sexta-feira, 2 de março de 2012

Especial Técnicos: em 2012, eles já chegam preparados para serem demitidos

Na última postagem do Especial Técnicos, vou falar da banalização que virou a troca de treinadores em nosso país. No Brasil, a constante troca de técnico está chegando ao ponto de alguns treinadores, antes mesmo de assumirem uma equipe, sofrerem forte rejeição da torcida e, às vezes, até de parte da diretoria. A pressão é cada vez maior pelo resultado imediato.

Exemplos recentes deste descrédito com determinados técnicos são Caio Júnior, no Grêmio, e Vágner Mancini, no Cruzeiro. Ambos já chegaram aos seus respectivos clubes pressionados pela torcida. Caio havia assumido o Tricolor Gaúcho no início deste ano e Mancini na reta final do Brasileiro 2011.

A temporada 2012 mal começou e as vaias apareceram. A diretoria gremista abaixou a cabeça para o coro vindo das arquibancadas e, após oito jogos, anunciou a demissão de Caio Júnior. Foram 4 vitórias, 1 empate e 3 derrotas no Campeonato Gaúcho.

Sem saber,  Caio Júnior foi contratado pelo Grêmio como 'técnico-tampão
 e demitido após oito jogos. (Foto: Ricardo Rímoli/Lancepress!)

Mesmo que seja cedo para avaliar o trabalho do treinador – pois o Grêmio reformulou o elenco –, teriam pesado contra Caio o empate contra o time reserva do Inter, derrotas para equipes inferiores e exibições pouco convincentes nas vitórias. Foram citadas também pela diretoria as dificuldades em definir um esquema tático e em montar um time considerado titular. Luxemburgo entrou no lugar.

Mas a verdade é que a diretoria gremista já desejava contratar Luxemburgo no início de 2012. Não conseguiu por causa da multa rescisória do técnico com o Flamengo. Como quebra-galho, "laçou" o Caio Júnior mesmo e foi "empurrando com a barriga" até Luxa estar disponível, sendo que ele vinha desde o final do ano passado em rota de colisão com a direção rubro-negra e a demissão era questão de tempo.

Então, tudo que foi falado pelos diretores do Grêmio como justificativas para demitir Caio Júnior foram meras desculpas esfarrapadas.

No Cruzeiro, a situação de Vágner Mancini também não é das melhores. O treinador sofre com os protestos de torcedores e com as críticas de parte da imprensa, principalmente pela montagem do time para este ano. Jogadores pouco conhecidos foram contratados e a derrota para o Guarani, de Divinópolis, na estreia do Campeonato Mineiro piorou a situação.

Mesmo sob forte pressão da torcida, Vágner Mancini ainda respira
no comando do Cruzeiro. (Foto: futebol.radiomania.com.br)

Depois disso vieram três vitórias consecutivas. Nem este arranque diminuiu nos torcedores a sede de mudança no comando técnico cruzeirense. No entanto, Mancini continua resistindo e se mantém firme no cargo.

Citei esses dois casos, mas há muitos outros. A cultura do futebol brasileiro da troca do técnico, quando as coisas só começam a caminhar mal, está ficando cada vez mais precoce. A meu ver esse fato é ruim, pois quebra uma sequência de trabalho para iniciar outra que, a princípio, é incerta. E, se o resultado não aparecer, a segunda sequência de trabalho também será interrompida, tornando-se um círculo vicioso.

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