes na zona de perigo. Pode ser uma luz no fim do túnel para o Atlético e um pesadelo para o arquirrival Cruzeiro, já que a queda do América é praticamente inevitável.

Alguns jogadores dizem que não adianta ficar várias rodadas na liderança e no último jogo perdê-la. E que, por isso, o que importa é ficar na liderança na 38ª rodada. O mesmo vale para os times que brigam contra o rebaixamento. O importante é ficar fora do Z-4 na última rodada. Exemplo maior é do Criciúma que, em 2004, ficou na zona da degola apenas nas duas últimas rodadas e, claro, foi rebaixado.

Desde 2008, dois clubes se salvam

O retrospecto dos últimos Campeonatos Brasileiros é ainda mais animador para a turma de baixo. Desde 2008, pelo menos dois clubes, entre os mais frequentadores do Z-4, conseguiram escapar da queda para a Série B. Foram os casos de Fluminense e Santos (2008); Botafogo e Fluminense (2009); e Atlético-GO e Atlético-MG (2010).

Desta forma, o Atlético-MG tem grande possibilidade de permanecer na Série A, mantendo o curioso tabu do campeonato. Por outro lado, Bahia, Cruzeiro e Ceará devem abrir os olhos, pois mesmo ficando poucas rodadas na zona vermelha, eles têm possibilidade de ser um dos rebaixados. O recente desempenho no returno do Tricolor baiano, da Raposa e do Vovô - os três times vêm em queda livre - mostra que a constatação levantada pelo Tabelinha E.C não se trata de uma mera coincidência.

Veja abaixo a relação dos clubes que mais ficaram na zona de rebaixamento e os que caíram, desde 2003:


Ø     2003 (46 rodadas): Nenhum dos times que ficou mais rodadas na zona de rebaixamento caiu
       - Os quatro clubes que permaneceram mais rodadas no Z-4: Juventude (25) e Grêmio (ficou 22 rodadas e só escapou na penúltima)
       - Rebaixados: Fortaleza (havia ficado apenas 5 rodadas no Z-4) e Bahia (ficou apenas 7 rodadas)

Ø     2004 (46 rodadas): 2 dos 4 times caíram
- Mais rodadas ficaram no Z-4: Guarani (34), Botafogo (33), Flamengo (26) e Grêmio (22)
- Rebaixados: Criciúma (figurou no Z-4 apenas nas duas últimas rodadas), Vitória (ficou 8 rodadas), Guarani e Grêmio

Ø    2005 (42 rodadas): 3 dos 4 times caíram
- Mais rodadas ficaram no Z-4: Atlético-MG (37), Figueirense (33), Paysandu (31) e Brasiliense (21)
- Rebaixados: Coritiba (ficou no Z-4 nas cinco últimas rodadas), Atlético-MG, Paysandu e Brasiliense

Ø    2006 (38 rodadas): 3 dos 4 times caíram
- Mais rodadas ficaram no Z-4: Santa Cruz (36), Fortaleza (29), São Caetano (17) e Corinthians (17)
- Rebaixados: Ponte Preta (13 rodadas - sendo que ficou durante as nove últimas), Fortaleza, São Caetano e Santa Cruz

Ø    2007: 3 dos 4 times caíram
- Mais rodadas ficaram no Z-4: América-RN (35), Juventude (34), Náutico (21) e Paraná (13)
- Rebaixados: Corinthians (9 rodadas, e caiu apenas na última), Juventude, Paraná e América-RN

Ø    2008: 2 dos 4 times caíram
- Mais rodadas ficaram no Z-4: Ipatinga (35), Fluminense (25), Santos (20) e Portuguesa (18)
- Rebaixados: Figueirense (caiu para o Z-4 faltando apenas 6 rodadas para o fim e não conseguiu sair), Vasco (14), Portuguesa e Ipatinga

Ø     2009: 2 dos 4 times caíram
- Mais rodadas ficaram no Z-4: Sport (29), Fluminense (27), Náutico (26) e Botafogo (20)
- Rebaixados: Coritiba (9), Santo André (15), Náutico e Sport

Ø     2010: 2 dos 4 times caíram
- Mais rodadas ficaram no Z-4: Goiás (32), Atlético-GO (27), Grêmio Prudente (26) e Atlético-MG (25)
- Rebaixados: Vitória (7), Guarani (caiu para o Z-4 faltando apenas 6 rodadas para o fim e não conseguiu sair), Goiás e Grêmio Prudente

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Contratações do ano no Atlético formam dois times no 4-3-3

As recentes contratações do lateral-direito Carlos César e do meia-atacante Didira foram as últimas do ano no Atlético. O clube alvinegro fechou a temporada com 23 jogadores contratados. Muito além das "contratações pontuais" que seriam feitas, como disse o presidente Alexandre Kalil no início do ano. A quantidade de atletas dá para se formar dois times no esquema com três atacantes, pois o Atlético contratou dois ou mais jogadores para cada posição.

Dos 23 contratados, cinco atletas não fazem parte do atual grupo, casos de Jobson, Patric, Guilherme Santos, Toró e Caio, e dois nunca foram testados até agora, como o goleiro Lee e o zagueiro Luiz Eduardo. O que aumenta as falhas da diretoria.

Kalil já contratou 73 jogadores na sua gestão e não montou
um time base. (foto: Thiago Nogueira-UOL Esporte)

Com o nome dos atletas em mãos, conseguimos escalar dois times completos no esquema 4-3-3, improvisando apenas na zaga (inserindo os volantes Richarlyson e Gilberto), porque o clube buscou apenas dois jogadores para a posição: Leonardo Silva e Luiz Eduardo. Ainda sobra na "reserva" o atacante Wesley, contratado junto ao Grêmio Prudente (atual Grêmio Barueri).

Mas não foi apenas neste ano que o Atlético contratou uma avalanche de jogadores, deixando de formar uma base para a disputa dos campeonatos. Desde quando assumiu o clube, em outubro de 2008, Alexandre Kalil já trouxe 73 jogadores. Foram 26 atletas em 2009 e mais 24 no ano passado.

Veja as escalações dos contratados de 2011:

Time A:
Goleiro: Giovanni
Lateral-direito: Carlos César
Lateral-esquerdo: Triguinho
Zagueiros: Leonardo Silva e Richarlyson
Meio-campo: Dudu Cearense, Pierre, Mancini
Atacantes: Magno Alves, André e Guilherme

Time B:
Goleiro: Lee
Lateral-direito: Patric
Lateral-esquerdo: Guilherme Santos
Zagueiros: Luiz Eduardo e Gilberto
Meio-campo: Toró, Caio e Didira
Atacantes: Jobson, Marquinhos Cambalhota e Jonatas Obina

Reserva: Wesley

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Rendimento de técnicos prejudica clubes mineiros na luta contra rebaixamento

O Cruzeiro anunciou, no início da tarde desta segunda-feira, Vagner Mancini como o treinador para salvar o time da queda para a Série B do Campeonato Brasileiro. Mas a troca no comando técnico não tem surtido efeito para a regularidade no desempenho de América, Atlético e Cruzeiro no torneio nacional.

Pelo contrário, os números mostram que o aproveitamento dos técnicos tem prejudicado os três times na luta contra o rebaixamento. As saídas de Mauro Fernandes, Dorival Júnior, e Cuca não contribuíram em nada para melhorar o desempenho das equipes dentro do Brasileirão.

Os matemáticos dizem que 45 pontos são suficientes para um time não cair para a Série B. Portanto, nos 12 jogos restantes do campeonato, o Cruzeiro terá que fazer 16 pontos para se manter na Série A. Assim, o quarto treinador celeste no Brasileirão vai ter que levar o time a vencer cinco partidas e empatar uma, ou ainda, vencer quatro e empatar outras quatro.

Um aproveitamento de 44,4%, número que apenas Joel Santana conseguiu atingir até o momento. No início do campeonato, Cuca era o treinador e, após a eliminação na Libertadores, conseguiu apenas 20% de aproveitamento e foi demitido. Veio Joel Santana, mas, apesar do desempenho de 60%, o estilo de jogo defensivo fez com que o “papai Joel” desagradasse diretoria e torcida. Emerson Ávila foi efetivado no cargo, mas não conseguiu vencer em seis jogos e amargou pífios 11,1% de rendimento.

Vagner Mancini foi anunciado como novo técnico
do Cruzeiro. (foto: LC Moreira/Lancenet)

Vagner Mancini chega com números modestos. A título de comparação – pois os times são diferentes –, no Ceará, Vagner Mancini conquistou 39,1% dos pontos nos 23 jogos do campeonato, o que, nas projeções de hoje, pode representar a queda do Cruzeiro para a Série B.

Já o Atlético terá que somar 20 pontos nas próximas 12 partidas para não cair. Um aproveitamento de 55,5%, o que nem Dorival muito menos Cuca – até o momento – conseguiram alcançar. Nas 15 partidas em que dirigiu o alvinegro, Dorival conquistou 15 pontos (33,3%). Foi demitido pela diretoria e Cuca assumiu. Em 11 jogos, o atual comandante melhorou o conjunto da equipe, mas piorou os números e conquistou 10 pontos em 11 jogos (30,3%).

A pior situação é a do América. Virtual rebaixado, o time precisa conquistar 26 pontos em 36 possíveis. Um rendimento de 72,2%. E, de todos os três treinadores que tentaram, nenhum deles conseguiu alcançar sequer a metade deste aproveitamento proposto para escapar da degola. Mauro Fernandes conquistou apenas seis pontos (22,2%). Antônio Lopes somou mais dois e derrubou o rendimento para 16,6% e Givanildo Oliveira elevou para 30,5% o aproveitamento americano no campeonato. Mesmo assim, não é o suficiente para tirar o clube da zona de rebaixamento.

Veja o aproveitamento de cada treinador neste Brasileirão:

América:
- Mauro Fernandes: 22,2% aproveitamento em 9 jogos (6 pontos em 27 possíveis)
- Antônio Lopes: 16,6% aproveitamento em 4 jogos (2 pontos em 12 possíveis)
- Givanildo Oliveira: 30,5% aproveitamento em 12 jogos (11 pontos em 36 possíveis)

* Milagres, técnico dos juniores, dirigiu o América, interinamente, durante a troca de Lopes por Givanildo, na derrota por 2 a 1 para o Corinthians.

