sábado, 24 de março de 2012

Recordes: como não buscar superá-los?

Por Leonardo Diniz*

A terça-feira, 20 de março de 2012, está e estará marcada em todas as publicações que se referirem à história do futebol mundial. Nessa data, no mítico estádio Camp Nou, reduto do orgulho catalão, um rosarino trouxe ainda mais motivos para os ‘culés’ sentirem que estão dividindo com ele um momento mágico.

Na vitória por 5 a 3 do Barcelona sobre o Granada, pela 29ª rodada do Campeonato Espanhol, o atacante de 24 anos anotou três tentos e ultrapassou a lendária marca de 232 gols feitos em jogos oficiais por César Rodriguez. A revisão dos arquivos realizada pelo centro de documentação do clube espanhol descobriu recentemente que a conta anterior que atribuía 235 gols ao ex-jogador estava errada e, com a correção no número, acelerou o caminho a ser percorrido pelo argentino para chegar à marca.

De acordo com o jornalista Paulo Calçade, comentarista da emissora ESPN Brasil, durante o programa Linha de Passe Mesa Redonda da última segunda-feira (19/03), os dados anteriormente utilizados eram baseados no jornal catalão La Vanguardia, veículo de comunicação existente desde 1881.

Independentemente de quaisquer maneiras que se utilizem para apurar a artilharia dos ‘blaugranas’, a constatação de que seu atual camisa 10 demolirá recorde por recorde é bastante real. A velocidade que o habilidoso avante imprimiu para superar em oito anos no time principal do Barça é algo inimaginável, considerando-se que o antigo detentor da artilharia em jogos oficiais havia levado 16 anos para concretizá-la.

O telespectador que acompanha as partidas e as entrevistas do eleito três vezes melhor jogador do mundo percebe em suas falas uma tranquilidade impressionante. O argentino não transparece nenhuma ansiedade em alcançar os números em que a imprensa e seus seguidores ficam atentos nas reportagens diariamente. Parece que, para ele, é normal que eles sejam ultrapassados da forma mais natural possível, como se soubesse quando e como isso acontecerá.

Números

A partir da assunção do primeiro lugar nessa estatística, a busca e os olhares estarão para uma outra contagem: a do número de gols marcados em jogos oficiais e amistosos. Atualmente, de acordo com o sítio OleOle, encabeça essa lista Paulino Alcântara, com 356 tentos assinalados, seguido por Josef Samitier, com 319, César Rodríguez, com 301, e Ladislao Kubala, com 270. E, em seguida, temos o novo capitão de sua seleção, que, com os seis gols anotados pelo Barcelona B, tem 240, vinte a mais do que o sexto colocado, Josep Escola.

No entanto, para o blog La Pelota No Dobla, o atacante número um em estufar as redes com a camisa barcelonista teria alcançado os 369 gols em 357 partidas, durante seus 15 anos de carreira no clube catalão, de 1912 a 1927.

Ainda segundo este endereço eletrônico, o atual camisa 10 teria completado 315 partidas ostentado o manto da equipe catalã e estaria rumando para a inclusão entre os dez que mais atuaram com ela. A liderança é do companheiro de equipe do argentino, o meia Xavi Hernández, que, em 15 anos jogando na equipe B e na principal dos ‘culés’, soma 676 partidas disputadas, já bem à frente dos 548 jogos de Migueli.

Para entrar no seleto clube, o rosarino mira, ainda que não se ouça uma palavra a seu respeito, os 400 jogos de Alexanco, nono colocado nesse ranking. E ele não se manifesta sobre isso precisamente porque seu objetivo é atuar o máximo possível em cada partida para desfilar sua magia que encanta a todo o mundo, ainda que se pondere inúmeras vezes que ele não é desse mundo.

Sem preocupações com recordes

E, dessa forma, continua-se a atuar como um exterminador estatístico e, o mais incrível, sem se preocupar com isso porque, para ele, o que interessa é se divertir com as disputas, como disse certa vez o heptacampeão mundial de Fórmula 1 Michael Schumacher.

Afinal, o que mais poderia pleitear alguém que não necessita provar mais nada em relação ao seu talento? O que deveria esperar um indivíduo que, mesmo em sua modéstia, sabe que se não fizer mais nada de agora em diante ainda assim será lembrado por sua geração e por inúmeras outras que o sucederem?

Foto: Manu Fernández/Associated Press
Bem, resta mesmo tratar o seu jogo como sua atividade mais lúdica em seu Barcelona, que, como diz seu slogan, ‘Mès que un club’ (Mais que um clube, em catalão), e perguntar-se “Recordes: como não superá-los?”. Ah, embora não seja possível alguém que tenha vivido os últimos anos na Terra não saber a quem se referia essa postagem, o nome dele é Lionel Andrés Messi. Guardem esse nome.


* Leonardo é jornalista, responsável pelo blog "Norsk A. Angel e os Conversamentos aleatórios" e colabora para este blog.

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