sexta-feira, 20 de abril de 2012

É hora de mudar


Com o término da primeira fase do Campeonato Mineiro nos leva a uma pergunta: será que o torneio ainda é atraente para os clubes do interior? Em relação à parte financeira posso dizer que não. Villa Nova, Uberaba, América-TO, Caldense e Democrata-GV, que disputaram o Módulo I do Estadual deste ano, não irão atuar em nenhuma das quatro divisões do Campeonato Brasileiro. Portanto, estão sem o que fazer até o início da Taça Minas Gerais, que pode não acontecer por falta de clubes participantes.

Isso porque Atlético e Cruzeiro estão na Série A, América, Boa Esporte e Ipatinga na Série B, o Tupi subiu para a Série C. Já o Nacional, de Nova Serrana, e o Guarani, 5º e 6º colocados no Mineiro, conseguiram vaga para a Série D do Brasileirão. Além de poucos participantes, a falta de patrocínio é o principal motivo apontado pelos clubes para uma possível desistência na Taça Minas Gerais. Mas caso a competição seja realizada, deve começar em setembro, ou seja, os clubes ficarão inativos por quatro meses e meio.

Falta dinheiro e público diminui

Assim como para o Campeonato Brasileiro da Série A, a divisão da cota de televisão para as equipes que jogam o Módulo I do Mineiro é extremamente desigual. Para jogar as 15 partidas do Estadual, a dupla Atlético e Cruzeiro recebe pouco mais de R$ 5 milhões, o América ganha cerca de R$ 1,8 milhão e cada clube do interior embolsa R$ 300 mil.

Este ano, o Villa Nova, por exemplo, tinha a maior folha salarial entre os clubes fora de Belo Horizonte: aproximadamente R$ 300 mil por mês, justamente o que recebeu da TV para jogar o campeonato. Sem falar que o Leão do Bonfim levou um prejuízo de mais de 20 mil reais em cinco jogos disputados em casa nesta primeira fase do Mineiro, de acordo com o levantamento realizado pelo blog Tabelinha E.C (ver tabela abaixo). Enquanto isso, o rebaixado Democrata-GV corre o risco de fechar as portas para balanço e nem disputar o Módulo II no ano que vem.

Dos 66 jogos da primeira fase do Campeonato Mineiro deste ano, 32 apresentaram prejuízo e outros 32 tiveram lucro. Já duas partidas não tiveram o borderô divulgado: Tupi 0x0 Villa Nova e Villa Nova 0x0 Boa Esporte. No entanto, dos 32 confrontos que apresentaram lucro, 21 envolveram ou Atlético ou Cruzeiro. Então qual a vantagem que os clubes do interior tem se a maioria das partidas proporciona-lhes déficit?

Sem contar que o público só vem caindo a cada temporada. Neste ano, o público total dos 66 jogos da primeira fase foi de 188.701, média de 2.859 pagantes por partida. No ano passado, 236.094 pessoas assistiram aos jogos da fase classificatória. Média de 3.632 torcedores por confronto. Em 2010, com América, Atlético e Cruzeiro jogando no Mineirão, o público total dos 66 jogos da primeira fase foi de 343.308, média de 5.202 por partida.

Com a falta de estímulo do público a ir aos estádios e a falta de grana dos pequenos, a tendência é o campeonato ficar cada ano pior. Se já não chegou a hora de repensar o Campeonato Mineiro, assim como os outros Estaduais pelo Brasil, não sei quando as federações irão mudar.



* Observação sobre esta tabela: Não foram divulgados os Boletins Financeiros das partidasTupi 0x0 Villa Nova, da 5ª rodada, e Villa Nova 0x0 Boa Esporte, da 8ª rodada, por isso não foi computado o lucro ou prejuízo líquido destes confrontos.

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