Atlético:
- Dorival Júnior: 33,3% aproveitamento em 15 jogos (15 pontos em 45 possíveis)
- Cuca: 30,3% aproveitamento em 11 jogos (10 pontos em 33 possíveis)

Cruzeiro:
- Cuca: 20% aproveitamento em 5 jogos (3 pontos em 15 possíveis)
- Joel Santana: 60% aproveitamento em 15 jogos (24 pontos em 45 possíveis)
- Emerson Ávila: 11,1% aproveitamento em 6 jogos (2 pontos em 18 possíveis)
- Vagner Mancini (comando do Ceará): 39,1% aproveitamento nos 23 jogos (27 pontos em 69 possíveis)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Dirigente do CRB demite técnico em entrevista ao vivo para rádio

Após a goleada e toda a confusão, o CRB se classificou para a próxima fase do Campeonato Brasileiro da Série C. Mesmo assim, o treinador Flávio Lopes - o mesmo que já comandou América e Villa Nova - foi demitido ao vivo em um programa de rádio local.

Depois da derrota de 4 a 0 para o Fortaleza, no sábado, Flávio Lopes afirmou que os jogadores do clube alagoano ficaram dois dias sem comer e sem dormir. Além disso, o técnico comparou o gramado do Estádio da Pajuçara (local onde o CRB manda seus jogos) a uma quadra de ginásio poliesportivo, pois o chão é muito duro.

Técnico Flávio Lopes foi demitido pela direção do CRB durante
entrevista, ao vivo, do presidente executivo a uma rádio local

Na manhã do domingo, Flávio Lopes concedia entrevista por telefone ao programa Domingão Esportivo, da Rádio Difusora de Alagoas, e confirmou tudo o que disse após o jogo contra o Fortaleza. Pouco tempo depois, o presidente executivo do CRB, Marcos Barbosa, entrou em contato com a redação da rádio. Barbosa entrou ao vivo também por telefone e desmentiu o treinador.

“Isso que o treinador (Flávio Lopes) afirmou não condiz com a verdade. Não faltou comida em Sobral. A presidência do CRB não vai admitir isso. Ele tem que respeitar a diretoria e a torcida do CRB. O técnico está dispensado. Ao vivo, eu anuncio para todos os alagoanos que o treinador está demitido”, sentenciou o dirigente.

A direção do CRB anunciou no final da tarde desta segunda-feira Paulo Sérgio Comelli como o novo treinador do CRB para a sequência da equipe no Campeonato Brasileiro da Série C. O CRB estreia na próxima fase diante do Paysandu, neste sábado às 17h, no Estádio Rei Pelé, em Maceió.

Confusão na Série C: este é o país da Copa?

Como se não bastassem os atrasos nas obras de infraestrutura e estádios, além das acusações de superfaturamento em licitações para a realização destas mesmas obras, o Brasil agora assiste a uma suposta fraude na disputa da Série C do Campeonato Brasileiro. Precisando fazer quatro gols para não ser rebaixado para a Série D, o Fortaleza venceu por 4 a 0 o CRB, de Alagoas, nesse sábado no Estádio Presidente Vargas, no Ceará, e escapou da degola. Mas o resultado se deu sob vários protestos do Campinense-PB que acabou despromovido à Quarta Divisão.

O caso teve desdobramento nesta segunda-feira, quando o árbitro Gutemberg de Paula Fonseca ficou sabendo do vídeo da TV Pajuçara, que mostra Carlinhos Bala, atacante do Fortaleza, fazendo o sinal do “número 1” para os zagueiros rivais após a marcação do terceiro gol. Na sequência, Bala e Gustavo Papa conversam com um jogador adversário no meio-campo.


Veja o vídeo da suposta "armação" entre jogadores do Fortaleza e do CRB. (Crédito: UOL Esporte)

Em entrevista ao site GloboEsporte.com, Gutemberg Fonseca revelou que os atletas dos dois times conversavam o tempo todo para saber quanto estava o jogo entre Campinense e Guarany, de Sobral.

“Isso para mim é novidade, acabo de saber sobre esse vídeo por vocês. Nem eu, nem os assistentes. O que eu percebi é que, às vezes, os jogadores dos dois times conversavam entre si sobre o jogo do Campinense. Era toda hora um perguntando ‘quanto está lá?’ e o outro respondendo com o placar”, afirmou o árbitro.

A derrota do Campinense interessava ao Fortaleza, que assim não seria rebaixado, e o insucesso do Guarany na partida era melhor para o CRB, que se classificava.

Minutos depois, a TV Pajuçara flagrou um zagueiro do CRB conversando com o seu goleiro – que na verdade era o volante – e, supostamente, dizendo “deixa fazer”. Depois, um auxiliar da comissão técnica do Fortaleza também foi visto se aproximando do goleiro.

Ação no STJD

O Campinense promete acionar o Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para punir o Fortaleza. "Estamos indignados com tudo o que aconteceu. E não somos nós quem estamos simplesmente reclamando. Os fatos são flagrantes e mostram que o que aconteceu ontem (sábado) foi um absurdo. Vamos atrás da justiça, porque não seremos omissos nunca", desabafou Tiago Melo, coordenador de comunicação do Campinense, ao site GloboEsporte.com.

O time paraibano deve pleitear a anulação dos pontos, o rebaixamento do Fortaleza e a permanência do Campinense na Série C, mesmo que a decisão seja difícil. "Mesmo que a ação não garanta nada para o Campinense, alguém tem que ser punido. Estamos a menos de três anos de uma Copa do Mundo no Brasil e é um absurdo que este tipo de situação ainda aconteça", alertou Melo.

Entenda o caso

Fortaleza e Campinense lutavam contra o rebaixamento para a Série D do Campeonato Brasileiro. Cearenses e paraibanos começaram a última rodada da Série C com seis pontos e uma vitória cada. A diferença era no saldo de gols: o Campinense tinha saldo menos dois e o Fortaleza devia cinco.

Como o Campinense venceu por 1 a 0 o Guarany-CE, o Fortaleza teria que golear por diferença de quatro gols o CRB. Assim, os cearenses terminavam na frente pelo número de gols marcados. E foi o que aconteceu. Mas o detalhe é que, ao final do primeiro tempo, o Fortaleza empatava o CRB em 0 a 0. O time da casa atrasou o retorno para a segunda etapa e ficou sabendo, com antecedência, o resultado final da partida do Campinense. Assim, eles saberiam quantos gols deveriam fazer para não cair.

Até que, aos seis minutos do segundo tempo o Fortaleza abriu o marcador. Pouco tempo depois, o goleiro Cristiano foi expulso ao se desentender com um gandula. Como o CRB já tinha feito as três alterações, o volante Roberto Lopes foi para o gol. Não demorou para o Fortaleza marcar o segundo gol.

Até aí, o Fortaleza se salvava, pois o Campinense estava empatando com o Guarany. Mas veio a notícia de que os alagoanos fizeram o único gol da partida nos acréscimos e vencido. Desta forma, o Fortaleza precisava de mais dois gols para não cair. E aconteceu. Os cearenses marcaram dois gols em quatro minutos (aos 39 e aos 43 do segundo tempo), salvando o Leão da queda para a Série D do Brasileiro e mandando o Campinense para a Quarta Divisão.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Minas é o terceiro pior estado do Brasileirão

Não é de hoje que Minas Gerais decepciona no Campeonato Brasileiro. O problema veio à tona justamente por causa do Cruzeiro, que sempre regulou e agora vai muito mal na competição nacional. Nas últimas três edições do Brasileirão, com exceção a 2009, o Atlético penou para ficar na Série A e o América, que chegou a amargar a Série C, era esperado a situação em que o time se encontra na classificação.

Nos últimos quatro anos, o aproveitamento dos times rebaixados foi entre 27% e 38%. Se levarmos em conta o desempenho das equipes por Estado, Minas Gerais está entre os três piores e estaria na zona de rebaixamento do "Campeonato Brasileiro por Estado".

Apenas o eixo Rio-São Paulo tem desempenho superior a 50% no campeonato. O Rio de Janeiro aparece em primeiro lugar com 57% de aproveitamento. Os paulistas vêm logo em seguida com 54%. Os gaúchos estão em terceiro com 48%. Como o estado de Goiás tem apenas um representante, aparece em quarto com 43% de aproveitamento.

O Paraná está em quinto com 39%. Assim como o estado do Ceará. Em antepenúltimo lugar aparece Minas Gerais que, com suas três equipes, conseguiu o aproveitamento discreto de 38% durante as 23 rodadas – assim, o Estado seria rebaixado considerando-se a média de aproveitamento das últimas edições do campeonato. Santa Catarina é o penúltimo com 37,5%. E a Bahia, com único representante do estado, ficou na lanterna com apenas 35% de aproveitamento.

Regularidade para uns e irregularidade para outros

Considerando-se apenas as últimas dez rodadas do Brasileirão, as três equipes de Minas Gerais permanecem mal. América, Atlético e Cruzeiro continuam com desempenho ruim e rigorosamente igual: 33,33%. O Cruzeiro (14º) está à frente do Atlético (15º) apenas no saldo de gols: 0 contra menos 4. Até o número de vitórias, empates e derrotas entre eles é idêntico. Já o América (16º) tem uma vitória a menos.

Já os times do Rio levam ampla vantagem sobre os demais. Fluminense, Botafogo e Vasco lideram com aproveitamento superior a 60% nos dez últimos jogos. O único carioca que destoa é o Flamengo, que derrapou feio depois que perdeu a invencibilidade e tem 30% de aproveitamento. A dupla de gaúchos também evoluiu. O Grêmio é o quinto e o Inter o sexto melhor.

Enquanto isso, os três times da capital paulista ainda vivem do ótimo início de campeonato, mas estão caindo. Nos últimos dez jogos, o São Paulo é que mais regulou e está na sétima colocação com 53,33% de aproveitamento. O Corinthians, atual líder, vem jogando mal e está em décimo primeiro com 46,67%. E o Palmeiras é o time de pior aproveitamento, com 30% dos pontos obtidos. O Santos começou mal, porém vem se recuperando, está em décimo lugar e conquistou 51,85% dos pontos que disputou.

sábado, 3 de setembro de 2011

Troca na Toca preocupa

Com os anúncios da demissão do técnico Joel Santana, nesta sexta-feira, e a efetivação do coordenador técnico Emerson Ávila, o Cruzeiro vai para o terceiro treinador ao longo desta temporada. A última vez que o clube celeste teve mais de dois comandantes efetivados no ano foi em 2004. Na época, após a ressaca da conquista da Tríplice Coroa, e da saída conturbada de Vanderlei Luxemburgo, mais três técnicos passaram no comando do time: Paulo César Gusmão, Emerson Leão e Marco Aurélio.

