sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Memória curta

por Fábio Rocha

Exatamente no dia de hoje faz quatro anos da partida entre Villa Nova e Cruzeiro no estádio Castor Cifuentes, pelo Campeonato Mineiro de 2007 em que o Leão vencia por 2 a 1 até os 49 minutos do segundo tempo quando a Raposa empatou com Nenê. Creio que boa parte dos leitores não se lembra disso, mas tem guardado na memória a pancadaria geral entre torcedores dos dois times e a Polícia Militar. Um despreparo total da PM que abusou da autoridade e machucou muita gente.


PMs invadiram as arquibancadas para contornar o tumulto
dos torcedores (foto: Carlos Roberto - Jornal Hoje em Dia)

Em 2009, a violência se repetiu nos arredores do estádio no encontro das duas equipes pelo Estadual. Desta vez, duas facções da Máfia Azul se enfrentaram nas ruas com pedaços de madeira e pedras obrigando os comerciantes a fecharem as portas dos estabelecimentos.

No primeiro episódio, o Alçapão do Bonfim foi interditado por falta de segurança e lembro-me muito bem que a toda a imprensa criticou bastante as condições do estádio (tanto para a torcida quanto para os profissionais que trabalham nos jogos). Ficaram de dois a três dias falando dos acontecimentos (só não se falou a semana inteira porque tinha clássico Atlético x Cruzeiro no final de semana seguinte).

No meio de tantos assuntos, recordo também que foi levantada a possibilidade de demolição do atual estádio do Villa para a construção de outro mais moderno. Vários jornalistas deram apoio total e condenaram o velho Alçapão, dizendo que o acesso ao estádio era precário, não oferecia estacionamento, que Nova Lima já merecia uma Arena à altura do time da cidade e o local não favorecia o trabalho da imprensa porque era tudo muito apertado etc, etc, etc.

O terreno para a construção do novo estádio já estava definido e seria no bairro Cabeceiras, à esquerda de quem chega a Nova Lima pelo primeiro trevo de acesso. Com 80 mil metros quadrados, o terreno foi doado pela mineradora AngloGold Ashanti. A prefeitura da cidade seria a responsável pela construção da nova Arena que foi orçada em R$ 15 milhões: R$ 10 milhões viriam do Governo Federal e R$ 5 milhões do município. Olhando o projeto creio que o valor não seria suficiente, mas os números divulgados foram estes.


Novo estádio teria capacidade para 20 mil pessoas assentadas

Os anos se passaram e a construção do estádio ficou apenas na promessa. Em entrevista ao site do Villa Nova, em junho de 2007, o então presidente do clube João Bosco Pessoa cravou: “o processo de licitação deve sair provavelmente em agosto, a partir desse período vem as chuvas podendo atrasar as obras um pouco. Mas acredito que em meados de setembro e outubro estreiamos em nosso estádio disputando a série B do Brasileiro que é nosso objetivo”.

Um pouco antes, em abril de 2007, Carlos Roberto Rodrigues, prefeito de Nova Lima e que ainda está no cargo, previa o término da construção para comemorar o centenário do Leão, em 2008. “Estamos prevendo a finalização das obras no meio do ano que vem. Ano em que o Villa Nova completa 100 anos. Será um belo presente para a torcida villanovense”, prometeu o prefeito.

Com design moderno, o estádio contaria com restaurantes e estacionamentos

Este ano a história mudou. No final de janeiro a prefeitura da cidade e a diretoria do Villa projetam algo menos ousado: uma reforma e ampliação do Castor Cifuentes. Entre as mudanças, a principal será a elevação do gramado em cinco metros e a ampliação de seu dimensionamento (104m x 66m). Também está prevista a construção de um novo lance de arquibancadas próximo às cabines de imprensa.

Segundo a assessoria do Villa, o município será responsável pelas obras e o prefeito Carlos Rodrigues elogiou o projeto. (É... assim como também havia elogiado o projeto do novo estádio). E segundo o diretor de futebol, Nélio Aurélio, a obra deve custar em torno de R$ 10 milhões, em uma avaliação inicial.

Pois bem. Mais um jogo se aproxima e no mesmo estádio, envolvendo Villa Nova e Cruzeiro. A diretoria do Villa e as PMs de Belo Horizonte e Nova Lima aumentaram o esquema de segurança e o efetivo de policiais.

No entanto, não ouvi ninguém da imprensa reclamando das condições do estádio e cobrando a nova Arena do Leão, prometida desde 2007, quando aconteceu a confusão entre PM e torcidas. Resta-nos aguardar essa reforma do velho Alçapão. Para quando? Não sei. Talvez seja o mesmo prazo para a conclusão do novo (?) estádio.

Esse é o Brasil... país de memória curta.

Um comentário:

Luciano Moreira Santos disse...

Infelizmente, meus caros, Nova Lima não é exceção a regra. A cidade vive de promessas. A história dessa Arena, tão alardeada, à época, caiu no esquecimento e a cidade perdeu o bonde da história. Com a interdição do Mineirão e do Independência a cidade poderia receber os jogos de Cruzeiro e Atlético. Mas fazer o quê esse é o Brasil e a esperança que a memória torne-se comprida é cada vez menor.