quarta-feira, 14 de março de 2012

Empresas buscam dinheiro fácil e clubes erram no planejamento

Visando diminuir a dependência dos clubes em relação aos grupos de investidores, algumas empresas vêm criando outras formas para contratar jogadores para as equipes. É o chamado 'financiamento colaborativo', onde o torcedor paga uma determinada quantia com o objetivo de arrecadar dinheiro até certa data para a aquisição de um atleta para o clube do coração.

A empresa mais conhecida é a MOP - My Own Player (meu próprio jogador), um site que está na campanha para trazer o volante Wesley, do Werder Bremen, para o Palmeiras por meio de doações de dinheiro dos torcedores, onde o valor mínimo é R$ 100,00. O site é wesleynoverdao.com.br. O pior é que equipes como o Palmeiras, aderem a fórmulas que eu chamo de “nova forma de ganhar dinheiro fácil no Brasil”.

Isso porque o mais interessante é que a empresa responsável pelo site ficará com 10% do valor arrecadado. A informação é de André Barros, responsável pelo My Own Player. A fatia pode chegar a R$ 2,1 milhões caso o Palmeiras consiga os R$ 21 milhões pretendidos até 25 de março. É ou não é uma forma mais fácil de angariar uns milhões por aí?

Reprodução do site My Own Player
Outro site com propósitos semelhantes está em funcionamento em formato experimental (beta) desde o final do ano passado. Porém, diferentemente do MOP, no Clube.me além do clube, o torcedor pode sugerir projetos para os clubes, como a contratação de um atleta, melhorias na infraestrutura, reparos no estádio e no CT, além do absurdo pagamento de “bicho” a jogadores por um título de campeonato. Basta o interessado realizar o cadastro da ideia no site. Bem que previam que 2012 será o fim do mundo...

Reprodução do site Clube.me
Mas voltando ao texto, os administradores do Clube.me vão analisar a proposta cadastrada e caso seja a escolhida, será publicada. A partir de então, a ideia entra em votação. Para vingar, a ideia da contratação de determinado jogador deve atingir a meta de 10 mil torcedores cadastrados aptos a doarem o dinheiro para a campanha.

Quando o objetivo for alcançado, o Clube.me se encarrega de entrar em contato com o clube, que pode apostar na iniciativa ou não. Em caso positivo, o clube informa ao site a data do término da campanha e o valor que precisará arrecadar para que o projeto se concretize.

Depois, ambos divulgam o projeto e os torcedores podem optar por apoiá-lo com qualquer valor a partir de R$ 10,00. Em contrapartida, o site oferece recompensas aos doadores que vão desde boné, meia, gorro e cachecol até a camisa oficial do clube participante. Se o valor sugerido pelo clube for atingido pela campanha, o site faz a entrega e fica com uma porcentagem, que seria acertada com o clube.

Caso o plano dê errado, os doadores ficarão com créditos para outros projetos do site, ou seja, o dinheiro doado não será desbloqueado, diferentemente do MOP que devolve ao torcedor contribuinte o valor retido no cartão de crédito.

Projetos ainda não decolaram

Assim como a campanha do MOP para trazer Wesley para o Palmeiras não está dando certo (após 20 dias, pouco mais de R$ 500 mil, ou 2,6% dos R$ 21 milhões foram arrecadados), as do Clube.me também afundam. O atacante Adriano, dispensado recentemente do Corinthians, está no site para ser votado pelos torcedores que desejam vê-lo no Flamengo. Entretanto, até as 16 horas da data desta postagem, o Imperador atingiu apenas 1% da meta, recendo 134 apoiadores dos 10 mil que gostariam de investir na sua contratação.

Reprodução do site Clube.me
O site ainda conta com votações para investimento em outros jogadores, como a compra dos direitos econômicos do meia argentino Bertoglio, emprestado ao Grêmio (atingiu 25% da meta dos 10 mil votos); pela permanência de Leandro Damião, no Internacional (2% votos); e pela renovação de contrato do Cruzeiro com o atacante Wallyson, que termina no meio deste ano, com 0% da meta alcançada e apenas 4 torcedores que apoiam a causa.

Falta de planejamento dos clubes

E aí vêm os questionamentos. Os torcedores ajudam a comprar o jogador, mas, se depois de um ano, surgir uma boa proposta pelo atleta e o clube o vender? Como ficam os torcedores? Com cara de otário, não é!

Não seria melhor desenvolver um plano de sócio-torcedor, que funciona praticamente da mesma forma, sem contar a renda extra que entraria com cobrança para visitar o museu, restaurante, cinema ou o bar do clube? Tudo isso e ainda por cima não teria que pagar as tais comissões por fora. Mas o pensamento dos nossos clubes é tão pequeno que preferem se entregar a empresas que visam apenas o próprio lucro.

Os clubes já ganham milhões nas custas do torcedor que compra ingresso, produtos originais, pay-per-view... e agora têm que bancar contratações? É muito para o dinheirinho suado do pobre indivíduo que apenas torce por um time de futebol.

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