Consequentemente, o ano foi marcado pela eliminação precoce nas oitavas de final da Copa Libertadores para o Deportivo Cali, da Colômbia, e pela pior campanha do clube na era dos pontos corridos do Campeonato Brasileiro, quando terminou em décimo terceiro lugar.

O ano de 2004 começou complicado para o Cruzeiro. Já em fevereiro, Luxemburgo foi demitido após se desentender com a diretoria celeste, que chamou o seu auxiliar na época, Paulo César Gusmão, para dirigir a equipe. Porém, o discípulo de Luxemburgo durou pouco no comando, sendo dispensado em maio, quando assumiu Emerson Leão, depois de Ney Franco permanecer um período como interino.

Luxemburgo, PC Gusmão, Marco Aurélio e Emerson Leão treinaram o
Cruzeiro nas más campanhas das competições de 2004. (Crédito: montagem)

Com a má campanha no Brasileiro, o ex-goleiro da Seleção Brasileira ficou no cargo somente até julho, quando pediu para sair em decisão conjunta com a direção. Ney Franco voltou a ser o “técnico tampão” até a chegada de Marco Aurélio, em agosto. Mas não tardou para a diretoria celeste mandá-lo embora em novembro, depois da derrota de 4 a 1 para o São Caetano. Pela terceira vez, Ney Franco assumiu interinamente o comando da equipe até o final daquele ano.

Comando mais constante

Em seis temporadas, o Cruzeiro manteve uma linha e não trocou muitas vezes o comando técnico. Foram, no máximo, dois por ano. Em 2005, passaram pelo Cruzeiro Levir Culpi, que ficou de janeiro a julho, e novamente PC Gusmão, que permaneceu até agosto de 2006. Logo depois assumiu Oswaldo de Oliveira que ficou até dezembro, quando a diretoria não quis renovar o seu contrato.

Para a temporada 2007, o clube contratou Paulo Autuori, que deixou o clube em abril para a chegada de Dorival Júnior, que saiu no final do ano. De 2008 a junho de 2010, o treinador foi Adílson Batista. Depois, Cuca foi anunciado e ficou até junho de 2011.

Diretoria não aprende

Sete anos depois, a diretoria do Cruzeiro está cometendo os mesmos erros. Para piorar a situação, vendeu quatro jogadores importantes para a equipe – Henrique, Thiago Ribeiro, Gil e Dudu – e não repôs com qualidade contratando Keirrison, Bobô e Cribari. Apesar dos dois últimos ainda não terem tempo suficiente para mostrarem que têm futebol, penso que são fracos tecnicamente e não acrescentarão nada ao time, assim como Keirrison, que está mal fisicamente e não atua bem desde 2009 quando saiu do Palmeiras pensando que jogaria no Barcelona.

Zezé Perrella, que estava na diretoria de 2004, não aprendeu com os erros daquele
ano, quando o clube trocou de técnico por quatro vezes. (Crédito: Site do Cruzeiro)

As sucessivas trocas de comando técnico no Cruzeiro preocupam seriamente a longo prazo, principalmente o desmanche promovido no grupo. A diretoria que assumir em 2012 terá muito trabalho para recolocar a equipe no caminho certo e não descarrilar de vez o trem azul.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Os mais regulares do Brasil: pra melhor ou pra pior

A péssima campanha dos times mineiros no Campeonato Brasileiro deste ano é de se assustar, principalmente se tratando de Atlético e Cruzeiro, e levando-se em conta que a Raposa quase sempre regula nos pontos corridos. Em um levantamento feito pelo Tabelinha E.C, a equipe celeste é o único clube entre os grandes do país que permaneceu pelo menos uma rodada no grupo dos quatro primeiros colocados no Campeonato Brasileiro, desde a edição de 2003. No rumo contrário, o Atlético-MG tem o recorde negativo de ser a equipe que mais figurou entre os quatro últimos da competição nacional.

Até a 18ª rodada do Brasileirão, o Cruzeiro é o segundo clube que mais permaneceu no grupo dos quatro primeiros desde o ano de 2003, com 145 rodadas. Perde apenas para o São Paulo, líder absoluto em permanência no G-4, com 181 rodadas. E em apenas três anos – justamente nas temporadas em que foi campeão brasileiro – o Tricolor Paulista acumulou 76 rodadas entre os quatro primeiros lugares. O Santos é o terceiro com 140.

A campanha irregular no Brasileiro deste ano, no entanto, traz consequências para o time celeste, que ainda não figurou no G-4 e já esteve por três rodadas na zona de rebaixamento. A troca prematura no comando técnico, a carência de um esquema de jogo, a perda da base de jogadores que era mantida desde 2008 – com as saídas de Jonathan, Henrique, Leonardo Silva e agora Thiago Ribeiro e Gil, além da contusão de Wallyson – e a falta de opções nas laterais e no ataque, prejudica a campanha celeste no Brasileirão de 2011.

Ranking mostra os clubes que permaneceram no G-4
por mais tempo na 'Era dos Pontos Corridos'

Justamente no ano que Zezé Perrella anuncia que desistiu da reeleição e põe fim à dinastia Perrella no Cruzeiro, após 17 anos. Passa a impressão de que o atual presidente celeste está ‘lavando as mãos’ para a campanha deste ano porque na temporada seguinte o problema estará nas mãos de outro.

E se o título está praticamente descartado, a vaga para a Copa Libertadores – em que o clube participou das últimas quatro edições – também fica mais distante.

Números negativos do Atlético-MG

A falta de planejamento nas três últimas gestões do Atlético-MG (Ricardo Guimarães, Ziza Valadares e Alexandre Kalil), expõe o alvinegro das Minas Gerais aos piores números do Brasileirão, desde 2003. O Galo amarga o 11º lugar no ranking dos times que mais figuram no G-4, com apenas 41 aparições.

Foi o terceiro pior desempenho entre os grandes do Brasil, só ficando à frente de Atlético-PR e Vasco. A campanha de 2009 foi o que impulsionou o Galo para não ficar com a mais discreta performance entre todos. Naquele ano, foram 24 rodadas entre os quatro primeiros.

Na lista com os treze clubes que mais rodadas permaneceram na zona de rebaixamento, desde a edição de 2003, o Atlético-MG está no topo, com 80 rodadas. Não é à toa que o clube mineiro, que já caiu para a Série B em 2006, corre sério risco de ser o único clube grande a ser rebaixado pela segunda vez na história. E em tão pouco tempo. O Atlético-PR vem em seguida com 71 presenças no Z-4, enquanto o Fluminense aparece em terceiro com 62 rodadas.

Ranking mostra os clubes que permaneceram no Z-4
por mais tempo na 'Era dos Pontos Corridos'

No período de 2003 a 2011, a direção do Atlético-MG inundou o clube com várias contratações e não manteve uma base de jogadores. O que pode ser a principal justificativa para tantos números ruins entre os times grandes do país.

Desde a primeira edição do Brasileirão com pontos corridos, o clube que menos rodadas esteve no Z-4 é o arquirrival do Atlético-MG. O Cruzeiro figurou apenas seis rodadas entre os quatro últimos do Brasileirão. O Internacional vem em seguida, com sete aparições, e depois o São Paulo, com dez rodadas na zona de rebaixamento.

Claro que esses números negativos deixam de ser motivo de orgulho para cruzeirenses, colorados e são-paulinos. Mas serve como inspiração para a realização um trabalho pensado ao longo dos anos, com coerência, contratações pontuais e manutenção de elenco.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Defesa que todos passam

Com uma paródia de um trecho do hino do Palmeiras podemos exemplificar o desempenho da zaga do Atlético na temporada. Há também um ditado no futebol que diz que a melhor defesa é o ataque. O que não serve para o elenco atleticano. Neste momento conturbado de várias derrotas, atuações péssimas e uma crise que parece interminável, a comissão técnica do Atlético (inclui-se aí o pessoal de Dorival e de Cuca) ainda não atentou para a quantidade de gols que a defesa tem sofrido ao longo deste ano.

Antes do desejo de transformar da noite para o dia um time sem alma em um elenco vencedor, que bata lá no final do campeonato como o “campeão do returno” – como se isso fosse um título – há que se pensar primeiro em como não levar gol. Jogar como time pequeno mesmo. Diante de várias mudanças no time titular, jogo após jogo, atletas lentos para o setor, como Réver, e laterais que não marcam ou não têm a devida cobertura dos volantes, mostram a deficiência da zaga atleticana. Fiz um pequeno levantamento que mostra a fragilidade do setor.

Jogadores do Palmeiras comemoram gol marcado na partida contra
o Atlético. Cena negativa se repete várias vezes no clube mineiro

Tudo começou no amistoso contra o River Plate, do Uruguai. Nessa partida foi contabilizado o primeiro gol sofrido na temporada. No Campeonato Mineiro, o time levou 20 em 15 partidas. Veio a Copa do Brasil e, além do vexame de ser eliminado pelo Grêmio Prudente ainda na segunda fase, lá se foram mais cinco gols tomados em quatro partidas. Três foram do “poderoso” IAPE, do Maranhão, do famoso Pereirinha.

Chegou o Campeonato Brasileiro e, até a 17ª rodada – na derrota de virada para o Corinthians –, o time já sofreu 33 gols e tornou-se a terceira pior defesa das séries A e B ao lado do ‘vizinho’ América. Pela Copa Sul-Americana, no primeiro confronto diante do algoz Botafogo, as redes do Galo balançaram mais duas vezes.

Totalizando, foram 61 gols sofridos em 38 partidas na temporada – média de 1,60 gol sofrido por jogo. E de todos esses 38 confrontos, em apenas cinco o Atlético saiu de campo sem levar gol. O histórico recente continua condenando os defensores alvinegros, pois nos últimos seis jogos disputados, o time levou gol em todos. Algo para a nova comissão técnica pensar.

