sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Lá não é como cá

por Fábio Rocha

No próximo dia 22, o técnico campeão de tudo com o Barcelona na temporada 2008/2009, Josep Guardiola, irá renovar seu contrato, que terminaria em junho deste ano, por apenas mais uma temporada. Uma notícia interessante para nós brasileiros que assistimos a todo o momento treinadores "meia-boca" terem seus vínculos prolongados com clubes grandes por dois ou três anos. Mostra a visão de futuro dos espanhóis. Se a equipe começar a cair de rendimento, a rescisão com o treinador não irá custar tão caro para o clube. Vale lembrar que no meio de 2010, o Barcelona havia renovado com Guardiola pelo mesmo período.

O interessante é que três dias antes de acertar verbalmente a renovação com o time catalão, Guardiola recebeu uma proposta astronômica da Federação de Futebol do Qatar: 20 milhões de euros por ano, cerca de 45,5 milhões de reais, para dirigir a Seleção do país visando a Copa do Mundo de 2022. Só para se ter uma ideia da grana, o valor é, aproximadamente, quanto Messi e Cristiano Ronaldo ganham juntos por ano.


Guardiola optou por ficar no Barça e nem quis comentar proposta
milionária da Seleção do Qatar (Foto: Alessandra Tarantino/AP)

Pep Guardiola não quis trocar o certo pelo duvidoso – ou melhor, pelo o que iria dar errado mesmo – e nem quis comentar a sondagem dos xeques do Qatar. Fez certo, pois lá a sua carreira iria desaparecer dos holofotes da Europa e clubes como Manchester United e Chelsea – que ainda se interessam por ele – poderiam se esquecer da existência do técnico.

Atitude muito diferente dos técnicos brasileiros que aceitam “sumir do mapa” indo treinar equipes do Oriente Médio e países afins por um valor bem mais modesto que o oferecido a Guardiola. Os brasileiros alegam a independência financeira. Mas isso não é tudo.

Pra mim, técnico bom de serviço – o que não é enganador – assim também como o jogador, tem que pensar na carreira. Fazendo um bom trabalho em grandes equipes, o sucesso é maior e o dinheiro também, alcançando novos contratos e mais visibilidade. Ou será que um treinador hexacampeão nacional pelo Al Alhi, pentacampeão pelo Al Gharafa e bicampeão pelo Bunyodkor é visto com bons olhos pelo grande mercado do futebol na hora de contratá-los?

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