segunda-feira, 30 de abril de 2012

Fim da Série D pode estar sendo forçada


Há duas semanas, presidentes de Federações de todo o país estiveram reunidos em uma assembleia geral com o presidente da CBF, José Maria Marin. Um dos assuntos em discussão foi a possibilidade de acabar com a Série D do Campeonato Brasileiro. A maioria dos mandatários estaduais pensa que o torneio é deficitário e os clubes não conseguem arcar com as despesas. Marin aceitou a proposta, dizendo que encomendou estudos de técnicos para avaliar o melhor a se fazer com a quarta divisão e pediu 30 dias para responder.

Pois bem, daqui a mais ou menos 15 dias saberemos se a Série D deixará de existir no calendário brasileiro a partir de 2014. Até agora alguns clubes como Guarani-MG, Veranópolis-RS e Novo Hamburgo-RS já anunciaram que não têm condições de disputar a quarta divisão, que começa no dia 30 de maio. Mas novas desistências vêm por aí. O Brusque-SC também está perto de desistir.

Assim, com a negativa dos clubes que conquistaram no campo o direito de participar da Série D, a vaga em aberto cai no colo de outros clubes que também alegam não ter condições financeiras para competir. Em Minas Gerais a situação é uma das piores, se não for a pior. Com a desistência do Guarani, de Divinópolis, sexto lugar no Campeonato Mineiro 2012, abriu vaga para a Caldense, 7º lugar, mas que também deve dizer não à Série D.

América, de Teófilo Otoni, 9º lugar, que já desistiu da competição no ano passado deve repetir a decisão caso seja escolhido. O 10º colocado Villa Nova seria o próximo, mas deve declinar pelo mesmo motivo: não tem dinheiro. E os rebaixados Democrata, de Governador Valadares, e Uberaba também dizem não ter condições. A saída encontrada pode ser conceder a vaga ao campeão do Módulo II, a segunda divisão Mineira.

Mas será que esse desinteresse de clubes mineiros, catarinenses e gaúchos em participar da Série D não tem a ver com a proposta feita à CBF pela maioria das Federações para acabar com a quarta divisão nacional? É apenas uma pergunta. Pode ser uma estratégia dos clubes para tentar convencer a opinião pública de que a Série D não é viável. Uma forma errônea, diga-se de passagem.

Mais um ato vergonhoso dos dirigentes do nosso futebol. Ao invés de propor mudanças na competição, se está dando prejuízo, eles acham melhor acabar e inchar a Série C novamente, que hoje conta com 20 clubes, mas que antes da criação da quarta divisão nacional tinha 64. Vale lembrar que a atual Série D tem 40 clubes, ou seja, juntando a quantidade de times das duas divisões não dá o que a antiga Série C possuía. Atualmente, a fórmula é mais enxuta.

No entanto, o maior problema para os clubes é a falta de investimento. Os presidentes das Federações insistem em dizer que a Série D não atrai investidores. O responsável pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, Rubens Lopes, alegou que “Para um clube da série D chegar a série A, são no mínimo três anos. Para um investidor, é um investimento de risco a muito longo prazo”.

Os tais “investimentos”, em sua maioria, são os custos que os clubes têm para jogar o torneio como passagens aéreas e hospedagem. Então, é mais fácil para os presidentes de clubes e federações cobrarem investimento por parte de empresas privadas do que para a CBF.

Por que a entidade não pode custear os itens citados assim como faz nas Séries A, B e C? Aliás, a entidade máxima do futebol não custeava passagens aéreas e hospedagem na Série C até 2008, quando ainda não existia a quarta divisão.

Só a partir da criação da Série D, em 2009, que a CBF passou a cobrir os custos com viagens e hotel. E por que clubes e federações não reclamavam antes? São questões que ficam no ar.

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