Os poucos jogos da temporada em que a defesa atleticana não foi vazada:

- Atlético 0 x 0 Grêmio Prudente (Copa do Brasil)
- Caldense 0 x 2 Atlético (Campeonato Mineiro)
- Atlético 3 x 0 Atlético -PR (Campeonato Brasileiro)
- Atlético 2 x 0 América (Campeonato Brasileiro)
- Atlético 1 x 0 Fluminense (Campeonato Brasileiro)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Fim dos embalos de sábado à noite no Brasileirão

Fanáticos por futebol que também gostam de curtir a "balada" podem comemorar. A Confederação Brasileira de Futebol anunciou hoje a alteração do horário de alguns jogos do Campeonato Brasileiro da Série A. As mudanças passam a valer a partir do dia 20 de agosto, na 18ª rodada. A partir daí, as partidas de sábado acontecerão apenas às 18 horas, o que extermina jogos realizados às 21 horas, no mesmo horário que "rolam" várias baladas. Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves agradecem... opa, quer dizer, a TORCIDA agradece. E os confrontos do fim da tarde e início de noite dos domingos foram antecipados em meia hora e passarão a começar às 18 horas.

As mudanças foram ótimas, mas pode e tem que melhorar. O horário das 18 horas para os jogos de domingo ainda é ruim para o torcedor que vai ao estádio. Neste dia, as partidas deveriam acontecer somente às 16 horas, e às 17 no Horário de Verão. Sem falar nos confrontos das 21h50 em plena quarta-feira!! Pode soar utopia, mas a CBF e, principalmente, a Rede Globo ficam devendo mais estas alterações.

Crédito: GloboEsporte.com

O torcedor deve cobrar, especialmente, nos jogos de quarta-feira à noite. De que forma? Não indo aos estádios ou deixando de adquirir o PFC. Não tenho essa informação, mas provavelmente o motivo das alterações partiu da TV que deve ter visto cair as vendas de pacotes pay-per-view nestes horários esdrúxulos.

Veja abaixo o público pagante de todos os jogos realizados aos sábados, 9 horas da noite. Das 12 partidas, apenas três superaram a marca de 10 mil torcedores e nenhum confronto chegou a registrar 20 mil espectadores.

O ator John Travolta na capa do filme
"Os Embalos de Sábado à Noite", de 1977
21 de maio
Santos 1 x 1 Internacional 
Público: 4.532 pagantes (até o momento, é o segundo pior público do Santos na competição)

28 de maio
São Paulo 1 x 0 Figueirense
Público: 9.931 pagantes (até o momento, é o segundo pior público do São Paulo na competição)

04 de junho
Figueirense 2 x 0 Atlético-GO 
Público: 6.913 pagantes (até o momento, é o segundo pior público do Figueirense na competição)

11 de junho
Vasco 1 x 1 Figueirense 
Público: 14.680 pagantes (até o momento, é o segundo MELHOR público do Vasco na competição. Este foi a exceção).

25 de junho
Cruzeiro 2 x 1 Coritiba
Público: 5.256 pagantes (até o momento, é o pior público do Cruzeiro na competição)

30 de junho
Atlético-MG 0 x 4 Internacional 
Público: 7.595 pagantes (até o momento, é o segundo pior público do Atlético-MG na competição)

30 de junho
Fluminense 3 x 1 Atlético-PR
Público: 3.449 pagantes (até o momento, é o pior público do Fluminense na competição)

09 de julho
Atlético-PR 0 x 0 Avaí
Público: 10.045 pagantes (até o momento, é o pior público do Atlético-PR na competição)

16 de junho
Santos 2 x 1 Atlético-MG
Público: 4.717 pagantes

23 de julho
Flamengo 1 x 1 Ceará
Público: 4.737 pagantes (até o momento, é o segundo pior público do Flamengo na competição)

30 de julho
Palmeiras 3 x 2 Atlético-MG
Público: 9.983 pagantes (até o momento, é o segundo pior público do Palmeiras na competição)

06 de agosto
Atlético-MG 1 x 2 Figueirense
Público: 15.619 pagantes

Confira a relação dos jogos do Campeonato Brasileiro Série A que tiveram o horário alterado (times mineiros em destaque):

20/08 – sábado

18h - Cruzeiro x Ceará
18h - Botafogo x Atlético-MG
18h - Corinthians x Figueirense

21/08 – domingo

18h - Atlético-PR x América
18h - Vasco x Fluminense
18h - Bahia x Santos

27/08 – sábado

18h - Coritiba x Atlético-PR
18h - América x Atlético-GO
18h - Fluminense x Botafogo

28/08 – domingo

16h - Ceará x Bahia
18h - Atlético-MG x Cruzeiro
18h - Figueirense x Avaí

domingo, 7 de agosto de 2011

Atlético e Cruzeiro juntam os cacos e América respira

Terminada a 15ª rodada do Campeonato Brasileiro, Atlético e Cruzeiro juntam os cacos restantes. Por outro lado, o América salvou os mineiros de ficarem duas rodadas sem vitórias na competição.

Após uma reunião com a diretoria atleticana, Dorival Júnior deixou o comando técnico do time com 15 pontos e um aproveitamento de 33%. Um desempenho parecido com o de Luxemburgo na mesma 15ª rodada do Brasileirão do ano passado, quando o Atlético marcou 13 pontos e estava com 29% de rendimento.

Em números, Dorival fica à frente de Celso Roth, mas será que o torcedor não prefere o time de Roth que lutou pelos primeiros lugares no Nacional de 2009? O mais estranho é que sai treinador, entra treinador e o clube não consegue deslanchar.

Veja duas declarações de Luxemburgo ao ser demitido do Atlético após a derrota para o Fluminense: “O Atlético dá todas as condições de trabalhar, poucos times têm estas condições que o Atlético dá, então eles (jogadores) têm de se unir muito mais”; “Contratamos jogadores, mas a coisa não fluiu. Não tem nenhum ressentimento com o Kalil, com a diretoria do Atlético”.

Agora veja o que Dorival disse, em entrevista ao portal Superesportes: “Um agradecimento especial ao Alexandre Kalil, que foi uma pessoa mais do que correta e buscou com todos os esforços possíveis para que nós pudéssemos ter a condição de um bom trabalho. Infelizmente, acabou acontecendo. Foi uma situação que fugiu àquilo que tínhamos programado. O Atlético merece resultado, porque o trabalho está sendo muito correto lá dentro. Saio com essa frustração por não ter dado retorno à confiança que foi depositada”.

Alguma coincidência? Será que o problema é o técnico ou ainda há mais coisas que não se encaixam dentro do Atlético. Não é possível dois treinadores que saíram por último do clube darem declarações tão parecidas. Quem precisa rever conceitos é a diretoria do Atlético e não o Dorival Júnior ou o Vanderlei Luxemburgo.

Em Porto Alegre, tarde horrorosa do trio de arbitragem na derrota do Cruzeiro para o Internacional por 3 a 2. Anulou um gol claro do Cruzeiro, marcado por Anselmo Ramon. Gol que seria o empate cruzeirense. Depois, o árbitro Wilton Pereira Sampaio ainda não marcou pênalti em Montillo. Joel Santana disse, após o jogo, que “foi uma das maiores garfadas da história do futebol". Menos Joel. O Cruzeiro foi prejudicado, mas já aconteceram maiores “catástrofes” da arbitragem. Você é que trabalhou mais no Rio de Janeiro e não está muito acostumado com as “garfadas”.

Apesar da quarta derrota seguida, Joel permanece no clube e tem a confiança da diretoria, pelo menos até o jogo contra o Avaí, no próximo sábado, em Uberlândia. Para fechar o domingo nebuloso para a Raposa, o atacante Wallyson fraturou o tornozelo esquerdo e só deve voltar no ano que vem. Wallyson que vinha sendo o melhor avançado do time. Aliás, o ataque é o setor mais criticado, ao lado das laterais, e o time celeste tem uma baixa importantíssima para a sequência do campeonato.

Vamos para o lado positivo da 15ª rodada. O América se deu bem, e muito bem por sinal. Depois de incríveis 13 partidas sem vencer, o Coelho goleou o Fluminense, atual campeão Brasileiro, por 3 a 0, na estreia do técnico Givanildo Oliveira. O goleiro Neneca ainda pegou um pênalti cobrado por Rafael Moura. Um passo importante para tentar fugir do rebaixamento para o time que, com o triunfo, subiu o aproveitamento de 19% para 24%. Apesar da vitória, vejo o elenco americano muito fraco para a primeira divisão e acredito que o Coelho não escapará da queda para a Série B no ano do centenário. Infelizmente.

sábado, 16 de julho de 2011

O futebol no dia a dia de Montevidéu

Ouve-se constantemente que a vida imita a arte e vice-versa, mas, muitas vezes, não consideramos que muitas outras situações também são interdependentes. Aprende-se e entende-se melhor isso até mesmo sem querer, como ocorreu na visita que fiz ao museu Al Pie de la Muralla, em Montevidéu, no Uruguai. Questionei uma das funcionárias sobre a existência de comunidades indígenas entre os, aproximadamente, 3,3 milhões de habitantes do país. Ela afirmou que no Uruguai não é possível encontrá-las organizadas e protegidas, o que detona uma sensível diferença na comparação com o Brasil e mesmo com a Argentina.

Os moradores originários foram dizimados durante o processo de colonização espanhol na região ou não resistiram aos extenuantes trabalhos escravos aos quais foram submetidos pelos representantes mediterrâneos. Uma das mais conhecidas etnias uruguaias, os charrúas, é lembrada por seu espírito guerreiro e sua inconformidade com a perda da liberdade, o que levou aos sangrentos combates que resultaram em seu extermínio. No entanto, sua imagem positiva acabou sendo trazida para os dias atuais e associada à seleção nacional de futebol.

Estátuas em homenagem aos charrúas, a mais conhecida
etnia no Uruguai (foto: Fritz Follmer/Panoramio.com)

A conhecida e propagada raça daqueles que também são conhecidos como a Celeste Olímpica não poderia ser relacionada a outro símbolo de forma tão precisa, vinculando dois orgulhos nacionais pela apropriação de um valor tão caro aos habitantes do pequeno país ao norte do Rio da Prata. Afinal, ainda que seja prudente evitar os chavões empregados por inúmeros comentaristas esportivos que resumem o futebol sul-americano, em especial na Argentina e no Uruguai, como apenas garra e catimba, não se pode ignorar a determinação demonstrada por seus jogadores do início ao fim das partidas.

