quarta-feira, 21 de março de 2012

O outro lado dos 100% atleticano

Assim como a economia de um país, o desempenho de um time em campo não pode ser analisado pelos números simplesmente. Quando um país está com a economia aquecida – caso do Brasil que cresceu 7,5% em 2010 e apenas 2,7% no ano passado – a demanda por mão de obra aumenta, a renda dos trabalhadores melhora, o consumo dispara e as empresas comemoram o crescimento.

Porém, há o outro lado. Passado a euforia, o consumo é tão grande que leva à inflação: a oferta de produtos fica menor que a procura e os preços sobem para conter a demanda.

Vejo desta forma o Atlético atual. Em todas as oito partidas que venceu na temporada – sete pelo Campeonato Mineiro e uma pela Copa do Brasil –, me falem uma em que o time jogou um bom futebol e passou confiança à torcida. Talvez no jogo contra o Guarani, de Divinópolis, em que goleou por 4 a 0. Mesmo assim, há dúvidas.

No mais, foram muitos altos e baixos dentro das partidas. Vários momentos de lampejo, ou melhor, de bronca do técnico Cuca para a equipe “pegar no tranco” e se inspirar dentro dos confrontos. Assim foi contra o América-TO, Nacional-NS, Villa Nova e até com o Cene-MS, pela Copa do Brasil. Sem falar na dificuldade em bater o América, com gols nos dez minutos finais. Ressaltando-se que o time americano esteve com um jogador a menos desde o final do primeiro tempo.

Prova disso é o fato de os sete confrontos vencidos pelo Atlético no Estadual, quatro deles terem acontecido após sofrer gol do adversário primeiro. Muitas vezes, parece que o time entra em campo pensando que vai marcar a qualquer momento. Já quando abre uma vantagem de dois gols no marcador, acredita estar bom demais e fica tocando a bola na defesa até acabar a partida. Assim aconteceu nos jogos contra o Boa Esporte e Caldense.

Outro fato preocupante é a estagnação na evolução da equipe. Em comparação com o Cruzeiro, que começou perdendo, mas logo mostrou evolução e, inclusive, vem goleando seus últimos adversários, o futebol apresentado até agora pelo Atlético – mesmo mantendo o time base do ano passado – não dá mostras de que o time irá fluir para seguir longe na Copa do Brasil e muito menos no Campeonato Brasileiro.

Não que o Cruzeiro já esteja melhor que o Atlético. Muito pelo contrário. Os dois têm que melhorar e muito para as disputas nacionais. E, neste momento, ficar prendendo-se a números significa iludir a maioria dos torcedores e não enxergar o que realmente vem acontecendo em campo. Não é sempre que o Atlético vai conseguir jogar mal e vencer, como vem acontecendo.

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