sexta-feira, 13 de abril de 2012

A bola também pune

Muitas vezes o futebol é generoso com atletas que não possuem tanto talento, mas mesmo assim conseguem um contrato aqui, outro ali e, com isso, vão fazendo o “pé de meia”, e se dando bem na profissão. Mas, outras vezes, a bola pune quem não se dedica 100% ao trabalho que escolheu para exercer.

Um exemplo claro aconteceu ontem com o time do Flamengo, eliminado precocemente da Copa Libertadores. Ainda na fase preliminar da competição, a equipe rubro-negra enfrentou o Real Potosí, da Bolívia. Perdeu o primeiro jogo na altitude, com o adversário jogando mal. Sob a batuta de Ronaldinho Gaúcho, a equipe carioca também teve uma atuação ruim.

Jogar bem não é obrigação de todo atleta, mesmo porque há dias que nada dá certo, mas tem que se dedicar. Na partida da volta no Rio de Janeiro, Ronaldinho Gaúcho, que até então não havia jogado nada na temporada e estava sendo muito cobrado, resolveu desencantar com uma grande atuação e inclusive fez um gol.

Mas essa "melhora repentina" do Gaúcho se deu por dois motivos: primeiro, se não vencesse, o clube estaria fora da competição e cabeças rolariam. Segundo, Ronaldinho estava muito feliz porque conseguiu vencer a queda de braço com Vanderlei Luxemburgo, com quem teve problemas dentro do clube, e, portanto, aquela seria a última partida sob o comando do treinador.

Abraçado por Bottinelli, Ronaldinho Gaúcho lamenta
eliminação do Flamengo (foto: Maurício Val/Vipcomm)

Na fase de grupos, a apatia voltou a tomar conta do elenco flamenguista. Fracas exibições comprometeram a vida do time na competição. No jogo contra o Emelec, em Quito, o Flamengo esteve na frente do placar por duas vezes e ainda conseguiu perder. No Engenhão, vencia o Olimpia por 3 a 0, mas permitiu a reação dos paraguaios e empatou por 3 a 3.

E após a eliminação, o volante Luiz Antonio disse que “Hoje (ontem) fizemos a nossa parte e até o finalzinho do jogo entre Olimpia e Emelec estávamos classificados. No fim de tudo dá para concluir que perdemos a classificação para nós mesmos”.

Por que o Flamengo não jogou assim as outras partidas? Ainda bem que o Luiz Antonio sabe que o Flamengo perdeu para ele mesmo. Mas será que outros atletas conseguem pensar assim? Hein, Ronaldinho?

Roger admitiu ser "desligado em certas partidas"

A falta de vontade em atuar em várias partidas e “comer a bola” em algumas acontece com muitos jogadores no Brasil, por isso Ronaldinho Gaúcho não está sozinho. O meia Roger, do Cruzeiro, admitiu que se sente desestimulado a jogar a maioria dos jogos.

“Às vezes, estou desligado em certas partidas, mas clássico é muito bom. Eu jogo mais nestas partidas, porque dá mais visibilidade. Jogar bem contra as equipes menores não tem a mesma visibilidade”, confessou o jogador após ter entrado muito bem no segundo tempo do clássico contra o Atlético, pelo Campeonato Mineiro, no último domingo.

É mesmo Roger. Deu para perceber, já que você não jogou nada no empate contra a Chapecoense, no jogo de ida pela 2ª fase da Copa do Brasil. Para você, fica o conselho de que o Cruzeiro também precisou do seu futebol nesta partida para eliminar o segundo jogo, o que seria fundamental para amenizar o calendário da equipe.

O jogador tem que aprender que todo jogo vale os mesmos três pontos, seja ele contra o maior rival, em um jogo decisivo ou contra um time menor. Por isso, o empenho tem que ser o mesmo. Os clubes pagam altos salários para atletas de alto rendimento e não para “atletas que rendem quando querem”. E o exemplo tem que vir justamente dos ditos “craques”, o que não vem acontecendo.

É por essas e outras que o futebol brasileiro vem perdendo espaço para Espanha, Holanda e Alemanha no cenário mundial. A bola dá benesses, mas também pune!!!

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