Algumas figuras, presentes nas lembranças do público brasileiro, identificam-se mais ainda com esse perfil, como o zagueiro Diego Lugano, que atuou durante três anos no São Paulo e há cinco temporadas disputa o Campeonato Turco e a Liga dos Campeões da Europa pelo Fenerbahçe. Lugano é um exemplo de como é possível conciliar a qualidade técnica com disposição ilimitada pelas disputas de bola. E na VTV, emissora local de televisão, foi possível acompanhá-lo na quinta-feira, 23 de junho, em amistoso disputado entre sua seleção e a balcânica Estônia.

No confronto, na cidade de Rivera, os charrúas despediram-se de seus torcedores antes da viagem para a participação na Copa América Argentina 2011. Na ocasião, em que assisti à partida junto a, pelo menos, mais quatro uruguaios no Boulevard Sarandí Hostel, os atuais semifinalistas da Copa do Mundo mostraram porque são a seleção com mais entrosamento e melhor disposição e variantes táticas dentre aquelas que entram na competição iniciada em 1º de julho. A atuação do trio de ataque, formado por Diego Forlán, Edinson Cavani e Luis Suárez, com as constantes trocas de posição entre eles, demonstra claramente a possibilidade de se atuar no esquema 4-3-3, sem, necessariamente, ter dois pontas e um centroavantes fixos.

Estádio Centenário de Montevidéu, palco da final
da primeira Copa do Mundo, em 1930

O jogo contra a Estônia terminou 3 a 0 e a vitória uruguaia, no entanto, aconteceu um dia depois à frustração sofrida por uma das duas maiores torcidas da capital e do país. Os carboneros, como são conhecidos os fanáticos pelo Peñarol, empurraram o time, seja no Pacaembu ou nos bares montevidenhos, rumo à sexta conquista da Copa Libertadores da América.

A esperança de reviver uma conquista que não alcançavam desde 1987 manteve-se até o último minuto, mesmo que os torcedores soubessem que o Santos apresentava mais qualidade técnica. A expectativa diminuiu aos dois minutos do segundo tempo com o gol de Neymar e quase se desvaneceu com o tento de Danilo, mas reacendeu e provocou uma comemoração bem sul-americana com o gol contra de Durval, aos 34 minutos.

Os gritos e batidas nas mesas do bar, point quase inescapável das baladas às quintas, sextas e sábados, ressoaram até o fim, impulsionadas pela pressão imposta pelo Peñarol até o término do jogo. A derrota deixou um gosto um pouco amargo no ambiente e a transmissão no Pony foi interrompida após acompanhar a pancadaria ocorrida após o apito final e a premiação carbonera. Nada, portanto, de ver o clube da Vila Belmiro carregar a taça de tri da América.

Na Peatonal Sarandí, no caminho de volta, alguns garotos que, provavelmente, voltavam de ver a partida perguntaram-me se era ‘por Peñarol’, ao que respondi, sinceramente, que sim. Sei lá também se não fosse e dissesse que era ‘por Nacional’, afinal sabe-se muito como é a paixão clubística e a rivalidade em todos os cantos do planeta bola.

"La hinchada" do Peñarol em um dos jogos 
do time  (foto: site peñaroleterno.com)

Na tienda (loja), era possível encontrar os modelos mais atuais dos dois gigantes charrúas e da Celeste Olímpica, mas, como no Brasil, os preços se aproximavam do equivalente a R$ 170,00. Mas as camisas dos demais clubes locais podiam ser encontradas por um valor bem mais convidativo, como, por exemplo, R$ 65,00. E para os loucos por futebol tornavam-se duas vezes mais interessante, pela economia e pela raridade e quase exclusividade dessas peças em qualquer lugar de onde viessem.

Mais interessante seria descobrir um pouco mais acerca da história desse clube, o Rampla Juniors Fútbol Club, campeão nacional uma única vez, em 1927, ainda na época do amadorismo e que, como a quase totalidade das demais equipes da 1ª divisão, é da capital federal. Mas, como na Primera Argentina, as rivalidades entre bairros tornam-se nacionais em função do âmbito de disputa das competições e, no caso dos rubroverdes, ela ocorre com o Cerro, nome também da região da sede de ambos.

E o palco de muitos dos épicos duelos nacionais, o Estádio Centenário, seria um dos pontos de visita nessa permanência de uma semana no Uruguai, mas, juntamente com a ida ao Museu próximo ao palco da final da Copa do Mundo de 1930 ficou para uma próxima oportunidade. Uma heresia, dirão alguns.

Afinal, como ignorar esse ponto zero que, além de todo significado histórico, também atrai os turistas por estar ao lado de uma praça onde é possível assistir a uma das mais belas vistas do pôr-do-sol em Montevidéu? Vai que... voltemos lá para acompanhar algum clássico pela Copa Sul-Americana no segundo semestre, ainda mais agora que o futebol uruguaio volta a se destacar como fez e bem até a década de 1980. Dale, Uruguay! Vamos, charrúas!

Leonardo Diniz é jornalista e convidado do Blog Tabelinha E.C.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Kalil e a falta de explicações

Primeiramente gostaria de agradecer aos meus amigos que me ajudaram nos últimos meses pelo qual passei um momento bastante complicado. Mas estou de volta ao Blog. Neste período aconteceram muitas coisas no “mundo do futebol”: título mineiro do Cruzeiro, tri do Santos na Libertadores, pedido de demissão do Cuca do comando do Cruzeiro, etc.

Mas na minha volta, coincidentemente, retorno a um assunto parecido com o último que abordei: o momento de baixa do Atlético. Ontem, o presidente Alexandre Kalil pediu para falar na Rádio Itatiaia e defender o time das críticas após a derrota para o Flamengo por 4 a 1.

A entrevista não teve nada de mais. Aliás, teve de menos. Cheia de contradições e falta de explicações para a torcida. Dá a impressão de que o Kalil fala do Atlético como se fosse o Barcelona, onde quase nada dá errado.

Questionado sobre a contratação de um atacante, o dirigente alvinegro, sem querer, depreciou os jogadores das categorias de base do clube: “Se for para contratar 'muxiba', eu busco lá nas categorias de base. É melhor apostar em um menino de 17 anos que ninguém conhece”.



Então, podemos dizer que a regra vale também para outros setores do time. O que dizer das contratações de Diego Macedo, Rafael Cruz, Ricardo Bueno, Pedro Benítez, Jairo Campos, Marcelo, Fábio Costa, Carini e Aranha. Não havia jogadores na base melhores do que eles? No gol o clube achou o "muxiba" Renan Ribeiro. E na lateral direita? Garanto que o garoto Roger era melhor que Rafael Cruz e Diego Macedo.

Kalil disse que “contratou o Richarlyson no auge”. Se o volante estivesse no melhor momento da carreira, o São Paulo renovaria seu o contrato.

Um ouvinte perguntou por que o Atlético não ganhou nenhum título de expressão na atual gestão, já que Kalil pediu para a torcida não colocar em suas costas o peso de 40 anos sem conquistas (o que concordo). O presidente, porém, simplesmente respondeu: “Os títulos até agora não vieram porque não vieram”.

Kalil foi questionado por outro ouvinte sobre as vendas de Obina e Tardelli. Ele disse que o clube tem que vender mesmo e que o torcedor atleticano não está acostumado. Porém, Kalil o clube tem que vender, mas, ao mesmo tempo, investir o dinheiro da maneira certa.

Diego Tardelli foi vendido e o clube recebeu 5 milhões de euros. Guilherme foi comprado por 6 milhões de euros. Déficit de 1 milhão de euros, sem falar na perda de qualidade técnica. Não que o Guilherme seja fraco, mas o Tardelli é superior, então não se justifica a venda, a não ser que pesou o lado do atleta (o que não foi citado pelo presidente. Ele apenas falou pelo lado do clube).

Mesmo com erros na gestão, Kalil ainda segue
prestigiado junto à torcida (foto: GloboEsporte.com)

De acordo com o site GloboEsporte.com, o Atlético recebeu pelo Diego Souza cerca de 4,5 milhões de reais (o clube havia investido 7 milhões de reais na contratação) e permaneceu com 17% dos direitos econômicos do jogador. Desde então o clube contratou para a posição Dudu Cearense, que não é um meia técnico, e Caio, que é muito limitado. Este é o retorno que o Atlético recebe com a venda de dois jogadores diferenciados?

Por fim, Kalil afirmou categoricamente que o Atlético está preparado para ganhar títulos: “Não sei se será na minha gestão. Pode ser que seja em outra, mas o Atlético está pronto para ser campeão”. Isso não lembra as declarações de Luxemburgo ano passado? E o torcedor também se lembra no que deu.

sábado, 2 de abril de 2011

Tsunami atleticano

Não quero me passar por Mãe Dináh, mas a confusão instalada nas últimas semanas no Atlético já era prevista. Em 28 de fevereiro, um dia após o time sofrer a primeira derrota na temporada, 2 a 1 para o América, questionei no meu Twitter o por quê Dorival Júnior tomava certas decisões.

Jogadores demorando para entrar em forma; outros que não tinham condições de entrar jogando, mas entravam; e alegações de que atletas ainda estavam em recuperação física e por isso não podiam atuar, não eram desculpas plausíveis para se dar. O time teve muito tempo para se preparar fisicamente e, definitivamente, esta não poderia ser a melhor explicação para a não escalação de alguns jogadores.

Estava na cara que as atitudes de Dorival incomodariam alguns jogadores. Respeito o técnico e acho que é um grande profissional. Mas na minha humilde opinião, as atitudes de Dorival é que foram responsáveis pela crise instalada.



O técnico montou o time no início do ano e não contava com as saídas de Obina e Diego Souza. Mesmo assim montou o time e venceu as cinco primeiras partidas do ano. Veio a venda de Diego Tardelli e com ela o treinador também não contava. Ficou desorientado. Isso não foi culpa dele. Reconheço.

Mas colocar o Mancini durante os jogos para ganhar ritmo de jogo e preterir o Diego Souza não entrava na minha cabeça. Como é que o jogador vai conseguir entrar em forma se não atuar nem que sejam 30 minutos? Como explicar para os outros jogadores a insistência e tanta paciência com Renan Oliveira e Ricardo Bueno, enquanto não se tem o mesmo tratamento com Magno Alves, Jobson, Diego Souza e Daniel Carvalho?

Magno Alves foi sacado do time porque não obedecia às instruções do treinador. Mas “O Magnata” estava jogando bem e até fazendo gols, o que Ricardo Bueno não fazia e ainda atuava mal. Daniel Carvalho vive brigando com a balança, mas não tem oportunidade. Que Dorival coloque o meia-atacante para mostrar que ele não tem condições físicas ainda de jogar.



Hoje, Dorival tem pouco mais de 69% de aproveitamento dirigindo o Atlético. Este ano, venceu o clássico contra o Cruzeiro e em 11 jogos, ganhou sete, empatou dois e perdeu dois. São números bons. Porém um treinador não vive de resultados, como muitos dizem. Eles “sobrevivem” de atitudes. É o trabalho do dia a dia no relacionamento com imprensa e jogadores que é avaliado. E no trato com jogadores Dorival não se deu bem.

Após as saídas de Obina, Tardelli, Diego Souza, Jobson, Ricardinho e Zé Luís, e as chegadas de apenas dois reforços, os Guilhermes (o lateral-esquerdo e o atacante) o que irá fazer Dorival para remontar o elenco atleticano para o Campeonato Brasileiro? Contratações virão, mas serão de qualidade para suprir as saídas?

As inscrições para o Mineiro estão encerradas e eu não creio que o time esteja preparado para seguir longe na Copa do Brasil depois dos últimos acontecimentos. Será que Ricardinho e Zé Luís eram as “maçãs podres” e que agora tudo irá melhorar? Não acredito. Daniel Carvalho que fique esperto, pois poderá ser o próximo.



Penso que Dorival não soube lidar com as “estrelas” do elenco. Digo estrelas entre aspas porque muitos ali se consideram como tal, mas na verdade não são. Já foram ótimos atletas no passado, mas agora não são mais.

Aliás, este é um problema grave no Atlético: contratar jogadores que atuaram bem no passado, mas que no presente ostentam somente o nome e que, na verdade, passam por fase de recuperação técnica e física. Se quiser almejar títulos, o clube deve repensar os métodos de contratação e deixar de ser Casa de Recuperação.

domingo, 27 de março de 2011

Esqueceram de Mim 2

Assim como Fábio, Henrique também foi "esquecido"
por Mano no jogo contra a Escócia (Foto: Vipcomm)

Sucesso do cinema, o filme lançado em 1992 retrata muito bem a situação de dois cruzeirenses na Seleção Brasileira do técnico Mano Menezes. Podemos dizer que o primeiro jogador celeste a estrelar o filme foi o goleiro Fábio, esquecido diversas vezes das listas de convocações.

Agora foi a vez de Henrique protagonizar a continuação do longa cruzeirense. Chamado para o amistoso contra a Escócia, o volante não saiu do banco de reservas na vitória brasileira por 2 a 0, neste domingo, em Londres.

Sinceramente, não entendi a postura do Mano. O treinador efetuou cinco substituições na partida, sendo quatro jogadores que atuam no meio-campo. Se Henrique foi convocado pela primeira vez, não seria justo que ele entrasse para ser observado? Ou o Mano se contentou em observar o volante apenas na partida do Cruzeiro contra o Tolima, pela Libertadores?

No meio entraram Sandro, Elias, Lucas (São Paulo) e Renato Augusto. O jovem meia do São Paulo foi chamado pela primeira vez para a Seleção principal e foi colocado em campo. Os outros três já tiveram outras oportunidades. Por que não Henrique? Elias foi comandado por Mano no Corinthians. Já o conhece o suficiente.

Se os amistosos servem para fazer testes e observações, Mano só os fazem com jogadores que lhe convém.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Duelo onde há apenas dois vencedores


A “guerra” em que se transformou a transmissão do Campeonato Brasileiro a partir do ano que vem continua acirrada. Clube dos 13 e a Rede TV! de um lado contra a TV Globo do outro. Esta celeuma criada no cenário do futebol brasileiro às vésperas de uma Copa do Mundo no país poderá transformar o torneio nacional dos próximos anos, com relação à desigualdade nas cotas de TV. O resultado desta luta nos bastidores todos já sabem: apenas Corinthians e Flamengo saem lucrando. E lucrando no sentido literal da palavra.

Muitos veículos e jornalistas, inclusive este blog, já falaram sobre o abismo que podia se criar entre os times do Brasileirão por causa da diferença nas receitas e da nova divisão proposta pela Rede Globo ao negociar separadamente.

Comparando o valor obtido por Atlético e Cruzeiro em 2011 e projetando-se o que ambos poderiam ganhar no próximo ano – com base no contrato firmado entre Globo e Cruzeiro – nota-se que o grupo de times formado por mineiros, gaúchos e dois cariocas vai conseguir menos da metade da grana alcançada pelo primeiro grupo, formado agora por Corinthians e Flamengo.

Se no contrato atual, Atlético e Cruzeiro (Grupo 3) ganham 28,6% menos que o Grupo 1 – conjunto que mais fatura da TV –, a partir de 2012, ambos receberão os mesmos 28,6% a menos, só que em relação ao Grupo 2. Se compararmos com o primeiro grupo, a diferença sobe para 52,4%. Eis o abismo, repito, que muitos diziam, inclusive este blogueiro.

Vasco e Palmeiras, que até este ano embolsavam o mesmo que Corinthians e Flamengo, irão receber 33,3% a menos. A discrepância entre o primeiro escalão e o quarto grupo é ainda maior. O Atlético-PR, que pelo contrato atual recebe 46,5% menos que Corinthians e Flamengo, ganhará 71,5% menos.

Vale lembrar que a conta foi feita baseando-se em números apurados e noticiados na imprensa nacional, já que, por contrato, os clubes não podem divulgar o valor do acordo assinado com a TV Globo.

Segue abaixo a conta que fiz.

Contrato atual (cotas de TV Brasileirão 2009-2011):

Grupo 1: Corinthians, Flamengo, Vasco, Palmeiras e São Paulo – R$ 16,8 milhões

Grupo 2: Santos – R$ 14,4 milhões (14,3% a menos que o Grupo 1)

Grupo 3: Grêmio, Inter, Cruzeiro, Atlético-MG, Fluminense e Botafogo – R$ 12 milhões (16,7% a menos que o Grupo 2 e 28,6% a menos que o Grupo 1)

Grupo 4: Atlético-PR, Bahia, Coritiba, Goiás, Guarani, Portuguesa, Sport e Vitória – R$ 9 milhões (25% a menos que o Grupo 3; 37,5% menos que o Grupo 2 e 46,5% menos que o Grupo 1)

Contrato a partir de 2012 (valores estimados referentes aos acordos assinados diretamente entre os clubes e a TV Globo até o dia 25/03/2011):

Grupo 1: Corinthians e Flamengo – R$ 105 milhões

Grupo 2: Santos, Vasco e Palmeiras – R$ 70 milhões (33,3% a menos que o Grupo 1)

Grupo 3: Grêmio e Cruzeiro – R$ 50 milhões (28,6% a menos que o Grupo 2 e 52,4% menos que o Grupo 1)

Grupo 4: Bahia, Goiás, Coritiba, Sport e Vitória – R$ 30 milhões (40% a menos que o Grupo 3; 57,2% menos que o Grupo 2 e 71,5% menos que o Grupo 1)

sexta-feira, 18 de março de 2011

Tradição e algo a mais


Disputar uma Copa Libertadores requer tradição da equipe na competição e, muito mais do que isso, uma dose extra de vontade e inteligência, além da experiência dos jogadores. O que estamos vendo na edição 2011 é uma prova. Cruzeiro (com 12 participações), Internacional (com nove) e Grêmio (com 13) estão bem nos seus grupos e vão passar sem problemas para as oitavas-de-final.

Além do número de participações, os três clubes têm jogadores “rodados” na Libertadores e sabem atuar em jogos sul-americanos. A soma destes conjuntos faz o sucesso de um time na competição. A Raposa tem uma base montada desde 2008, quando chegou à final do torneio. O time mineiro disputa a quarta Libertadores seguida e tem atletas como Fábio e Marquinhos Paraná. Cada um já disputou 40 jogos pela competição internacional. Além de Victorino, Montillo e Thiago Ribeiro que também possuem experiência.

O Internacional aparece com Sorondo, Kléber, Bolatti, Guiñazu, Tinga, Rafael Sóbis e Cavenaghi que já disputaram muitas Libertadores e “seguram a onda” de jovens como o promissor Leandro Damião.

O Grêmio conta com menos atletas experientes em Libertadores, o que faz o time sofrer um pouco na fase de grupo. Os que mais jogaram a competição foram Gabriel e Borges, porém a tradição da camisa entra em campo e, mesmo com time mais fraco em relação a Cruzeiro e Internacional, o Tricolor Gaúcho surpreende, pois sabe jogar a Libertadores.

Com relação a Corinthians, Fluminense e Santos não podemos dizer o mesmo, apesar de o Peixe contabilizar 11 participações na Libertadores e o Timão oito, ambas as equipes não têm jogadores que saibam atuar na competição internacional.

Apesar de renomados, Ronaldo só jogou a Libertadores em 1994 pelo Cruzeiro, e Roberto Carlos apenas duas vezes, em 1994 e 1995 pelo Palmeiras. Foram para a Europa muito cedo e, pelas declarações recentes, parece que “desaprenderam” a jogar o torneio.

R9 e RC3 são tão inocentes quanto à Libertadores que, ao final do Brasileirão ano passado, declararam à imprensa que o Tolima não seria problema e que o Corinthians estaria na fase de grupos. Prepotência, salto alto ou desconhecimento do que é o futebol sul-americano?

O Santos tem Neymar e Paulo Henrique Ganso. Mas é a primeira Libertadores que os dois jogam e os mais velhos, como Elano, Edu Dracena e Jonathan, deveriam ajudá-los na forma de disputa que é totalmente diferente dos campeonatos do Brasil.

Os clubes devem aprender a jogar torneios sul-americanos para depois almejar alguma coisa.

O mesmo vale para o Fluminense. A pífia campanha pode ser resumida pela falta de traquejo em jogos de Libertadores. Em toda a história, o clube das Laranjeiras participou de quatro edições e ainda não aprendeu como atuar contra adversários de outros países.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Público no Campeonato Mineiro 2011

Sei que a sexta rodada está prestes a começar, mas farei uma breve análise de números sobre o público deste Campeonato Mineiro 2011. Até o momento, o público total no Estadual foi de 108.352 pagantes em 32 jogos e a média é de 3.386 pessoas por partida.

Número baixo? Não se compararmos com 2010, quando tínhamos o Mineirão à disposição de Atlético e Cruzeiro. No ano passado a média de torcedores por jogo foi de 5.876 torcedores por jogo.

O que chama mais atenção é o América-TO. O time do Vale do Mucuri jogou duas vezes em casa e esgotou a capacidade do estádio Nassri Mattar (5 mil pessoas) em ambas oportunidades, contra Caldense e Cruzeiro. Por isso, o clube tem a terceira melhor média de público do campeonato, ficando atrás apenas de Atlético e Cruzeiro.

O único time que também vendeu todos os ingressos para sua partida neste campeonato foi o Guarani de Divinópolis (4.050 entradas) contra o Atlético.


América-TO foi o único time que acabou com todos os
ingressos nas duas partidas que fez em casa. (foto: divulgação)

Já o América, atual líder da competição, tem apenas a oitava melhor média de público do Mineiro (2.522 pessoas por jogo). Uma decepção. A média do Coelho poderia ser a pior do torneio caso não fizesse a primeira partida no estádio do Melão, em Varginha, onde fez a pré-temporada.

Fica uma dica para a diretoria americana. Por que não aproveitar o público de Varginha - assim como vai ser no clássico contra o Cruzeiro - e mandar o restante dos jogos no estádio do Melão? Pelos números, os torcedores do Sul de Minas têm mais condições de apoiar o Coelho do que os da capital, que têm que se deslocar 80 km para assistir aos jogos em Sete Lagoas.

No jogo contra o Uberaba, o América levou 6.286 pessoas ao campo, enquanto nas duas partidas na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, apenas 701 pessoas acompanharam o primeiro jogo e 580 viram o segundo. Muito pouco para o líder da competição.

O Cruzeiro é o segundo na média de pessoas que assistem aos jogos em casa. Apenas 5.202 torcedores por jogo. Mas isso tem explicação pelo fato do time celeste disputar a Libertadores e o ingresso nesta competição ser muito mais caro, o que faz a maioria dos torcedores optar por ver os jogos da competição internacional.

Média de público por clube no Mineiro 2011 (até a 5ª rodada, incluindo o jogo antecipado da 10ª rodada entre Tupi e Cruzeiro):

1º Atlético: 12.153
2º Cruzeiro: 5.202
3º América-TO: 5.000
4º Villa Nova: 2.844
5º Guarani: 2.814
6º Democrata-GV: 2.717
7º Ipatinga: 2.698
8º América: 2.522
9º Tupi: 2.142
10º Funorte: 2.079*
11º Uberaba: 1.756
12º Caldense: 1.077

* Funorte 1 x 1 Caldense (5ª rodada): jogo com portões fechados porque o time da casa não apresentou o laudo de vistoria e certidão de conformidade do Crea-MG.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Concorrência: sobra entre TVs e pode faltar no futebol brasileiro


O futebol brasileiro poderá tomar um novo rumo a partir de amanhã. A abertura dos envelopes com as propostas de Record e Rede TV! na concorrência aberta pelo Clube dos 13 pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro 2012-2014 e a Globo comercializando por fora pode mudar o atual quadro do esporte no país.

A concorrência entre as TVs é boa e deve ocorrer, mas com a Globo negociando individualmente com 14 dos 20 clubes do C13, conforme informou o jornal Folha de S. Paulo, pode haver um abismo entre os times que faturam mais e os que ganham menos pelos direitos de TV. Ao negociar separadamente, o Bahia não terá a mesma força que o Flamengo. Isso é lógico. Com a negociação em conjunto os clubes ganhariam mais.

Mas não. Cada um pensa no seu e pronto. O resto que se dane. E que se lasque também o futebol brasileiro? Não pode ser assim. Na Espanha, Barcelona e Real Madrid negociam com a TV em separado. Primeiro resultado: 1200% é a diferença entre o que recebe os dois gigantes e o clube que ganha menos para ter os jogos transmitidos pela TV. Segundo resultado: o Campeonato Espanhol vive há anos em uma disputa chata e desinteressante pelo título apenas entre Barça e Real.

Não estou dizendo que o valor das cotas de TV deva ser igual para todos, mas que a diferença entre o recebido por cada clube seja a menor possível, mesmo porque alguns times têm mais exposição na mídia do que outros. Mas muito mais do que isso, é estimular a concorrência por títulos.

Há tempos que nos orgulhamos e enchemos o peito para falar que o Brasileirão é o campeonato mais disputado do mundo. Mas será que a partir do ano que vem continuará sendo? Com Flamengo e Corinthians levando uma fortuna da TV e os outros bem menos?

Na última negociação com a TV, a diferença na receita entre os clubes que receberam mais (Corinthians, Flamengo, Vasco, Palmeiras e São Paulo) e os que ganharam menos foi de 86,6%. De acordo com o edital de licitação do C13 para os próximos três anos, essa diferença será de 75%. Valor muito próximo da Premier League – considerada a mais forte do mundo – que é de 66%.

Não podemos negar que hoje as cotas de TV são responsáveis pelas maiores receitas dos clubes brasileiros, superando até as cotas de patrocínio em alguns clubes. Claro que apenas o dinheiro da TV não faz dirigentes montarem bons times, mas ajuda e muito. Senão não haveria clubes adiantando verba da televisão como tem acontecido nos últimos tempos.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Erro técnico?

O futebol brasileiro tem muito erro de arbitragem, isso ninguém nega. Porém, a maioria das falhas, para não dizer todas elas, é de interpretação das regras. Para quem não sabe, há dois tipos de infrações às leis do futebol.

O primeiro é o erro de interpretação, quando o árbitro interpreta o lance ocorrido. As 17 regras do esporte bretão dão ao árbitro o direito de interpretar se foi falta ou não, se foi pênalti ou não. Este tipo de infração não é motivo para se anular uma partida.

O segundo tipo de infração é o erro técnico, que é a falha que viola a regra do jogo. Um bom exemplo é do jogo pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2006, entre Bahrein e Uzbequistão. Foi marcado um pênalti para o Uzbequistão. Na cobrança, um jogador do time uzbeque invadiu a área. A bola entrou, mas o árbitro marcou tiro livre indireto para o Bahrein, ao invés de mandar repetir a cobrança. A decisão do comandante da partida é soberana, mas está sujeita a sansões. Por isso, a partida foi cancelada e remarcada pelo Comitê Organizador da Copa da Alemanha.

Dito isto, uma imagem que passou em vários telejornais do Brasil me chamou a atenção. Em um jogo entre Havant & Waterlooville e Dorchester Town, pela 5ª divisão do campeonato inglês, um torcedor invadiu o campo. Após “driblar” os seguranças, ele foi contido pelo jogador-treinador do Dorchester, Ashley Vickers que o agarrou pelo pescoço, derrubando-o no chão. Até aí tudo bem.

Mas agora vem o estranho. O árbitro não pensou duas vezes e aplicou o cartão vermelho em Vickers para a revolta do restante do time. Aí eu me perguntei: isso não seria um erro técnico do árbitro? Ou seja, a partida não deveria ser cancelada e remarcada?

A atitude de Vickers foi tomada quando a partida estava paralisada por conta de um ato extra-campo. Penso que o árbitro inventou uma regra de “não agressão a torcedor por parte de jogadores” para expulsá-lo. É de se pensar... no mínimo uma discussão sobre o assunto vale.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Interesses por trás de títulos

Foto: Futebol para Meninas/Lance!
por Fábio Rocha

“Pra mim não muda nada, pois sempre me considerei Campeão Brasileiro”. A frase foi dita por dois mágicos da bola: Tostão e Zico. Além de terem sido grandes jogadores e ídolos nos times em que jogaram, ambos sabem agir e se expressar.

No final do ano passado, o ex-craque cruzeirense não estava nem aí para o reconhecimento da CBF para o título da Taça Brasil de 1966 e, inclusive, não compareceu à festa concedida pelo Cruzeiro aos jogadores da época.

Agora, com o “decreto de lei” do título Brasileiro de 1987 para Flamengo e Sport, o Galinho acompanhou o pensamento racional de Tostão e afirmou que a “canetada” de Ricardo Teixeira não mudará em nada sua vida. Zico e Tostão estão certos. Quem foi campeão sabe da importância do título independentemente do reconhecimento de alguém.

A consideração dos títulos antigos reflete a total falta de credibilidade do mandatário-mor da CBF. Há anos, RT (atenção tuiteiros: significa Ricardo Teixeira) negou reconhecer como Campeonato Brasileiro os títulos do torneio Roberto Gomes Pedrosa e da Taça Brasil, assim como o Flamengo ser, ao lado do Sport, o Campeão Brasileiro de 1987.

De um dia para o outro resolveu acatar os títulos de 1959 a 1970 como Brasileirão para abafar escândalos envolvendo seu nome na Fifa, mas insistia em negar o reconhecimento do Fla campeão da Taça (des)União de 87. Porém, novos interesses fizeram RT voltar atrás e dar o título ao Mengão. O interesse maior é rachar o Clube dos 13, que inclusive já tentou, sem sucesso, criar uma Liga de Futebol independente da entidade de Teixeira.

Esse é o sujeito que comanda a (des)organização da próxima Copa do Mundo. Se a CBF também fosse responsável pelo Mundial de 2014, correríamos o risco de a seleção campeã só ser reconhecida daqui a trinta anos... mas, claro, se fosse de interesse dela.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Semelhança entre artilheiros

por Fábio Rocha

Guilherme de Cássio Alves e Valdir de Moraes Filho, mais conhecido como Valdir "Bigode". Dois jogadores que marcaram época em um mesmo clube. Mas que história liga estes dois artilheiros que estão rumo a um novo caminho na carreira?

Ambos foram ídolos no Atlético, além de terem jogado por Vasco, São Paulo e Botafogo. Os dois tiveram como companheiro de ataque o "garçom" Marques que, para muitos, fez a fama deles no Galo. Um sucedeu o outro no Atlético. Valdir saiu em 1998 e, no segundo semestre de 1999, Guilherme chegou para suprir a lacuna no ataque alvinegro. Em 2003, eles foram ganhar dinheiro no Oriente Médio. Guilherme jogou no Al-Ittihad, da Arábia Saudita, e Valdir decidiu ir para o Al-Nasr, dos Emirados Árabes.

Já o ano de 2007 foi decisivo. Ambos encerraram a carreira de jogador profissional por causa de seguidas lesões. Logo em seguida, Guilherme foi convidado pelo Marília para ser auxiliar-técnico e Valdir decidiu estudar para ser treinador.


Juntos, Guilherme (esq.) e Valdir (dir.) marcaram 196 gols pelo Atlético

E vocês devem estar se perguntando: mas Guilherme e Valdir não chegaram a jogar juntos? Sim e pelo Atlético. Eles se encontraram nos anos 2000 e 2001, quando atuaram ao lado de Marques. Porém o trio não deu certo. Na sua segunda passagem, Valdir não conseguiu repetir a boa forma, marcando apenas um gol.

Agora os artilheiros decidiram seguir o mesmo caminho: ser técnico. Após realizar estágios com Adílson Batista e Vanderlei Luxemburgo, Guilherme iniciou este ano a nova carreira e foi anunciado como novo treinador do Ipatinga para a disputa do Campeonato Mineiro e da Série C do Brasileiro.

Valdir começou como técnico em 2010, no Campo Grande (RJ), e este ano foi contratado pela Associação Desportiva Itaboraí, que irá disputar a 3ª divisão do Campeonato Carioca. Ex-atacantes não têm fama de serem bons treinadores no Brasil. Porém, toda regra tem sua exceção: Renato Gaúcho. Vamos ver se a carreira vitoriosa como goleadores se repetirá ali no banco de reservas, mais precisamente na área técnica.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Lá não é como cá

por Fábio Rocha

No próximo dia 22, o técnico campeão de tudo com o Barcelona na temporada 2008/2009, Josep Guardiola, irá renovar seu contrato, que terminaria em junho deste ano, por apenas mais uma temporada. Uma notícia interessante para nós brasileiros que assistimos a todo o momento treinadores "meia-boca" terem seus vínculos prolongados com clubes grandes por dois ou três anos. Mostra a visão de futuro dos espanhóis. Se a equipe começar a cair de rendimento, a rescisão com o treinador não irá custar tão caro para o clube. Vale lembrar que no meio de 2010, o Barcelona havia renovado com Guardiola pelo mesmo período.

O interessante é que três dias antes de acertar verbalmente a renovação com o time catalão, Guardiola recebeu uma proposta astronômica da Federação de Futebol do Qatar: 20 milhões de euros por ano, cerca de 45,5 milhões de reais, para dirigir a Seleção do país visando a Copa do Mundo de 2022. Só para se ter uma ideia da grana, o valor é, aproximadamente, quanto Messi e Cristiano Ronaldo ganham juntos por ano.


Guardiola optou por ficar no Barça e nem quis comentar proposta
milionária da Seleção do Qatar (Foto: Alessandra Tarantino/AP)

Pep Guardiola não quis trocar o certo pelo duvidoso – ou melhor, pelo o que iria dar errado mesmo – e nem quis comentar a sondagem dos xeques do Qatar. Fez certo, pois lá a sua carreira iria desaparecer dos holofotes da Europa e clubes como Manchester United e Chelsea – que ainda se interessam por ele – poderiam se esquecer da existência do técnico.

Atitude muito diferente dos técnicos brasileiros que aceitam “sumir do mapa” indo treinar equipes do Oriente Médio e países afins por um valor bem mais modesto que o oferecido a Guardiola. Os brasileiros alegam a independência financeira. Mas isso não é tudo.

Pra mim, técnico bom de serviço – o que não é enganador – assim também como o jogador, tem que pensar na carreira. Fazendo um bom trabalho em grandes equipes, o sucesso é maior e o dinheiro também, alcançando novos contratos e mais visibilidade. Ou será que um treinador hexacampeão nacional pelo Al Alhi, pentacampeão pelo Al Gharafa e bicampeão pelo Bunyodkor é visto com bons olhos pelo grande mercado do futebol na hora de contratá-los?

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Profissionais ensinam Estudantes


por Fábio Rocha

Um passeio. Uma aula dentro das quatro linhas. Na goleada por 5 a 0, pela abertura da fase de grupos da Copa Libertadores, os jogadores do Cruzeiro relegaram os argentinos à categoria de estudantes no futebol. O time celeste atuou com objetividade e a maior posse de bola do Estudiantes não refletia em nada.

Claro que a derrota no clássico contra o Atlético foi fundamental para as mudanças promovidas por Cuca, que armou o time com três significativas alterações: Gilberto na lateral-esquerda, Roger no meio e Wallyson no ataque no lugar do então insubstituível Thiago Ribeiro.

Deu certo. O time ficou leve e muito mais rápido nas armações das jogadas. Se a proposta dos “Estudantes” era segurar o jogo no início, não funcionou. O gol de Wallyson logo aos 50 segundos desmontou a estratégia argentina e o jogo fluiu mais fácil.

Lógico que o Cruzeiro irá se classificar no grupo 7. A equipe é a melhor da chave, porém os torcedores não podem se iludir com o resultado atípico. Nem sempre as jogadas vão se encaixar como no jogo de ontem. Mas, pelo menos, o Cruzeiro tirou o peso do algoz da final da Libertadores de 2009 da melhor forma possível: ensinando aos estudantes como jogar futebol.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Memória curta

por Fábio Rocha

Exatamente no dia de hoje faz quatro anos da partida entre Villa Nova e Cruzeiro no estádio Castor Cifuentes, pelo Campeonato Mineiro de 2007 em que o Leão vencia por 2 a 1 até os 49 minutos do segundo tempo quando a Raposa empatou com Nenê. Creio que boa parte dos leitores não se lembra disso, mas tem guardado na memória a pancadaria geral entre torcedores dos dois times e a Polícia Militar. Um despreparo total da PM que abusou da autoridade e machucou muita gente.


PMs invadiram as arquibancadas para contornar o tumulto
dos torcedores (foto: Carlos Roberto - Jornal Hoje em Dia)

Em 2009, a violência se repetiu nos arredores do estádio no encontro das duas equipes pelo Estadual. Desta vez, duas facções da Máfia Azul se enfrentaram nas ruas com pedaços de madeira e pedras obrigando os comerciantes a fecharem as portas dos estabelecimentos.

No primeiro episódio, o Alçapão do Bonfim foi interditado por falta de segurança e lembro-me muito bem que a toda a imprensa criticou bastante as condições do estádio (tanto para a torcida quanto para os profissionais que trabalham nos jogos). Ficaram de dois a três dias falando dos acontecimentos (só não se falou a semana inteira porque tinha clássico Atlético x Cruzeiro no final de semana seguinte).

No meio de tantos assuntos, recordo também que foi levantada a possibilidade de demolição do atual estádio do Villa para a construção de outro mais moderno. Vários jornalistas deram apoio total e condenaram o velho Alçapão, dizendo que o acesso ao estádio era precário, não oferecia estacionamento, que Nova Lima já merecia uma Arena à altura do time da cidade e o local não favorecia o trabalho da imprensa porque era tudo muito apertado etc, etc, etc.

O terreno para a construção do novo estádio já estava definido e seria no bairro Cabeceiras, à esquerda de quem chega a Nova Lima pelo primeiro trevo de acesso. Com 80 mil metros quadrados, o terreno foi doado pela mineradora AngloGold Ashanti. A prefeitura da cidade seria a responsável pela construção da nova Arena que foi orçada em R$ 15 milhões: R$ 10 milhões viriam do Governo Federal e R$ 5 milhões do município. Olhando o projeto creio que o valor não seria suficiente, mas os números divulgados foram estes.


Novo estádio teria capacidade para 20 mil pessoas assentadas

Os anos se passaram e a construção do estádio ficou apenas na promessa. Em entrevista ao site do Villa Nova, em junho de 2007, o então presidente do clube João Bosco Pessoa cravou: “o processo de licitação deve sair provavelmente em agosto, a partir desse período vem as chuvas podendo atrasar as obras um pouco. Mas acredito que em meados de setembro e outubro estreiamos em nosso estádio disputando a série B do Brasileiro que é nosso objetivo”.

Um pouco antes, em abril de 2007, Carlos Roberto Rodrigues, prefeito de Nova Lima e que ainda está no cargo, previa o término da construção para comemorar o centenário do Leão, em 2008. “Estamos prevendo a finalização das obras no meio do ano que vem. Ano em que o Villa Nova completa 100 anos. Será um belo presente para a torcida villanovense”, prometeu o prefeito.

Com design moderno, o estádio contaria com restaurantes e estacionamentos

Este ano a história mudou. No final de janeiro a prefeitura da cidade e a diretoria do Villa projetam algo menos ousado: uma reforma e ampliação do Castor Cifuentes. Entre as mudanças, a principal será a elevação do gramado em cinco metros e a ampliação de seu dimensionamento (104m x 66m). Também está prevista a construção de um novo lance de arquibancadas próximo às cabines de imprensa.

Segundo a assessoria do Villa, o município será responsável pelas obras e o prefeito Carlos Rodrigues elogiou o projeto. (É... assim como também havia elogiado o projeto do novo estádio). E segundo o diretor de futebol, Nélio Aurélio, a obra deve custar em torno de R$ 10 milhões, em uma avaliação inicial.

Pois bem. Mais um jogo se aproxima e no mesmo estádio, envolvendo Villa Nova e Cruzeiro. A diretoria do Villa e as PMs de Belo Horizonte e Nova Lima aumentaram o esquema de segurança e o efetivo de policiais.

No entanto, não ouvi ninguém da imprensa reclamando das condições do estádio e cobrando a nova Arena do Leão, prometida desde 2007, quando aconteceu a confusão entre PM e torcidas. Resta-nos aguardar essa reforma do velho Alçapão. Para quando? Não sei. Talvez seja o mesmo prazo para a conclusão do novo (?) estádio.

Esse é o Brasil... país de memória curta.